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1 DE FEVEREIRO DE 1964 3079

Como os futuros. E, pelo menos, preparemos os agricultores de amanhã».

E referiu ainda o caso da Holanda, apontado como país mais progressivo agricolamente, onde o nível técnico é mais elevado.

«Na base de tudo isto está uma instrução profissional de primeira ordem, que obriga todos os horticultores, produtores de flores, fruticultores, o terem um curso elementar de agricultura. E aliado a isso tom, no campo, um técnico agrícola por cada 191 explorações, ou 474 activos na agricultura».

Os Deputados pelos distritos de Entre Douro e Minho expuseram o ano transacto ao Governo a necessidade da criação urgente de, ao menos, uma escola média agrícola, que o ilustre Deputado Dr. Délio Santarém, em oportuna intervenção, preconizou fosse instituída em Santo Tirso, aproveitando as instalações da actual escola elementar.

São certamente bons as razões que apresentou, e continuamos n esperar que não demore a criação dessa escola. Mas por mim penso que, a par dela, há imperiosa necessidade de escolas profissionais de nível elementar localizadas bem no campo, e não em meios urbanos, que possam preparar chefes de empresa agrícola aptos a conduzir esclarecidamente as suas próprias explorações ou as de outrem em que sejam interessados.

O ensino elementar nos moldes actuais afigura-se-me que tende a produzir principalmente aspirantes a funções públicas, ou equiparadas, de difícil enquadramento, alias, e insuficiente qualificação.

Aceito perfeitamente que n escola média se situe junto de meio urbano, embora com as necessárias disponibilidades de campo, até para aproveitar elementos docentes ou as próprias aulas de estabelecimentos médios de ensino oficial ou privado. Seria disparatado que assim não se fizesse, por economia e aproveitamento do professorado. Mas já para o ensino elementar, aproximado do nível primário, impõe-se a sua localização no próprio meio rural, ou até ressuscitando uma iniciativa pertinente, a das escolas rurais. E instituições criadas, instalações disponíveis, não faltarão através dos concelhos.

Lembro, por exemplo, o chamado Instituto de Gondarém, no concelho de Cabeceiras de Basto, que espera utilização eficiente, e melhor não poderia ter. E no concelho de Felgueiras um benemérito, não há muito falecido, o Dr. Luís Gonzaga da Fonseca Moreira, legou um núcleo da valiosas quintas para a instalação de uma escola agrícola, que só virá, no entanto, a concretizar-se, ao que me informavam, após a cessação do usufruto estabelecido em favor de sua viúva.

O essencial é empreendermos, ë depressa, o planeamento e execução de um plano de educação e instrução profissional agrícola capaz de corresponder as necessidades instantes do nosso progresso agro-pecuário.

E a propósito permito-me sugerir a criação de um curso de Enologia anexo à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Portugal é um dos países de maior produção vinícola, e mal se compreende que não exista ainda oficialmente entre nós a especialização era enologia. Há tão - somente agrónomos (e também alguns não agrónomos) que se dedicaram, estudaram e praticaram essa especialidade, em que alguns atingiram alta categoria e renome. E o Porto conta com pelo menos dois laboratórios especializados, em que, a par do trabalho de rotina, se vêm efectuando trabalhos sistemáticos de investigação aplicada de alto interesse: o do Instituto do Vinho do Porto e o da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes.

Não podemos esquecer os particulares pergaminhos do Porto, no que ao vinho respeita, como cabeça de duas vastas regiões vinícolas. Por que não instituir, sob a égide da Faculdade de Ciências da sua Universidade, um curso de preparação no sector enológico, formando ou especializando técnicos de que tanto carece o País?

O Sr. Nunes de Oliveira: - V. Ex.ª, dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Nunes de Oliveira: - Queria discordar de V. Ex.ª, ...

O Orador: - É uma honra!

O Sr. Nunes de Oliveira: - ... apenas no que diz respeito a localização dos estudos que V. Ex.ª, preconiza. Não me parece que fosse a Faculdade de Ciências a mais indicada para esse fim, visto que existem Faculdades e Institutos que têm nos seus cursos disciplinas onde esse estudo se podia perfeitamente integrar. Refiro-me a bromotologia ou, se. V. Ex.ª, quiser, à química bromatológica. Por conseguinte, não me parece a Faculdade de Ciências o local mais indicado para à localização desses estudos.

No Porto e dentro da Universidade apenas temos uma Faculdade, a Faculdade de Farmácia, onde existe uma cadeira, na licenciatura, de. especialização de química bromatológica.

Trata-se de um estudo especializado. Portanto, não está indicada de forma alguma a Faculdade de Ciências, onde se ensina uma química pura.

V. Ex.ª, podia ter-se referido, para a localização desse estudo, no Instituto do Vinho do Porto, onde esse curso podia ser criado, mas de forma alguma a Faculdade de Ciências ou então o Instituto Superior do Agronomia ...

O Orador: - Até pela passada actividade nesse domínio, eu seria levado a pensar no Laboratório do Vinho do Porto ou até no laboratório a que liguei anos da rainha vida administrativa. Mas tenho dúvidas sobre a ortodoxia da solução. Como disse o Sr. Deputado Gonçalves Rodrigues, não é curial que o ensino ande por instituições não docentes..

Cá por mim acho a Faculdade de Ciências uma instituição cheia de pergaminhos para tal. V. Ex.ª, acha que está mal; resolvam os doutos.

O Sr. Nunes de Oliveira: - Com certeza que a Faculdade de Ciências está cheia de pergaminhos. O que não está correcto é n localização desse estudo numa Faculdade de Ciências, onde se ensina uma química pura, não especializada, onde a coisa está perfeitamente deslocada.

O Sr. Gonçalves Rodrigues: - A discussão parece-me um pouco ... astral.

O Orador: - Também me parece.

O Sr. Gonçalves Rodrigues: - Enquanto não surgir um Ministro da Educação que decida aceitar a ideia de V. Ex.ª, julgo prematura a discussão do pormenor.

O Sr. Nunes de Oliveira: - Apenas quis vincar a minha discordância quanto a localização.

O Orador: - Ainda outro apontamento, à margem do ensino técnico.

E consabida a carência de mão-de-obra especializada em quase todos os sectores da actividade nacional, e isto não obstante a reconhecida capacidade de adaptação das