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4486 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 185

mais evidentes foram, nesse momento histórico, as seguintes.
1.º O veto oposto em relação à ofensiva que Chang Kai-Chek quis lançar, em Novembro de 1945, contra os comunistas chineses, para evitar que estes se apoderassem de enorme quantidade de armas e munições que os japoneses haviam deixado na Manchúria, ofensiva que, certamente, teria esmagado as tropas de Mao Tsé-Tung.
2.º O armistício imposto pelo general Marshall, quando em Agosto de 1946 as forças comunistas se retiravam em desordem perante 100 divisões do Koummtang, armistício este que salvou, pela segunda vez, Mao Tsé-Tung.
Duas atitudes ainda hoje incompreensíveis dos Norte-Americanos perante esta perigosa ofensiva do comunismo internacional.
3 º A supressão dos créditos e o embargo de armas para o Koumintang, pelo Departamento de Estado, por Chang Kai-Chek ter inaugurado, em 14 de Novembro de 1946, uma assembleia nacional sem a participação de elementos comunistas.
Os comunistas aproveitaram esta oportuna trégua para constituírem e armarem novas divisões. O equilíbrio rompeu-se, então, a favor de Mão Tsé-Tung, e quando em Junho de 1947 os exércitos comunistas desencadearam a ofensiva, esta foi de vitória em vitória, até que, em Outubro de 1949, o chefe comunista chinês proclamava a República Popular da China, compreendendo um espaço imenso povoado por 600 milhões de habitantes.
À República Popular tomou logo de início uma atitude de extrema hostilidade contra as potências ocidentais, e, apesar do seu nacionalismo radical, isto não impediu que a China comunista de Mao Tsé-Tung alinhasse com os Russos, convencida como estava de que haveria de substituir, e só ela, o Japão como leader dos povos asiáticos.
A partir de 1950 foram empreendidas uma série de acções para a expansão do comunismo no Sudeste asiático nos países que, recentemente, tinham adquirido prematura independência.
Assim, rebentaram insurreições armadas na Malásia, na Indonésia, na Birmânia, nas Filipinas, etc., e, finalmente, deflagraram as desgastadoras guerras da Coreia e da Indochina, que o Russo aproveitou, e aproveita ainda hoje, para debilitar a economia do Ocidente, especialmente a dos Estados Unidos, e criar, ao mesmo tempo, uma opinião pública desfavorável a intervenções militares no Oriente.
Vejamos agora o que se passou, e está passando, noutros teatros de operações deste guerra revolucionária, especialmente naqueles de maior valia para a Europa - o continente negro e o Médio Oriente -, que pelo seu nível de produção de matérias-primas e valor estratégico no domínio militar constituem posições de real interesse nesta luta que se trava pelo domínio do mundo civilizado.
Foi, de facto, nestes últimos anos que mais se acentuou nesses teatros da guerra revolucionária a ofensiva das forças comunistas, e isto já no período da política internacional conhecido pelo da coexistência pacífica que teve como principais autores o Presidente Kennedy e Kruschtchev, digamos o binário K-K. Estava então já consumado o desastre do Suez e o abandono das principais possessões europeias no Norte do continente africano.
Os dirigentes comunistas consideram que esta fase da evolução do mundo capitalista é fundamentalmente caracterizada pela supremacia absoluta, digamos, do «capital financeiro».
Esta conclusão serviu de fundamento à atitude de estratégia comunista de estimular, por todos os meios ao alcance dos seus agentes, a acentuação de todas as supostas «contradições estruturais das sociedades capitalistas previstas nos planos subversivos de Lenine».
Entre estas «contradições», as mais importantes a realçar são as seguintes:

1) As que se verificam entre o capital e o trabalho,
2) As contradições entre os diferentes grupos financeiros,
3) As contradições entre os interesses económicos das colónias, os dos territórios ultramarinos das nações europeias e as respectivas metrópoles

A primeira gera as lutas sociais e as guerras civis, a segunda as lutas pelas fontes de matérias-primas e por novos mercados, a terceira contradição é causa dominante das guerras coloniais e dos movimentos racistas.
Daí o interesse que o comunismo começou a manifestar por todos os movimentos que pudessem tornar tensos os laços da solidariedade entre as metrópoles, as colónias, as províncias ultramarinas ou os territórios dependentes. Tudo o que pudesse enfraquecer o «sistema colonial do Ocidente» deveria ser assim logo aproveitado, o melhor possível, pelos chefes comunistas, continuando, porém, a União Soviética a realizar o pior dos colonialismos que a história tem registado.
Este sentido da acção demolidora para o Ocidente da insidiosa coexistência pacífica aceite pelo Presidente Kennedy na fatídica reunião de Viena.
O anticolonialismo comunista não provém, assim, de quaisquer preceitos morais (aliás difíceis de conciliar com a dialéctica materialista). E simplesmente uma arma cómoda utilizada no desenvolvimento da revolução mundial, e a sua utilização deve subordinar-se à estratégia seguida em cada etapa.
É claro que o movimento anticolonialista não é fomentado, hoje, somente pela U R S S e, mais recentemente, pela China. De facto, a independência de muitas antigas colónias inglesas, holandesas, francesas e belgas e de territórios sob tutela ou protectorados deve-se também, em grande parte, ao anticolonialismo norte-americano, ao socialismo anglo-saxónico e ainda a certas formas de anticolonialismo maçónico.
Mas veja-se como os dirigentes comunistas, do Kremlin, sabem aproveitar bem a seu favor todas as desinteligências que se manifestam no mundo ocidental. Kruschtchev, num discurso, afirmava, por exemplo, naquele estilo que lhe era tão peculiar, o seguinte.

Aumentam as contradições e a luta entre as potências coloniais pelas esferas de influência, fontes de matérias-primas e mercados para a colocação dos seus produtos. Os Estados Unidos da América esforçam-se por «deitar a mão» às possessões coloniais das potências europeias - o Vietname passa das mãos da França para as dos Estados Unidos e o Congo Belga e a Argélia da Bélgica e da França para as dos Norte-Americanos. É sabido também que dantes as riquezas petrolíferas do Irão se encontravam totalmente nas mãos dos Ingleses, e que agora estes têm-se visto obrigados a partilhá-las, progressivamente, com os Norte-Americanos, lutando, actualmente, os monopolistas dos Estados Unidos para afastar por completo os Ingleses Acentua-se a influência norte-americana no Paquistão e no Iraque, encoberta pela bandeira de «livre iniciativa».

Na realidade, Kruschtchev tinha, em grande parte, razão neste ponto. Os apetites egoístas de certa finança judaica e dos grandes monopólios americanos fizeram e fazem