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4336 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 177

veis de redução, consoante condições acauteláveis e desde que esses interesses tenham raízes de nacionalidade vária.
Não obstante, sou dos que crêem que devemos correr certos riscos. Lá diz o ditado: «Quem não arriscou, não perdeu nem ganhou», e nós precisamos de ganhar, para suportar tão pesados encargos a que a nossa defesa obriga.
Penso que, entre correr certos riscos, enriquecendo a nossa economia através de explorações mineiras concedidas a empresas estrangeiras, ou eliminar esses presumíveis riscos, continuando no marasmo em que nos encontramos, sem grandes possibilidades de evolução no sector mineiro, sem esse auxílio parece não haver lugar a dúvidas quanto à escolha do caminho a seguir.
A evolução dos tempos exige de nós grande dinamismo e resoluções até de certo modo arriscadas, para que não se nos escoem por entre os dedos as oportunidades que nos passam pelas mãos.
Sr. Presidente: A província de Moçambique, cônscia da responsabilidade que lhe cabe, não apenas quanto ao seu desenvolvimento económico, como pela situação difícil que o vizinha Tanganhica está criando, fomentando uma frente inimiga, ali treinada e armada, contra as populações pacificas de Moçambique, o que não constitui segredo para ninguém, reclama para si, do Governo da Nação, resoluções de dimensão nacional que beneficiem as terras e as gentes.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - A multiplicação de indústrias de vária ordem, em número elevado, em toda a província, onde se exige uma presença mais viva do auxílio do Banco de Fomento, será a melheor resposta a dar a quem nos ataca, afirmando, assim, peremptoriamente, que Portugal foi para África para ficar, e ficará sempre.

O Sr. Brilhante de Paiva: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - No aspecto social, um desenvolvimento industrial em larga escala, incrementando as riquezas do subsolo e também no próprio solo, através de métodos mecanizados, em que os serviços de agricultura deverão marcar presença constante com condições especiais que se lhes deve proporcionar, é de relevante importância, para termos possibilidades de absorver as grandes massas de rapazes e raparigas que saem todos os anos das escolas.
O desenvolvimento industrial e agrícola não tem evoluído na mesma dimensão em quo se tem desenvolvido o ensino através das muitas escolas construídas pelo Governo.
Significa isso que se vai criando uma difícil situação futura, que advém da falta de empregos suficientes para a absorção dos elementos preparados nessas escolas.
Este um mal que convém evitar, pelos seus reflexos políticos e pelo enorme campo propício à sementeira de ideias subversivas que pode criar.
Sr. Presidente: Embora o Plano Intercalar de Fomento, que em tão boa hora foi considerado pelo Governo, não tenha dedicado especial atenção às indústrias extractivas no ultramar, cremos, todavia, que, dada a necessidade urgente de evoluirmos, elevando rapidamente o nível económico de Moçambique, o Governo da Nação, através do Ministério do Ultramar, a cuja acção do Sr. Ministro e dos Srs. Subsecretários aquela província muito deve e mais ficará devendo, não deixará de tomar medidas à escala a que o desenvolvimento moçambicano requer.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: -Sr. Presidente: Ao dar o meu inteiro apoio a este aviso prévio quero afirmar que o povo de Moçambique, sem distinções de qualquer natureza, está pronto a dar o seu esforço para o progresso e defesa da integridade territorial, sempre e onde a Pátria o exigir.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Herculano de Carvalho: - Sr. Presidente: Desde há uns dez anos a esta parte venho lendo com autêntica avidez tudo quanto de perto ou de longe se prenda com Timor. Livros descritivos ou críticos, depoimentos de toda a natureza, ensaios, documentos, não digo todos quantos existam, mas pelo menos todos quantos conheço, li-os e analisei-os com o interesse e com o amor de quem está aprendendo algo sobre a sua terra. Ali mesmo, em Timor, por observações e conversas com velhos timorenses e com velhos metropolitanos que hoje são timorenses, fiquei sabendo tanto ou mais que o que me foi dado aprender de tanto documento. Vem isto a propósito para referir que a cada passo, nos textos ou nas conversas, se menciona a potencialidade daquele território no tocante aos recursos riquíssimos do seu subsolo inexplorado.
Já o grande governador Teófilo Duarte se refere especificamente à ocorrência de ouro, cobre e petróleo na província de Timor.
Em 1936, a Allied Mining Corporation, trabalhando para a Asia lnvestment Company, fez um largo trabalho de prospecção geral do território e aí menciona aquelas e várias outras ocorrências de interesse. Muito antigas são ]á as referências à existência de sal-gema, cobre, etc., e em 1811 o vice-rei da índia ordenou o inventário dos jazigos de algumas espécies minerais.
Estamos hoje em 1965, e de toda esta promessa do subsolo de Timor apenas se está colhendo, sem método, e sabe Deus por que processos, uma quantidade irrisória de manganésio.
Ë este o panorama.
Mas não vale a pena determo-nos a criticar o pouco ou o nada que se fez até hoje. O que interessa é o que há para fazer a partir deste momento.
São numerosas as espécies referenciadas em Timor, mas desconhece-se praticamente tudo quanto respeita ao estudo do valor económico dos jazigos.
Sabe-se que há ouro, por exemplo, e sabe-se onde encontrá-lo em pequenos depósitos aluviais. Mas a sua ocorrência nas ribeiras da costa meridional da ilha aconselha a que se procurem os filões no maciço montanhoso metamórfico donde as ribeiras o transportam.
O manganésio está sendo apanhado exactamente come se apanham flores campestres - colhe-se o que aparece à flor do solo; e desconhece-se o que possa interessar sua extracção em bases industriais.
Parece, pois, que haverá que se começar pelo princípio pela prospecção. Enquanto faltarem dados geológicos pertinentes, os trabalhos de exploração não poderá passar dos processos amadorísticos, improvisados, pç que há coisa de dois anos se iniciou, por exemplo, extracção do manganésio. Estes processos apenas E admitem como solução de emergência.
Também no domínio da hidrogeologia se torna necessário proceder a trabalhos de (prospecção. As população das regiões de Baucau e Lautém por exemplo, luta. com falta de água tanto para consumo como para irrigação das várzeas e hortas, e no entanto, o [...] destas mesmas regiões é cortado por cursos de água su