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25 DE MARÇO DE 1965 4625

não só pela quantidade de escolas, como pelo número de alunos e qualidade dos estabelecimentos de ensino. Aqui está um dos argumentos mais válidos para opor vitoriosamente aos que nos atacam. Uma glória e uma força para nós.
Num mundo ainda em formação, como é a África negra, os técnicos desempenham papel preponderante na sua estruturação. E mais os técnicos médios que os superiores, visto que estão mais perto da terra, desempenhar missões de trabalho manual ou b o engenheiro não quer ou não sabe cumprir.
A multiplicação de escolas, principalmente secundárias, em Moçambique impressiona logo o observador mais prevenido. Nos últimos anos a maior parte das certa importância recebeu alguma escola secundária, liceu, escola técnica ou colégio. A frequência tem crescido também a olhos vistos. Só no ensino técnico anual está a engrossar, desde 1958-1959, com oscilam entre os 800 e os 1200. E o mais animador em nenhuma parte o convívio racial se mostra expontâneo e profundo. Nos recreios, nos gabinetes, nas aulas, jogam ou sentam-se lado a lado, ìntimamente irmanados pelo seu estrutural portuguesismo.
Operam verdadeiros prodígios os mestres que se consagram inteiramente à formação desta juventude promissora. No ensino secundário, principalmente no técnico, apesar das privações de toda a ordem, ministra-se formação intensa e esmerada, de raiz bem lusíada pelas condições em que tem de se dar, se verdadeiro sacerdócio.
É tempo de sermos realistas também aqui. Não se compreende que se tenham gasto quantias fabulosas em experiências aventurosas e se deixe a juventude a receber aulas em estabelecimentos primitivos e com capacidade para umas centenas de alunos e a terem de acolher cerca de dois milhares. Tão escassas vêm as verbas orçamentais que nos concedem, que mal chegam para tinta e papel! Não falo de cor. Ando envolvido nesta gloriosa batalha há cerca de vinte anos, com alguma responsabilidade num sector do ensino técnico. Continuarei a pedir até que me ouçam. Não busco o meu interesse pessoal, preocupa-me só o serviço dessa juventude admirável, que há-de erguer, além nós, um Moçambique mais rico e forte, mais indescrutìvelmente unido à metrópole.
Olhem para nós, concedam-nos a ajuda larga de que temos a mais viva necessidade, que ela tudo merece. Sem edifícios que reunam um mínimo de conforto sem material escolar suficiente e eficiente, sem um quadro de professores competentes e bem recompensados, magros serão os resultados das nossas lides escolares.
É o secundário o ensino influente, mais que nenhum outro, uma vez que ele nos oferece técnicos médios, de que a nossa África tanto carece. Não se compreende pois, que se subsidie principescamente (quase diria prodigamente!) outro, superior e bem mais recente, com vencimentos que são dos mais tentadores do País, deixando o ensino técnico a arrastar-se penosamente, às vezes sem orçamento para reparar sequer o material que inevitavelmente se deteriora.
Aí está a que me parece a primeira de todas as necessidades orçamentáveis de Moçambique.
Da última vez que falou ao País, Salazar, em que ficaram como lição mais de admirável filosofia política, afirmou que se ganhou «alguma coisa com o dinheiro do povo, o sangue dos soldados, as lágrimas das mães», nestes quatros anos que levamos de guerra no ultramar Salvou-se a nossa África, na paz que recupera dentro das fronteiras e no prestígio restaurado, fora entre os povos estrangeiros. Mas outra batalha temos agora de travar - o resgate da economia de Moçambique e, mais ainda, a preparação da sua juventude para as missões que a esperam.
Disse.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado

O Sr. Presidente: -Vou encerrar a sessão.
O debate continuará amanhã, à hora regimental, sobre a mesma ordem do dia.
Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Alberto Henriques de Araújo.
Alberto Ribeiro da Costa Guimarães.
António Barbosa Abranches de Soveral.
António Burity da Silva.
António Calheiros Lopes.
António de Castro e Brito Meneses Soares.
Armando José Perdigão.
Belchior Cardoso da Costa.
Carlos Monteiro do Amaral Neto.
Francisco Lopes Vasques.
Henrique dos Santos Tenreiro.
João Nuno Pimenta Serras e Silva Pereira.
João Bocha Cardoso.
Joaquim de Sousa Birne.
Jorge Manuel Vítor Moita.
José Dias de Araújo Correia.
José Luís Vaz Nunes.
José de Mira Nunes Mexia.
Júlio Alberto da Costa Evangelista.
Manuel Seabra Carqueijeiro.
D. Maria Irene Leite da Costa.
Simeão Pinto de Mesquita Carvalho Magalhães.
Tito Castelo Branco Arantes.
Ulisses Cruz de Aguiar Cortês.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Agostinho Gabriel de Jesus Cardoso.
António Augusto Gonçalves Rodrigues.
António Maria Santos da Cunha.
António Tomás Prisónio Furtado.
Armando Francisco Coelho Sampaio.
Augusto César Cerqueira Gomes.
José Guilherme de Melo e Castro.
José Soares da Fonseca.
Manuel Lopes de Almeida.
Purxotoma Ramanata Quenin.
Rogério Vargas Moniz.
Urgel Abílio Horta
Virgílio David Pereira e Cruz.
Vítor Manuel Dias Barros.
Voicunta Srinivassa Sinai Dempó.

O REDACTOR - António Manuel Pereira

IMPRENSA NACIONAL DE LISBOA