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4008 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 161

bretudo, não se vê bem até que ponto toda essa actividade poderá ser de interesse prático para Timor, ou, para fugir a eufemismos a que sou avesso, não creio que toda essa actividade possa trazer muita coisa de útil à, província. A minha opinião a este respeito é a mesma que o nosso ilustre colega Dr. Bento Levy formulou há poucos dias nesta Câmara acerca do caso de Cabo Verde.

Isto em relação às rubricas excessivamente dotadas e àquelas que parece nem mesmo deverem figurar no Plano de Fomento. Outras há, pelo contrário, muito modestamente dotadas, mas que parece deverem merecer melhor atenção, já por se traduzirem em benefício económico e social rápido e palpável, já porque a província tem possibilidades, com os simples meios de que dispõe, de dar execução imediata aos empreendimentos em questão.

Para abreviar estas notas, vou referir-me em especial a três casos.

No relatório preparatório do Plano de Fomento, o grupo n.º 5 (Pesca) da C. C. S. P. P. I. E., de que foi relator o Sr. Eng.0 Bui Coelho Nascimento (a quem devo felicitar pelo magnífico trabalho produzido), faz, entre outras, as seguintes considerações:

Assim,, a alimentação [da população de Timor] é baseada, fundamentalmente, na produção agrícola, designadamente de cereais, e tubérculos (milho, arroz, mandioca e batata doce) ...

A dieta hidrocarbonada apenas será, deste modo, complementada [...] por reduzido suporte proteico não balanceado, em que, com uma capitação de proteínas de origem animal da ordem de 5 g por dia, será notória, a carência de aminoácidos essenciais.

Tal regime, que, abstraindo da rarefacção de elementos para cálculo mais preciso, se divisa ser o mais deficitário das províncias ultramarinas, constitui um índice inquietante pelo subdesenvolvimento que revela.

E conclui que:

Para atenuar o grave problema da, carência alimentar que ainda persiste [...], poder-se-á consignar ao pescado, a par da expansão agro-pecuária, função básica na melhoria de regime alimentar de que há mister.

O mesmo relatório termina por fazer o cálculo dos investimentos a realizar, apresentando uma estimativa aio montante de 47 400 contos. Desses 47 400 contos, destinar-se-ia: 1700 à modernização de barcos e artes de pesca, 1800 à regularização do consumo interno (distribuindo-se por câmaras de refrigeração e oficinas de salga e secagem) e 6700 à investigação e assistência técnica. Por sua vez, o Plano de Fomento em apreciação consigna: para a primeira finalidade, 2000 contos em vez dos 1700 sugeridos; para a segunda, 2000 em vez de 1800, e para a terceira, 6000 em vez de 6700. Os restantes 37 200 contos da proposta inicial, destinados à instalação de novas empresas de pesca e transformação e à instalação de um entreposto frigorífico em Díli, não foram incluídos no Plano. Ora, como só por si este entreposto frigorífico devia absorver 8000 contos, hão se percebe como a Câmara Corporativa, no seu parecer n.º 19/VIII, dá a entender que tal empreendimento ainda se prevê A verdade é que não se prevê.

Creio que a razão de se ter posto de lado o investimento na criação de empresas e na instalação do entreposto frigorífico reside na perspectiva de se instalar em Timor uma empresa de pesca japonesa. Não sei até que ponto esta solução será aconselhável do ponto de vista político.

A população de Timor não esqueceu ainda por completo os tempos da ocupação nem esqueceu que os primeiros militares japoneses foram para ali, ainda antes da guerra, em trajes civis, como técnicos agrícolas ao serviço da mesma firma nacional que agora irá formar sociedade com a empresa de pesca japonesa. Prudentemente, já o grupo de trabalho n.º 5 da C. C. S. P. P. I. E. previu esse problema e para ele indicou duas alternativas; também prudentemente optaria eu par uma delas. Parece-me assim que mais! valeria investir um tanto mais na pesca, por nossa conta, do que permitir uma nova invasão pacífica, que nos poderá vir a causar muitas preocupações.

Outro caso a apontar í o do turismo. Poderá, à primeira visita, parecer ume- ideia bizarra falar-se em turismo a propósito de uma ilha remota, perdida lá para o Sul do arquipélago da Sonda, mas a verdade é que já a Austrália e a Pacific Área Travei Association estão tão interessadas1 como nós .no desenvolvimento do turismo em Timor. Em justificação deste ponto de vista seja-me permitido reproduzir aqui alguns passos1 de um ofício dirigido erra 19 de Maio passado ao governador de Timor pelo vice-cônsul de Portugal em Sydney, o ilustre timorense Sr. Deolindo da Encarnação:

Os resultados mais interessantes foram os colhidos da conversação com o ,Sr. David Williams, director dos Serviços de Turismo dos Territórios do Norte da Austrália. O movimento de turistas em Darvin, no ano de 1968. foi de 18 874, contribuindo para um crescimento do valor económico de Darwin em £ 2 800 000, representando app. £ 150 por turista.

O ponto que, mais me interessou foi o facto de o Sr. Williams se mostrar muito interessado, calculo, em poder oferecer, provavelmente, .na sua propaganda de Darwin, o nosso Timor como uma das atracções aos seus turistas. Este ponto de vista é também participado pela companhia de transportes aéreos Ansett-A. N.º A...

O nosso Timor oferece melhores condições para o turismo que Darwin.

[...] A nossa beleza natural, o facto de Timor ser para o Australiano um país estrangeiro (ovcrscas), as nossas praias, as possibilidades do desporto da pesca, a que o Australiano é bastante afeiçoado, da- caça, do campismo, do nosso inoerior montanhoso [...], mas, sobretudo, da possibilidade do Duty Free Storo no aeroporto de Baucau, são atracções que certamente levariam puni Timor um grande número de turistas.

Estas afirmações do nosso vice-cônsul em Sydney são já bem expressivas, mas a confirmá-las temos ainda de levar em conta que logo a seguir à reunião da Pacific Área Travei Association -a que assistiu, o próprio primeiro-ministro da Austrália, Sir Robert Menzies- o presidente executivo daquela associação, o Sr. F. Aí. Plake, visitou pessoalmente Timor, com vista a estender à nossa província a área turística do Pacífico. Isto foi em Março passado.

Sobre esta visita, comenta ainda o nosso vice-cônsul em Sydney, em relatório enviado ao governador de Timor:

A visita do Sr. F. Marvin Plake, director, executivo da P. A. T. A., a Timor, acompanhado pelo Sr. K. Davidson, da Trans-Australian Airlines, é um indicativo do interesse que a P. A. T. A. tem pelo desenvolvi-