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10 DE MARÇO DE 1965 4489

armas, organizações de massa (Partidários da Paz, por exemplo), visita de delegações, espionagem para e simples -, a U R S S e a China desenvolvem constantemente a sua influência nestas regiões do Mundo, com um grande luxo de meios e de uma demagogia sem escrúpulos. Trata-se, assim, efectivamente, de uma agressão permanente.
Muitos factos passados entre nós, e que criaram (...) emocionais que a situação económica e social do País em nada justificava, só podem ser compreendidos na sua essência tendo em atenção a estratégia de acção do comunismo internacional O que fica dito esclarece segundo penso, com nitidez, o clima em que se desenvolvera presente ofensiva comunista.
Por outro lado, as ligações que prendem estes vários actos ofensivos com outros da mesma natureza verificados além-fronteiras demonstram bem o carácter extensivo da acção.
Assim, não devemos perder de vista que a tempestade que assola o continente e o ultramar português embora de natureza a classificá-la de invulgar intensidade na escala de sucessos subversivos, é, contudo, apenas corolário de um teorema de mais larga projecção mundial.
Não desconhecendo as suas causas, é possível, julgo, melhor obviar os seus efeitos.
Isto dizia eu em Maio de 1950, quando ainda não tinha deflagrado o terrorismo angolano. Repito-o hoje sem grandes alterações, em Março de 1965.
De então para cá tem-se vindo, de facto, a verificar, passo a passo o que então se antevia.
A penetração russa tem-se verificado, especialmente, através do Médio Oriente e Norte de África, com o objectivo de flanquear, pelo sul as posições da N A T O Para ataque mais directo à América do Norte, lançou ferro no mar das Antilhas e o porta-aviões «Cuba», mesmo em frente das costas norte-americanas. Por outro lado, através de guerras revolucionárias de vários matizes, a Rússia vai ocupando, por forma encoberta, outras posições estratégicas insulares de valor, como Chipre e Malta, no eixo do mar Mediterrâneo, criando, assim possibilidades para dificultar, de futuro os movimentos das esquadras da superfície e submarinas da N A T O
Procura também, e por todos os meios, atinge a solidez política o social da Península Ibérica, ... fundamental na defesa da Europa.
A China Vermelha, por outro lado aparentemente com os mesmos objectivos, segue, porém, trajectória diferente. Apoiada no Leste de África, na Tanzânia, parte daí para lançar movimentos subversivos no Centro do continente negro no Congo Belga e na República de Brazzaville, esta última posição já nas margens do Atlântico, procurando, ainda subverter o Norte da província de Moçambique para, depois, iniciar o ataque envolvente à América do Sul.
Não é, assim, difícil antecipar a indicação do valor que, para a defesa do mundo ocidental e da África do Sul, representam, hoje, os territórios de Moçambique de Angola e da Guiné, e quão avisada tem sido a política do Governo Português de defesa militar, à custa de todos os sacrifícios, dos territórios de Portugal no continente negro. Na realidade, defendemos, nessas paragens não só o solo bendito da Pátria, mas também uma civilização milenária de que fomos e somos principal expoente.
Vejamos agora em poucas palavras, como podemos valorizar debaixo do ponto de vista económico e social a posição dos dois grandes blocos em presença e assim definir o seu peso relativo neste equilíbrio instável que caracteriza o mundo actual. E não vale a pena, na realidade referiu mais aspectos de ordem política ou militar, além dos que já foram enunciados, porque o poder destruidor dos actuais armamentos nucleares, concentrados em um e outro lado da cortina de ferro, num hipotético conflito que se desencadeasse com o uso de meios atómicos, não deixaria certamente no epílogo, nem vencedores nem vencidos, mas apenas o caos generalizado a grande parte da superfície da Terra.
Assim, o acréscimo do número de membros do clube atómico, como hoje é uso dizer-se, ampliado, recentemente, com a inclusão da China Comunista, apenas representa aumento significativo do risco de qualquer política imprudente poder vir a desencadear um tal cataclismo. E isto é especialmente de temer quando esta potabilidade venha a verificar-se a partir de diligentes de um país que abranja extensos territórios povoados por populações numerosas mas susceptíveis de se , dispersar, como é o caso chinês, por largos espaços.
Como definir, então sinteticamente as posições económico-sociais dos dois blocos em presença?
O bloco comunista é, sob o ponto de vista económico, assaz heterogéneo Socialmente não são menos díspares as condições de existência das respectivas populações.
A Rússia, desenvolvendo com os seus sucessivos planos de fomento as infra-estruturas económicas e as indústrias pesadas realizou efectivamente, um trabalho gigantesco de recuperação do atraso em que se encontrava em relação ao Ocidente europeu, quando se deu a comunização do império dos czares.
E embora o seu potencial produtivo seja ainda, aferido em relação às principais indústrias pesadas e possibilidades energéticas inferior ao da Europa ocidental e ao dos Estados Unidos, considerados isoladamente, o que é facto, porém, é que o acréscimo que se tem verificado nestas últimas quatro dezenas de anos sob leva a admitir o seu próximo nivelamento com as regiões mais evoluídas do mundo industrial. Porém, quanto a indústrias de consumo, o atraso mantém-se, de forma que é ainda grande o desnível em relação à posição ocidental.
Relativamente à exploração agrícola dos solos, a colectivização da agricultura resultou em um completo malogro, constituindo apenas excepção, por medidas tomadas nos últimos anos permitindo a milhões de cultivadores a exploração puxada de pequenas glebas, a produção de proteínas animais - principalmente leite e criação avícola -- bem como certos produtos de pequena pecuária, que aparecem boje, de facto, em quantidade avultada no mercado negro.
A deficiência estrutural da agricultura soviética, agravada por maus anos agrícolas, levou este país a exercer forte pressão sobre os países balcânicos situados na fértil região das terras negras, obrigando essas nações a dispor, e por baixo preço, para alimentação do povo russo, de parte apreciável das suas colheitas. E no decurso do passado ano houve mesmo que importar quantidades elevadíssimas de cereal americano e canadiano.
Por outro lado, os camponeses russos - refiro-me aos que trabalham nas propriedades colectivas e nas do Estado - fazem parte da classe com menos regalias da Soviética.
As classes privilegiadas e com níveis de existência e prerrogativas que anulam mesmo grande parte dos primitivos fundamentos igualitários do regime marxista são a classe formada pelos funcionários e aderentes do Partido Comunista, a constituída pelos elementos mais destacados das forcais armadas, a dos técnicos especializados e ainda a dos intelectuais e cientistas do partido