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4854 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 203

véu e que se vai felizmente repercutindo sobre o ensino médio e superior.
Faço votos por que no Orçamento Geral do Estado para 1966 possam ser substancialmente aumentadas as dotações do Ministério da Educação Nacional para que esses problemas possam ser solucionados.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Paulo Cancella de Abreu: - Sr. Presidente: As horas de amargura sofrem-se em silêncio. Simples mente, eu tinha o propósito, que, por divulgado, é um dever, de, antes do encerramento da presente legislatura, ocupar-me ainda de dois assuntos.
Um deles é o centenário da Cruz Vermelha Portuguesa que neste ano decorre e, por este motivo já era digno de referência nesta Assembleia. A escassez do tempo não permite porém mencionar a sua grande acção sob todos os aspectos que a caracterizam; tão grande que não carecia de adjectivos para defini-la e realçá-la.
O outro assunto, aliás relacionado com aquele, refere-se à extraordinária acção assistêncial da Secção Auxiliar Feminina da mesma Cruz Vermelha e à de outras instituições semelhantes, especializando o Movimento Nacional Feminino.
Já na sessão de 25 de Janeiro de 1962 tive oportunidade de referir-me à notabilíssima acção social da mulher portuguesa, desde sempre especificadamente na conjuntura nacional que decorria e decorre. E de tão expressiva e consoladora realidade, cada vez mais revelada, concluí que não era demasiado, antes constituía um dever de justiça e gratidão, assinalar aqui a sua operante acção em variados sectores da vida nacional. E terminei, então, por dirigir-lhe uma sincera mensagem de aplauso e de louvor nas pessoas das distintas senhoras que honrosamente temos por colegas nesta Assembleia e tão brilhante e nobremente sabem ser as intérpretes do pensamento e dos melhores anseios femininos.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O Orador: - E demasiado não é voltar a referir aquela meritória acção, até porque ela está a revelar-se cada vez mais acentuada e relevante, como fruto dos esforços empreendidos através de campanhas persistentes e de exaustivos esforços.
E, como se comemora neste ano o centenário da benemérita Cruz Vermelha Portuguesa, justifica-se plenamente começar por uma referência muito especial à sua Secção Auxiliar Feminina.
Disse-me um dia uma ilustre senhora, pertencente a esta Secção Auxiliar:

Quando é preciso, as mulheres portuguesas sabem dominar as suas próprias fraquezas e contrariedades pessoais, para trabalharem em comum para um fim comum.

Bem exacta e expressiva é esta realidade. Basta contemplar para exemplo a valiosa actividade daquela brilhante Secção desenvolvida no decurso do ano de 1964.
Só nesse ano, 6682 pessoas foram socorridas e beneficiadas pelos diversos modos utilizados por ela, como sejam subsídios, internamentos, medicamentos, rendas de casa, roupas, géneros alimentícios, etc.
Organizou colónias de férias e foram atendidos nos seus centros de saúde, em consultas e tratamentos, o mínimo de 6806 crianças e numerosos adultos, sem referir vacinações, análises, radiografias e intervenções cirúrgicas.
À Secção Feminina da Cruz Vermelha exerce também assídua e variada actividade assistêncial nos hospitais militares e anexos e no serviço de recuperação sob várias formas e ainda na obtenção de emprego para os recuperados. Isto sem falar na assídua troca de correspondência com os soldados em campanha no ultramar, nomeadamente em Angola, e na remessa constante de milhares de encomendas com artigos de toda a natureza.

O Sr. Sonsa Meneses: - Muito bem!

O Orador: - Além de tudo o exposto, que é imenso, há que assinalar ainda, com o destaque merecido e muito especial, a sua notável campanha em prol da construção de casas para pobres; com tal sucesso que, em dinheiro e materiais, ela já excedia no final daquele ano três milhares de contos. Daí resulta que, segundo a informação que obtive, já estão concluídas 156 casas e em construção 238.
É tudo?
Sem dúvida que não é. Mas dúvida também não há de que aquela sua acção vai prosseguir, pois não hão-de faltar-lhe recursos para esse fim.
Na realidade, apesar do muito que se fez, do muito e muito que estão, a fazer também o Estado, através do grande Ministro Arantes e Oliveira, e as Câmaras- Municipais de Lisboa e, Porto e outras, muito está ainda por fazer "obre o problema habitacional das classes mais humildes; problema da maior acuidade e também dos de mais difícil solução,, dados o aumento natural da população e a inextinguível corrente migratória para os grandes centros populacionais. Digo mais: problema de impossível solução radical, visto que estes dois factores impeditivos são uma constante irremovível.
E o embaraço tem-se tornado ainda maior, porque muitos assalariados, que poderiam pagar uma renda modesta em habitações decentes e higiénicas, preferem permanecer em miseráveis tugúrios, por vezes em promiscuidade inconcebível e funesta. Disto foi exemplo a dificuldade que houve em desocupar os chamados "bairros da lata", de que ainda restam alguns vestígios, mais próprios .para pocilgas do que para abrigo de seres humanos.
Era pois muito oportuna, neste ano jubilar da Cruz Vermelha Portuguesa, uma merecida referência ao papel das senhoras portuguesas- na sua Secção Auxiliar.
Mas também é muito justo tornar esta homenagem extensiva a todas as demais instituições femininas congéneres, de entre as quais se deve destacar em alto relevo o Movimento Nacional Feminino.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Merece-o a todos os títulos e seria um pecado olvidar tão modelar instituição, independente do Estado, e destinada a congregar todas as mulheres portuguesas de todas as classes sociais, credos e cores, interessadas em prestar auxílio moral e material aos que estão lutando pela integridade da nossa pátria.
São 62 000 ou mais as inscritas actualmente no território nacional e mesmo na estrangeiro, que irradiam de 637 delegações, com as quais comunicam as dirigentes através das comissões central e provinciais, distritais, concelhias e de freguesia.
Durante 1964, a comissão central prestou assistência moral e material a 70 000 famílias de militares; e é com