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22 DE ABRIL DE 1965 4791

tuda-se uma maior densidade na cobertura do distrito com Casas do Povo; para já duas vão ser construídas - nos Rosais e nas Velas, ilha de S. Jorge.
Só tenho de formular dois votos um, a felicitar agradecer ao Sr. Ministro das Corporações a sua iniciativa e a formular a esperança de que o anunciado se realize ràpidamente; outro, a manifestar o desejo de o acordo com o Ministério da Saúde relativo ao tratamento hospitalar dos beneficiários da previdência possa ser concluído ràpidamente, a fim de que a vida das Misericórdias, em especial da Misericórdia de Angra do Heroísmo, possa decorrer com menos sobressaltos.

O Sr. Proença Duarte: - Muito bem!

O Orador: - Uma palavra sobre a recuperação da parte da ilha de S. Jorge abrangida pelos tremores de Fevereiro de 1964. O Governo prontamente acorrer apelo das autoridades e das populações do distrito. O Sr. Ministro do Interior e o Sr. Ministro das Públicas, em péssimas condições de tempo, deslocaram-se àquela ilha e, além do apoio moral da sua presença, tomaram no local decisões importantes no sentido de normalizar a vida das populações atingidas. Publicou-se legislação, o Sr. Ministro das Finanças concedeu a importante verba de 21 500 contos, criou-se uma brigada de públicas para planear e dirigir as obras, os Portugueses de todas as parte do Mundo, numa demonstração de solidariedade fraterna, acorreram com dinheiro, roupas e produtos alimentares, as autoridades distritais e a população de Angra deram evidentes provas de sacrifício e de renúncia no sentido de diminuírem os efeitos da desgraça. Presentemente tudo regressou à normalidade e nada surpreenderá se daqui a pouco tempo se vier a encontrar S. Jorge mais bela, mais evoluída, mais dotada de bens materiais do que antes dos tremores de terra.
Finalmente, uma aspiração de cultura, e porque não de maior portuguesismo, que a técnica, e creio que só a técnica, não tem consentido que se realize (paradoxal num mundo em que se diz que a técnica resolve tudo).
0 Rádio Clube de Angra é uma associação de cultura e informação criada pelos Terceirenses de todas as classes, que se mantém à custa das quotas dos seus associados, de uns subsídios da Junta Geral e de uma caixa económica e de uns anúncios que faz.
O Rádio Clube de Angra não visa fins comerciais porque não tem, nem pode ter, administradores a quem pagar, nem dividendos a distribuir - é contra o seu estatuto -, e o próprio pessoal que faz a locução ou monta os programas trabalha fora das horas dos seus empregos e talvez receba uns parcos centos de escudos ao fim de cada mês. Por outro lado, o Rádio Clube de Angra é, no distrito, o único meio contínuo de difusão de cultura e de informação todos os dias vai para o ar e todos os dias dá música e notícias.
A Emissora Nacional, como é sabido, não chega em condições audíveis àquelas terras, e para se saber o que se passa no mundo português é necessário que o Rádio Clube de Angra grave as notícias da Emissora ou as amplifique para que as populações do distrito possam saber as novas do dia. Além disso, o Rádio Clube de Angra tem-se mantido sempre atento e tem colaborado em tudo que respeita ao verdadeiro interesse nacional e fá-lo alegremente, gratuitamente.

O Sr. Gamboa de Vasconcelos: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faz favor.

O Sr. Gamboa de Vasconcelos: - A respeito do Rádio Clube de Angra tenho a acrescentar algumas informações que à minha alma de açoriano me doem grandemente. É que a Emissora Nacional tem um emissor regional nos Açores que não só não se ouve em Lisboa, na América ou no Canadá, mas que não se ouve nas próprias ilhas dos Açores.

O Sr Agostinho Cardoso: - Talvez seja por isso que a Emissora Nacional não pôs ainda um emissor regional na Madeira!

O Sr. Gamboa de Vasconcelos: - O emissor regional dos Açores está localizado na ilha de S. Miguel e, tendo eu assistido este ano à inauguração de novos emissores e perguntado aos técnicos que lá os foram montar qual era o alcance desses emissores, eles responderam-me, com explicações de ordem técnica, mas que não satisfizeram o meu espírito, que esses emissores não chegariam às outras ilhas.
Perguntei-lhes mesmo se eu, morando do outro lado da ilha, a 18 km do emissor e separado apenas por montanhas que não atingem mais de 500 m de altura, o poderia ouvir, e responderam-me «Em certos dias é natural que possa ouvir» ,
Quer dizer que os Açorianos, se não fosse o Rádio Clube de Angra e o Clube Asas do Atlântico, de Santa Maria, que, embora sem ajuda do Estado, se ouvem em todas as ilhas dos Açores, ainda estariam privados de receber, por via oficial, tal benefício.

O Sr Agostinho Cardoso: - V. Exa., Sr. Deputado Sousa Meneses, pode informar-me se nos Açores se ouve bem Rádio Moscovo? É que na Madeira ouve-se maravilhosamente.

O Orador: - Essa maldita emissora ouve-se em toda a parte!

O Sr. Cutileiro Ferreira: - Também o Alentejo tinha a pretensão de ter um posto emissor, mas isso foi-lhe negado por razões de ordem técnica. Mas nós estamos aqui para dizer a verdade, e a verdade é que essa pretensão foi rejeitada única e simplesmente porque estamos sujeitos a grupos de pressão.

O Orador: - Tanto quanto sei, nos Açores não temos ainda o problema dos grupos de pressão Mas o problema que mais me dói é que, para além de tudo isto, existe nas Lajes um posto emissor de radiodifusão estrangeiro, montado com todo o equipamento e potência de que essa nação estrangeira é capaz. Como ele tem bons programas, boa música, está muito actualizado na informação e cobre muitas ilhas dos Açores, acontece que muita gente liga os seus aparelhos de rádio para essa emissora estrangeira, não os ligando naturalmente para a Emissora Nacional, porque não a pode ouvir.
Pois bem: O Rádio Clube de Angra poderia ser uma espécie de antídoto, poderia dobrar a acção da Emissora Nacional, que se tem mostrado impotente, técnica ou materialmente, ou as duas coisas. Isto é importante.
É preciso conhecer bem as ilhas e a mentalidade das suas gentes, que, vivendo em estado de isolamento, têm anseios de cultura e informação e não devem, por interesse nacional, estar sujeitas a pressões e influências de outra natureza que não sejam influências e pressões nacionais.

Vozes: - Muito bem!