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10 DE MARÇO DE 1965 4481

A Câmara tem, pois, nobilitado o Regime e conquistado o direito ao respeito e admiração do País, que tem acompanhado a sua acção com a maior simpatia.
Posso afirmá-lo e quero repeti-lo bem tem merecida da Nação e não tem que temer as criticas do presente ou os juízos da história, que serão inexoráveis para todos os que tenham responsabilidades na vida pública na hora difícil que o País atravessa.
É certo que saudosistas de um passado que o País repele apresentaram ao Sr. Governador Civil do Porto um requerimento, largamente difundido naquela cidade, em que, à falta de engenho, se permitiram transcrever para argumento favorável à sua petição passagens de discursos aqui proferidos por alguns Srs. Deputados.
Lamento que os Srs. Requerentes, em obediência aos princípios de lealdade, não tivessem feito transcrições mais completas, mas ficámos esclarecidos quanto às intenções de quem assinou o requerimento em referência.
Ficámos, por exemplo, a saber que a um Deputado que mora acima de Braga impressionou que o Algarve estivesse, através da venda de terrenos, a ser hipotecado a ingleses, americanos e alemães.
Custaria agora de dizer aos requerentes, que moram todos, por sinal, abaixo de Braga, que se eles se apoderassem dos selos do Estado hipotecariam não só prata, o que foi padrão do sistema governativo que saudosamente defendem, como todo o nosso património ultramarino, pois todos nós sabemos que só ao completo abandono dos nossos territórios de além-mar conduziram as soluções políticas a que aludem os requerentes. Contra isso se levantaria o País com o mesmo entusiasmo com que hoje apoia a política ultramarina do Governo.

O Sr. Martins da Cruz: - Hipotecavam, não, vendiam!

O Orador: - Tem V. Exa. razão Como jurista que é, encontrou o termo próprio.
A Câmara nunca discutiu Deus, nem a Pátria, nem a família, nem a autoridade, nem o trabalho. Não discutiu Deus porque sabe que, como diz o salmista, o temor de Deus é a base de toda a sabedoria, e conhece que Portugal foi sempre cristão e que foi a nossa vocação missionária que nos levou, e connosco o Evangelho, às cinco partes do Mundo.
Por isso ela tem exaltado tudo o que seja em favor da moral cristã.
Ela não discutiu a Pátria pelo que não chegou ao Governo o seu inteiro apoio às despesas militares que nos tem acarretado a guerra que nos foi imposta, despesas que, por maiores que sejam e por mais que impressionem os ilustres requerentes ao Sr. Governador Civil do Porto, são de absoluto imperativo nacional e a Nação compreende, quer e deseja!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Recordarei, Sr. Presidente, fique na primeira sessão desta Legislativa, quando foi trotada a proposta de Lei de Meios, V. Exa. convidou a Câmara a erguer-se para votar de pé o capítulo que se referia às despesas militares, o que a Câmara fez devotadamente, demonstrando assim o mais alto sentido patriótico.
Recordarei ainda o dia em que o Sr. Presidente do Conselho veio a esta sala denunciar ao Mundo o esbulho de Goa, recebendo então o Sr. Presidente do Conselho a mais estrondosa das aclamações que significava todo o apoio todo o entusiasmo e toda a compreensão da Câmara.
Não discutiu a Câmara a família e por isso aqui se tem pugnado pela reforma do ensino, por uma melhor estruturação das coisas do ensino, pois essa é uma das foi mas essenciais de defender a família, que se sente fortemente ameaçada, pois teme a escola que lhe devolve os seus filhos deformados.
Permita-me V. Exa., Sr. Presidente, que pergunte onde estão os Mários de Figueiredo que moldariam algumas gerações, gerações que ainda são sustentáculos do Regime e da Pátria? Há excepções, bem o sabemos, brilhantes e sacrificadas, e é por isso que quero regozijar-me com o inquérito que anuncia a nota do Ministério da Educação Nacional, que desejaria fosse levado a fim com todas as consequências. Não discutiu a Câmara a autoridade, pois nunca deixou de apoiar o Governo em todas as medidas tendentes a manter a ordem no País e a denunciar abusos e desvios que comprometem a autoridade. Não discutiu o trabalho, pelo que sempre se afirma pelas justas reformas sociais. A Câmara foi fiel aos princípios e balizas que o Sr. Presidente do Conselho nos marcou na cidade de Braga. Ela tem pugnado por uma melhor distribuição da riqueza, de forma a aumentar as possibilidades de dignificação desse trabalho, sem esquecei que, sem se criar riqueza, ela não se pode distribua.
Mas a Câmara foi mais longe. Ela cumpriu mais um dever, e por isso nunca discutiu Salazar, e porque nunca discutiu Salazar, não se agrupou em clãs ou grupos antes acolheu o conselho do Sr Presidente do Conselho no Congresso de Coimbra, quando disse «Discutam, mas não se dividam».
Como disse, estou plenamente convencido de que esta Câmara, e todos os Srs. Deputados, bem têm merecido o respeito da Nação, porque sinto que o País confia neles. Não queria deixar de, ao prestar a V. Exa. as minhas homenagens pela maneira como tem dirigido os trabalhos, prestá-la à libérrima liderança que aqui tem sido exercida, própria da hora que passa e que só dignifica a pessoa que a tem encarnado, liderança sempre acatada com o respeito devido
Sr. Presidente. É possível que eu tenha sido rude na minha maneira de falar. Fui criado à sombra do granito da velha Sé de Braga e quando era pequeno tinha o privilégio de subir as torres e ajudar os sineiros a tocar os sinos, e daí habituei-me à voz do bronze, que é forte e clara. Na minha casa vivia-se num ambiente serrano e a serra é franca e leal. Meus pais recebiam os parentes - minhas tias, tios, primos e primas - que vinham ali de capuchinha na cabeça, sobraçando açafates onde traziam bicas de manteiga, culpadas desta gordura que é hoje meu martírio (risos). À noite, depois de rezarmos o terço, elas fiavam as maçarocas de lã, lã que se destinava aos nossos agasalhos, e eu ouvia contar as cenas da seira, onde os lobos, aos quais os pastores faziam frente, roubavam os cordeiros. Muitos desses pastores eram da minha família.
De todas aquelas histórias havia uma que me impressionava e que constituía como que uma espécie de pergaminho de família um tio que tinha regressado do Brasil, quando lhe puseram em dúvida a intenção das suas palavras, chegou à feira de Basto pegou pela ponta de varapau e varreu a feira de um lado ao outro.
Sr. Presidente! Mais uma palavra apenas de comentário ao discurso do Sr. Presidente do Conselho Um atrevido, mas respeitoso comentário.
O Sr. Presidente do Conselho referiu-se às dificuldades de momento e apelou para que todos os portugueses soubessem vivei com modéstia e suportar os sacrifícios que a hora nos impõe