10 DE MARÇO DE 1965 4485
tenor e da Defesa Nacional. Depois, manobrando no interior da frente nacional, criavam atritos entre os diferentes partidos. Naqueles que se lhes opunham mais tenazmente os chefes eram declarados fascistas ou nazistas e, como traidores, eram detidos. Depois dava-se a infiltração marxista, e por este processo, dentro de pouco tempo, os comunistas achavam-se numa situação de preponderância, o que lhes permitia formar, fàcilmente, o partido único, que inaugurava o novo regime da Democracia popular. Quando, porém, a resistência fosse maior, como aconteceu no caso da Checoslováquia, não hesitava o comunismo em lançar mão do assassinato político ou dos pseudo-suicídios, ou, ainda, dos golpes de Estado, sempre sob a protecção e conselho amigo do pacífico exercito vermelho.
Este método de conquista do poder, porém, falhou redondamente nos países industriais mais evoluídos da Europa não ocupados pelas forças russas.
Em França, onde o partido comunista no momento da libertação tinha uma posição numérica bastante apreciável, De Gaulle conseguiu evitar, mas já muito próximo do abismo, é certo, que o partido comunista Francês tomasse uma posição preponderante, e as formações subversivas militarizadas foram então prontamente desarmadas. De resto em 1945, o próprio Estaline deve de travar as veleidades revolucionárias dos dirigentes do partido comunista francês, com o receio de que uma insurreição comunista armada revelasse demasiadamente cedo os objectivos da sua política e provocasse uma reacção inconveniente para a estratégia preestabelecida para a submissão dos países anglo-saxónicos e muito especialmente para o domínio da América de Norte. Na Itália passou-se evolução semelhante.
Quando no fim de 1916, princípios de 1947, o Kremlin resolveu de novo encarar a sério o problema da sovietização da Europa ocidental, já era, porém, muito tarde. A reacção activa contra a comunização do mundo ocidental tinha-se iniciado em meados desse ano.
Assim, em 12 de Maio de 1947, a doutrina Truman substituía oficialmente a errada política de apaziguamento de Roosevelt, graças às investidas feitas pelo comunismo sobre a Grécia e sobre a Turquia, acções bélicas que acabaram por abrir os olhos aos ocidentais em relação às verdadeiras intenções russas. Os Estados Unidos da América começaram então a fornecer rapidamente armas à Grécia, e já em plena guerra civil, em Novembro desse ano, constituiu-se um estado maior conjunto.
Nos fins de Maio de 1947 os ministros comunistas dos Governos Francês e Italiano eram afastadas das suas funções e os respectivos partidos comunistas entraram em oposição declarada ao regime. Em Junho nesse mesmo ano iniciou-se o célebre Plano Marshall, plano de larga projecção, que teve por objectivo salvar a Europa da miséria económica criada pela guerra. Depois de algumas hesitações, todo o bloco soviético, coma era de esperar, e todos os partidos comunistas do mundo livre, incluindo o movimento comunista português desencadearam uma campanha intensa contra essa medida, que viria a salvar, porém, o Mundo da escravidão, mas que, segundo Estaline, estava destinada apenas a lançar a Europa nas garras do imperialismo (...). A guerra fria tinha então verdadeiramente começado.
O comunismo internacional abria assim um novo período táctico, adoptando em toda a parar uma política de extrema violência, que se revelou principalmente na França e na Itália.
Em Fevereiro de 1948 dá-se o célebre golpe de estado de Praga, mas em Junho seguinte verifica-se, em contrapartida, a rotura de Tito em Moscovo. E é sintomático observar que a Jugoslávia era então, de facto, o único país da Europa oriental que não estava ocupado pelo exército vermelho.
Foi assim traçada a impenetrável «cortina de ferro», que separa a Europa ocidental do bloco dominado pelo mundo eslavo.
A reacção dos países livres contra o comunismo vai-se, contudo, acentuando a pouco e pouco. Em 17 de Março desse ano é assinado o Pacto de Bruxelas, em 16 de Abril o acordo para a O E. C. E. e nesse mesmo mês o Pacto do Atlântico Norte.
O Ocidente vence ainda neste difícil período a crise provocada pelo bloqueio de Berlim, e desde esse momento pode considerar-se verdadeiramente contida na Europa a expansão do imperialismo soviético.
O Kremlin, porém, volta de novo à carga, com a agitação interna em cada um dos países. Por intermédio dos partidos comunistas e das organizações satélites, entre as quais convém citar Conselho Mundial da Paz, Federação Mundial das Juventudes Democráticas, União Internacional dos Estudantes, Federação Internacional das Mulheres Democráticas, Comité Internacional Permanente das Mães, Federação Internacional e Sindical do Ensino, Associação Internacional dos Juristas Democráticos, Federação Mundial dos Trabalhadores Científicos, Organização Internacional de Radiodifusão, Federação Internacional de Resistência, Comité Internacional para o Desenvolvimento do Comércio, são realizadas campanhas gigantescas contra o mundo ocidental, contra os denominados «fautores da guerra», contra a N A T O , contra os armamentos nucleares, etc., utilizando-se todos os meios de influenciar a opinião pública, segundo as mais modernas técnicas psicológicas. Numa palavra, inúmeras organizações pseudodemocráticas de modelo marxista unindo-se contra as antiquadas democracias liberais do Ocidente.
Na França e na Itália novas vagas de greves são desencadeadas pelos partidos comunistas, o mesmo se verificando na Grã-Bretanha, com especial realce a célebre greve experimental no domínio das indústrias eléctricas, que paralisou durante prazo embora curto toda a vida industrial desse grande país.
Vejamos, agora, o que se passou noutros continentes.
Já Lenine afirmara em 1923, depois de ter reconhecido que na Europa não alastrara, como tinha previsto, a revolução bolchevista, que os comunistas deveriam considerar outros teatros de operações, de expansão mais frutuosa, especialmente o continente asiático, e, em primeiro lugar, os países numèricamente mais populosos e de situação económica menos florescente, pois o joio domina sempre as searas de menor viço.
Dentro deste critério foi escolhido pela Rússia o enorme espaço chinês. Julgo, porém, que essa decisão soviética foi erro fundamental e fatal para a sua estratégia revolucionária. A partir desse momento estava, de facto, potencialmente denunciada a possibilidade de a Rússia ter de se bater, mais tarde ou mais cedo, em duas frentes.
Desenvolve-se, também, paralelamente a luta pelo aniquilamento dos mercados e fontes de abastecimento de matérias-primas do mundo ocidental.
Poucos anos volvidos, devido a uma política extremamente contraditória dos mentores do Ocidente, foi dada, porém, realidade ao sonho de Lenine de generalizar à grande Ásia a revolução comunista. De todas as incoerências da política americana quanto ao espaço chinês, as