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22 DE ABRIL DE 1965 4797

Não podemos admitir que os erros e fracassos da era política constituam uma fatalidade com que tenhamos de nos conformar.
O presidente da Comissão Executiva da União Nacional, o mais categorizado responsável pelo modo de actuar da organização política, ao dar posse, em 10 do corrente à Comissão Provincial de Moçambique deu público testemunho de que bem compreendeu o alcance da passagem do discurso que Salazar proferiu na posse da actual Comissão Executiva, chamando a atenção para a falta de íntimas relações entre o Governo e a União Nacional, condenável por muitos títulos, entre os quais avulta o de enfraquecer o prestígio do Regime, assacando-lhe todos os defeitos e atribuindo a influências pessoais o mérito dos benefícios e do bem que espalha.
O presidente da Comissão Executiva da União Nacional definiu, com justeza, o clima em que as relações entre o Governo e a organização política devem ser vividas.
Urge contudo actuar com entusiasmo, realismo e objectividade, como se propõe fazê-lo o Ministro da Economia proclamando bem alto o desejo de «fazer mais acções que declarações» e estar devidamente elucidado, porque «todos sabemos o bastante para agir»
Em política também devemos saber o bastante l para remediar e não repetir os erros e fracassos que descuidadamente temos cometido.
A fé, a confiança e o optimismo que irradiaram das palavras do Ministro da Economia tiveram o condão de provocar uma onda de aplausos em todos os sectores da actividade económica onde imperava a tristeza e o desânimo, e onde se vive presentemente um surto da esperança.
Gostaríamos de estar a viver o mesmo ambiente de euforia nos palcos da política.
As manifestações de agrado e os aplausos só serão, todavia, dignos de apreço e úteis se forem acompanhados por uma leal e activa colaboração, como é indispensável para vencer as grandes tarefas que se têm de levar a cabo nos difíceis e delicados meandros que são os da política e da economia.
Para vencer não basta o brilho de uma inteligência, a força de uma vontade, os ensinamentos da técnica e as óptimas deduções de uma teoria, também é indispensável ter a disposição de ouvir todos quantos possam ter uma palavra séria e experiente a dizer para melhor decidir e, por último, ter a coragem de executar o decidido, enfrentando interesses e situações criadas que contrariem o bem comum que se pretende atingir.
O Ministro da Economia, nas suas considerações acerca da panorâmica e perspectivas económicas, passou em claro, como se compreende, por não depender do seu Ministério, uma actividade que se processa de momento com a maior incidência no progresso economico e no prestígio da Nação e que tem de ser encarada também com o maior dinamismo e sentido da oportunidade.
Quero referir-me ao turismo, que, não sendo Indústria, agricultura ou comércio, é tudo isto e mais factor de cultura e de compreensão e boas relações entre os povos e os homens.
Para o governar e movimentar não faltam elementos e poderes para o desencadear de uma acção pronta, intensiva e bem orientada, como as circunstâncias reclamam.
No Plano Intercalar de Fomento foram programados investimentos no valor de l 504 000$
Pelo Decreto-Lei n º 46 199, de Fevereiro do corrente ano, foi criado o Comissariado do Turismo, peta reforçar a competência e os meios da acção executiva.
Os observadores atentos e apaixonados pelo seu desenvolvimento têm a impressão de que é demasiado lenia a marcha empreendida desde alguma anos, considerando a obra feita e o solicitado pela pressão dos que nos desejam visitar e não vêm por falta de alojamento e dos que pouco se movimentam dentro do território porque são desencorajados pela insuficiência e incomodidade dos transportes.
O aproveitamento de todos os recursos na universalidade do território português e o estabelecimento de uma escala prioritária para os empreendimentos que demonstrem ser mais reprodutivos a curto prazo são directivas dadas para a economia que se aplicam, igualmente e com a maior propriedade, ao fomento do turismo nacional, que no continente, nas ilhas e ultramar tem distintas particularidades que é necessário exaltar e explorar com n mais perfeito entendimento e o mais objectivo espírito de colaboração e senso de complementaridade.
No turismo continental tem, indiscutivelmente, lugar de relevo a região do Algarve, nomeadamente para atrair Turistas no Inverno.
Toda a gente aqui e lá foi a fala nas suas maravilhas. Raro é o dia que não vêm a lume nos jornais referências das mais agradáveis aos seus encantos naturais, feitas por quem sabe ver e comparar.
O frenesim das transacções sobre os seus terrenos é outra prova insofismável do seu efectivo valor.
Apesar de ser uma realidade palpável e estimada, ainda há cegos que não a querem ver, e estes são os piores, porque chegam, na sua cegueira, a não descortinar que muitos dos seus próprios interesses se situam na esteira dos do Algarve, que é o maior e mais brilhante chamariz para impulsionar em grande número o turismo metropolitano.
Não há, apesar de tudo que milita a seu favor, a noção exacta do lugar que ao Algarve está reservado no conjunto mundial do turismo, quer por parte das estações onerais, quer por parte da iniciativa privada.
Por causa de uns a coisa não anda como deve e por causa de outros quando anda é para a algibeira de estrangeiros.
0 que ali se passa e o que não se passa e devia passar-se é produto de improvisações, nem sempre despidas da pressão de interesses ou de influências, e de inexplicável incompreensão do verdadeiro valor da sua exploração turística e consequências económico-financeiras.
O plano regional de urbanização ainda está no segredo dos deuses Há mesmo quem diga que nunca virá a público e que se irá construindo «segundo e conforme». É destarte que se vão erguendo edificações em lugares que se recomendavam para uso e prazer do público, prejudicando algumas ao mesmo tempo aspectos panorâmicos e o melhor traçado de uma avenida marginal

O Sr. Quirino Mealha: - Muito bem!

O Orador: - Não se dá notícia do que há sobre saneamento, melhoria das comunicações rodoviárias e ferroviárias e do fomento agro-pecuário e da pesca para satisfazer o aumento substancial do consumo dos seus produtos que o movimento turístico faz prever, e que tem na região boas fontes a explorar.
Tudo isto é básico para dar ao turismo no Algarve a estrutura e o apoio para atingir o desenvolvimento que está na mente dos entendidos.
O que se sabe ao certo é que todos os dias se transaccionam terrenos por preços inverosímeis para o entendimento de quem está longe de saber o verdadeiro valor segundo os empreendimentos a que se destinam. Esta