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20 DE JANEIRO DE 1965 4317

o Luso vale por Êvian ou Fiuggi: Cúria corresponde a Contrixville; os filões de Monte Real emparceiram tom os de Barbazan; Cucos possui lamas de efeito parecido às de Dax ou Bod-Nauheim; as Caldas da Rainha traduzem as possibilidades da fonte de Gréoux Aguas Santas, que lhe estão abstritas, encontrai leio nas de Barèges; Amieira dispõe de nascentes as de Luxeuil; Vimeiro presta-se a confronto com os mananciais italianos de Botaccio; as Terras Salgadas
da Batalha proporcionam a mesma especialização de Salies-de-Béam, nos Pirenéus, assim como a linfa termal da Santa Harta (Ericeira) condiz com os caudais Cestona; as águas do Arsenal utilizadas nos [...] de S. Paulo têm afinidades com as de ALceda-[...] as de Uriage; o Estoril compete com La Toja; posição das fontes de Moura aproxima-se das á Châtel guyon; as Caldas de Monchique permitem valência a estância de Baden; e no vale das encontram-se veios hidrossulfúreos em paridade Aix-la-Chapelle.

O Sr. Délio Santarém: - V. Ex.ª dá-me liceu

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Délio Santarém:-V. Ex.ª, certamente lapso, esqueceu-se das águas sulfurosas dai Cal Saúde, e porque elas são das mais radioactivas de eu gostaria que ficasse aqui este apontamento.

O Orador: - Eu estou a transcrever um trabalho Dr. Ascensão Contrairás ...

O Sr. Délio Santarém: - É das mais radioactivas grupo das águas sulfurosas.

O Orador: - Em território português ultramarinos sentam-se também nascentes com analogia a [...] fontes estrangeiras nomeadamente as águas cabo-verdianos nas do Vinagre, parecidas às de Bussang (Vosges); as angolanas de Moramba, no tipo raro de Vissiugen ([...]) ou Marienbad (Boémias moçambicanas de Goba, com
as características dos filões franceses de Crausac ou no género das águas espanholas de Panticosa, na província a de Huesca, antigo reino de Aragão.
As nossas águas são assim, tanto em quantidade como em qualidade, das melhores que se conhecem em alo o Mundo.
Não foram, pois as águas mineromedicinais nem extraordinário e por vezes insubstituível poder [...] que falharam.
Mas, se não falharam, por que razão então o público e, com ele, os médicos e até o próprio Estado se foram desinteressando dessa riqueza imensa, a ponto de deitarem subir no ar a dúvida do seu valor?
Não se teriam com os problemas da ciência ultrapassado todas as suas potencialidades e reduzido a [...] histórica as suas decantadas propriedades [...]?
Não seria acto de simples rotina, incompatível com evoluir dos tempos, continuar a ser aquista, quantos e tão eficientes medicamentos surgiam no arsenal como drogas miraculosas?
Não se havia, em presença de novas e espantosa; [...], entrado decididamente numa nova era [...] da técnica - que tudo sabia explicar e resolver!
Para quê, então, persistir na valorização de antiquadas [...] naturais, quando, mercê da investigação biológica dos extraordinários avanços da química e da física se assistia já, por intermédio de fármacos artificiais, à derrota dos agentes patogénicos de muitas doenças que ainda ontem se tinham por [...]
A resposta a todas estas interrogações não é difícil.
A técnica tem realmente, resolvido enormes problemas dos nosso:, dias. mas ainda não resolveu todos.
Se é certo que no campo das doenças infecciosas ela pode reivindicar para si valiosos palmares de vitória, no de outros, tais como os das doenças circulatórias, alérgicas e degenerativas, a sua acção tem sido não só menos brilhante mas, até, em certos casos, completamente nula.
A crenoterapia, que nunca incluiu no rol das suas possibilidades curativas as doenças agudas, mas tão-sòmente as doenças deste grupo, nunca sofreu assim qualquer agravo ou diminuição com os triunfos espectaculares dessa técnica.
Pelo contrário, ela tem ido buscar aos laboratórios e à investigação biológica- as razões científicas das suas virtudes terapêuticas, virtudes que o empirismo tinha já revelado, mas que não tinha sabido explicar.
O progresso das ciências tem, assim, servido não só para criar novos meios artificiais de acção na luta contra a doença mas ainda para reforçar a posição dos meios naturais já existentes.
Esta a razão, sem dúvida, por que em grandes e avançados países, como a Alemanha, a França e a Itália, o termalismo, longe de diminuir ou estacionar, tem. pelo contrário, entrado em movimento ascensional que atinge, na actualidade, a casa dos milhões.
E não se pense que essa progressão tem sido lenta: de l 800 000 aquistas que a Alemanha teve em 1955, passou para 3 047 000 em 1963.
No mesmo período, Portugal, com um património hidrológico em nada inferior ao desse extraordinário país, só pôde apresentar os seguintes dados: 41 721 inscrições em 1935 e 51 706 em 1963.
Que enorme diferença!
E que amargura.
Não é uma proporção de 5 ou 6 vezes menos, correspondente à diferença populacional. É uma desproporção de 60 vezes, que quase nos esmaga e nos reduz a nada.
A que atribuir, pois. semelhante situação?
Não sendo devida à baixa quantidade ou inferior qualidade das nossas águas, nem u mudança de rumo da medicina, nem ao abandono europeu de velhos hábitos, qual a razão por que Portugal, e só Portugal (tal como a Espanha, aliás) apresenta, numa Europa pletórica de aquistas, tão baixa frequência nus suas estações termais?

O Sr Délio Santarém: -V. Ex.ª dá licença?

O Orador: - Faz obséquio.

O Sr. Délio Santarém: -Calculo que é só a falta de propaganda das nossas águas no estrangeiro que pode explicar essa falta de concorrência.
Ao contrário, a propaganda das estâncias termais estrangeiras é feita de modo conveniente e, por isso, muitos portugueses vão lá fora tratar-se. Em contrapartida, como não se faz uma propaganda das nossas águas termais, apesar das suas muitas virtudes e qualidades, poucos são os estrangeiros que nos visitam para as utilizar.

O Orador: - Para mim não é só essa a causa, mas outras há ainda.
Que causas particulares existem então para explicar o fenómeno?
As causas específicas também não são difíceis de encontrar.