4654 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 195
todas as raças, máquinas e aparelhos de fabrico nacional exportam-se já para a Alemanha, para a Bélgica, paia a Itália, para a África do Sul, para os Estados Unidos, para o México, paia a Venezuela e para o Paquistão Os bordados da Madeira decoram as mais lindas montras dos estabelecimentos da 5.ª Avenida, em Nova Iorque, e não tardará muito que as lindas flores daquela ilha, que já começam a aparecer, encham as vitrinas das lojas europeias da especialidade, constituindo um novo motivo de encanto, de propaganda e de atracção
Há que prestar justiça a este esforço comercial, persistente e multiforme, ao qual o Fundo de Fomento de Exportação vem dando um inteligente e valorosíssimo apoio, e sem o qual o valor da produção nacional ficaria notavelmente diminuído
Por iniciativa da Associação Industrial Portuguesa realizou-se recentemente um colóquio destinado a debater os problemas que mais interessam à expansão e ao fomento das exportações e a cuja sessão inaugural presidiu o Sr. Ministro da Economia Pela qualificação das pessoas que intervieram nesse debate e pelo valor dos estudos apresentados, podemos dizer que dele resultaram conclusões e sugestões de alto interesse para o desenvolvimento do nosso comércio exterior, tendo em conta as lições da experiência e as medidas adoptadas lá fora para conquistar e manter mercados
Se é sempre de apoiar tudo quanto se faça para estudar os mais importantes problemas nacionais - como é o de incrementar o nosso movimento exportador- sugerindo ao Governo a adopção das medidas que ao o Poder Público pode tomar, afigura-se-nos que a iniciativa particular teia de continuar a ser a grande propulsora de toda a actividade económica nacional e merecer do Estado um interesse e um cuidado que tem de ser tanto maior quanto maiores forem as dificuldades a vencer e os benefícios de ordem nacional que os empreendimentos particulares possam assegurar
Além destes colóquios de ocasião, deverá haver um colóquio permanente entre o Governo e os que produzem e exportam, e estes ouvidos com maior frequência As negociações, as conferências, os estudos, só a nível oficial e burocrático isolam o País dos problemas E não encorajam nem estimulam os que investem os seus melhores recursos e energias na valorização económica da Nação
Sr Presidente Acaba de aparecer o relatório anual do Banco de Portugal, síntese completa e perfeitíssima da conjuntura interna e externa e publicação bem à altura da importância e do prestígio do nosso primeiro estabelecimento de crédito
Pêlos números agora trazidos a público através do relatório daquele Banco emissor, e a avaliar pelos elementos de informação disponíveis sobre os principais sectores da vida económica nacional, prosseguiu, em 1964, a expansão da produção global de bens e de serviços, mas, em virtude de a progressão verificada nas indústrias transformadoras, de construção e em outras actividades ter sido, em parte, neutralizada pela quebra do sector agro-pecuário, a taxa dessa expansão deve ser inferior à de 1963.
Como aumentaram as importações de bens e de serviços (nomeadamente as importações de mercadorias e as despesas de turismo e transportes), é de supor um aumento apreciável da oferta global E como, por outro lado, aumentaram também as exportações e o volume dos rendimentos formados internamente e das transferências privadas do estrangeiro, não é de admitir que se tenha dado em 1964 uma quebra na procura interna relativamente a 1963.
Em 1964 continuou a expandir-se o crédito bancário O seu nível, no fim do ano, atingiu a cifra de 50 614 000 contos, ou seja mais 6 753 000 contos do que no fim do ano anterior
O relatório do Banco de Portugal diz que a progressão do crédito bancário deve ser seguida com a devida atenção e aquele ser concedido considerando não apenas a solvência dos solicitantes, mas também a utilidade produtiva do dinheiro emprestado E insiste para que, através de estatísticas adequadas, se apure completamente a distribuição específica e sectorial do volume do crédito bancário, a fim de, com melhor conhecimento, se reforçarem as providências de orientação e coordenação de crédito previstas no Decreto n.º 42 641
A expansão dos depósitos à ordem mediu-se por 6 377 000 contos em 1964, contra 4 591 000 contos em 1963. A proporção da reserva de caixa para os depósitos à ordem representava-se no fim do ano por 24,9
Também nas caixas económicas se verificaram no ano último apreciáveis expansões de crédito e de depósitos
Tanto o banco central como os bancos comerciais mantiveram as suas taxas de redesconto, desconto, empréstimos caucionados e depósitos Não sofreram igualmente alterações as taxas aplicadas pela Caixa Geral de Depósitos às suas operações A importância dos créditos a médio e longo prazo outorgados na metrópole por esta grande e prestigiosa organização do nosso mercado financeiro aumentou 440 000 contos
Quanto aos empréstimos hipotecários realizados no País, a importância dos respectivos contratos subiu pouco mais de 2 por cento entre os períodos de Janeiro-Setembro de 1963 e 1964, contra cerca de 10 por cento entre os mesmos períodos de 1962 e 1963 Em contrapartida, o montante dos cancelamentos aumentou 43 por cento, interessando principalmente os prédios urbanos
Aumentaram também os investimentos em prédios Nos períodos de Janeiro-Setembro de 1962 e 1963 andaram à volta de 3 500 000 contos No mesmo período de 1964 subiram para 4 237 000 contos, ou seja cerca de 20 por cento mais do que no ano anterior
Ainda segundo também o relatório do Banco de Portugal, na Bolsa de Lisboa todos os índices médios das quantidades de títulos transaccionados averbaram incrementos significativos, particularmente nas acções das instituições de crédito, das sociedades ultramarinas e das empresas hidroeléctricas
Os índices médios das cotações dos títulos aumentaram em 1964, sendo de 1,5 por cento o acréscimo do índice global dos obrigações e de 13,6 por cento o do correspondente índice das acções A maior parte do índice global adveio dos acréscimos nos grupos de "Ultramarinas" (33,2 por cento), de "Transportes e comunicações" (27,2 por cento), de "Diversos" (16,6 por cento) e de "Hidroeléctricas" (9,6 por cento)
Quanto a preços por grosso, manteve-se a tendência para a alta que vem dos anos anteriores, nomeadamente de "Matérias-primas não alimentares, excepto combustíveis" (12 pontos) e, em menor grau, de "Produtos da indústria química" (4 pontos) e "Alimentação" (3 pontos) Em contrapartida, os preços das "Bebidas, e tabaco" baixaram acentuadamente 11 pontos, em continuação do movimento já verificado no ano precedente
Os índices relativos aos produtos importados do ultramar acusam acréscimos de 4 pontos e os do estrangeiro 3 pontos.
Acusam também alta os índices gerais de preços no consumidor Em Lisboa aqueles índices subiram de 119 em 1963 para 123,2 em 1964 e no Porto de 115,9 para 118,1 Como já aconteceu nos anos anteriores, foram os produtos alimentai es que mais concorram para esta su-