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24 DE ABRIL DE 1965 4857

O Orador: - Em pura perda.

Pausa.

O Orador: - Seria bem mais útil para o País que por vezes não se exportasse tanta madeira, desde que o seu preço não seja compensador, do que exportar continuando a pagar os salários que se pagam nessa indústria e continuando o industrial, em certos ramos, a perder dinheiro, consumindo lentamente na sua indústria um património que herdou ou que criou noutros campos de actividade.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem !

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Pinto Bull: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Estão prestes a terminar os trabalhos normais da presente legislatura, durante os quais abordei alguns problemas que me pareceram oportunos e relevantes para a província da Guiné, que aqui tenho a honra de representar, e quase todos relacionados com os quatro sectores que reputo de capital importância para o desenvolvimento de qualquer território em formação: saúde, ensino, fomento agro-pecuário e industrial e bem-estar.
Procurei sempre ser objectivo nas minhas intervenções e evitei enveredar pelo campo da demagogia. Não sei se terei conseguido realizar trabalho proveitoso, mas resta-me a consolação de tudo ter feito para corresponder à confiança que os eleitores da província em mim depositaram.
Na minha última intervenção acerca das Contas Gerais do Estado manifestei a convicção de que o Governo Central, que nunca regateou quaisquer auxílios e assistência às províncias ultramarinas, dentro das nossas fracas limitações materiais e de técnicos, atenderia, logo que fosse possível, à difícil situação económica e financeira em que se encontra a Guiné nestes conturbados tempos que estamos atravessando, porque de contrário só um milagre poderia permitir àquela martirizada província realizar alguns empreendimentos urgentes e que por razões de carência de verbas não tinham sido incluídos no plano de trabalhos do corrente ano.
Longe de mim nessa altura a certeza de que, volvido menos de um mês, teria o grato prazer de anunciar nesta Câmara que o milagre que então profetizava viria a concretizar-se com um volumoso auxílio da Fundação Calouste Gulbenkian, em satisfação de subsídios concedidos à província durante a visita do ilustre presidente daquela instituição, Doutor José de Azeredo Perdigão, em Fevereiro último.
Notícias agora chegadas até mim pelos últimos jornais da província dão-me conta da satisfação e do entusiasmo que reinam em toda a Guiné com o recebimento dos primeiros subsídios concedidos por aquela Fundação e da promessa formal de que os restantes seriam pagos após a entrega dos respectivos projectos ou planos de trabalho.
Foi um verdadeiro milagre que acaba de se verificar nas terras ardentes e sacrificadas da Guiné e que vem contrabalançar, e em parte anular, as dificuldades orçamentais que vinham prejudicando a efectivação de determinados empreendimentos urgentes.
O somatório dos subsídios concedidos atinge 8 897 000$ distribuídos pelos seguintes sectores:

Saúde ............... 4 325 000$00
Ensino .............. 2 802 000$00
Bem-estar ........... l 770 000$00
Total ... 8 897 000$00

importância que permitirá, dentro em breve, dar início à grande parte dos projectos prejudicados por carência de verbas.
Perante um acontecimento de tamanha relevância para a promoção social das gentes da Guiné, não podia deixar de me associar à justa consagração que a população da província tributou ao ilustre presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Doutor Azeredo Perdigão, a quem dirijo desta tribuna as minhas homenagens, e reitero, como filho da Guiné e Deputado por aquele círculo eleitoral, os meus melhores agradecimentos à Fundação Calouste Gulbenkian, pelo vultoso auxílio concedido à minha terra, agradecimento que torno extensivo ao ilustre presidente da benemérita instituição e à sua Ex.ma Esposa pela simpatia e lhaneza de trato com que a todos honraram durante a sua visita à Guiné.

O Sr. Herculano de Carvalho: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faz obséquio.

O Sr. Herculano de Carvalho: - Já agora desejava também aproveitar esta ocasião para juntar, pela parte da província de Timor, um voto de agradecimento à Fundação Calouste Gulbenkian por um subsídio que, embora presentemente ainda não materializado, já está virtualmente concedido, e fazer sentir, não só pela parte de Timor, como também pela de outras províncias ultramarinas, a satisfação com que nós vemos o carinho que a referida Fundação está dedicando ás nossas províncias tropicais.

O Orador: - Muito obrigado a V. Ex.ª Pausa.

O Orador: - Essa visita oportuna e feliz, que acaba de tornar possível a realização de alguns projectos de grande interesse e alcance político na presente conjuntura, teve para mim um outro significado não menos importante e que foi o apoio moral, muito necessário nos tempos conturbados que decorrem e que o ilustre visitante levou aos heróicos militares que combatem nas várias frentes e às populações nativas, que apreciam o diálogo com pessoas importantes oriundas da Mãe-Pátria, nas quais vêem sempre um prolongamento do "Homem Grande de Lisboa", por todos venerado e querido.
Tive a oportunidade de acompanhar o ilustre visitante nas suas deslocações pelas terras da Guiné e é-me muito grato reviver à distância os momentos culminantes dessa visita, que abrangeu não só as regiões calmas e de fácil acesso, como a velha e histórica cidade de Bolama, e o arquipélago de Bijagós, mas também alguns pontos militarmente tidos como difíceis.
Em todos esses pontos o Sr. Doutor Azeredo Perdigão contactou com os chefes nativos, sentiu-se rodeado e acarinhado pela população autóctone, levou um abraço da metrópole e palavras de conforto aos militares que combatem na província e dispensou a toda a população civilizada, metropolitana e nativa, a alegria do seu convívio, sempre acompanhado de uma clareza de conceitos e de um portuguesismo que a todos agradou.
Lembro-me de o ver abraçar um soldado em plena estrada que conduz ao aeródromo de Nova Lamego, quando para ali caminhava com outros companheiros, de regresso a Bissau depois de uma missão de serviço. Não me esqueço da satisfação com que esse soldado recebeu esse abraço fraterno de quem acabava de chegar da metrópole e não conseguiu esconder uma pontinha de lágrima que lhe dês-