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4856 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 203

Isto representa 1,28 horas de trabalhador por metro cúbico de madeira serrada.
O corrente nas nossas fábricas de serração de embalagens e de madeiras para construção civil anda por cerca de 45 horas de operário médio por metro cúbico de madeira serrada, ou sejam 35 vezes mais.
É evidente que esta diferença de produtividade não resulta apenas de organização industrial, mas sim das diferenças de estrutura que a possibilitam, e não sabemos que mais admirar: se a possibilidade de alimentar em matéria-prima uma fábrica que produz 100 m.3 de produtos diários, quando entre nós apenas a décima parte é normalmente possível com relativa segurança, se a diferença impressionante de mão-de-obra empregada.
Não se imporá ,uma revisão de toda a (estrutura no sentido de um melhor. aproveitamento de uma riqueza que temos ao nosso dispor, que o é d.e facto, que interessa a tanta gente mo nosso país e que ainda estamos a pensar em aumentar largamente?
Sr. Presidente: Segundo é voz corrente, existem no Ministério da Economia vários pedidos para a instalação de fábricas de celulose em vários pontos do País.
A nossa riqueza florestal exige que tais fábricas sejam instaladas, a fim de se aproveitar devidamente essa riqueza; contudo, pergunto: está feito o estudo de abastecimento dessas fábricas de forma a aproveitar da melhor maneira a nossa floresta?

O Sr. António Santos da Cunha: -Muito bem!

O Orador: - A sua localização será a ideal em relação às possíveis fontes de abastecimento?
A sua dimensão será a melhor para um óptimo aproveitamento da nossa riqueza florestal?

O Sr. António Santos da Cunha: -Muito bem!

O Orador: - Três perguntas muito simples, aliás até interdependentes, a que era necessário dar uma resposta concreta antes de conceder autorizações menos esclarecidas que possam vir a criar num futuro mais ou menos próximo situações a que depois seja mais difícil dar uma solução justa ou económica. Parece-nos que seria agora a altura de estudar o problema a fundo e não deixar aos peticionários esse encargo, que por eles nem sempre será encarado da melhor maneira, por estarem em jogo outras considerações.

O Sr. Azevedo Coutinho: - V. Ex.ª dá-me licença? O Orador: - Faça favor.

O Sr. Azevedo Coutinho: - Os actuais projectos de arborização estão a ser já elaborados, considerando o ajustamento das espécies às condições do meio físico e dos mercados. Por outro lado, está-se a proceder ao inventário do material lenhoso existente nas matas para se apreciarem as possibilidades de estabelecimento de indústrias nessas regiões. Isso está-se a fazer por processos expeditos, por fotografia aérea.

O Orador: - Muito obrigado pelo esclarecimento tão autorizado de V. Ex.ª, que vem valorizar a minha intervenção.

Pausa.

O Orador: - Com o sentido de aproveitar todas as possibilidades para diminuir os deficits de abastecimento em pasta de papel, fez a O. C. D. E., pelos seus organismos técnicos próprios, um estudo muito interessante em oito países da Europa, dos quais estão publicados os resultados em relação a sete países, por um deles ter pedido a não publicação dos números que se lhe referem.
Trata-se da instalação de pequenas fábricas de pasta de papel com produções de 50 t a 100 t diárias de pasta, cujo abastecimento, portanto, não seria entre nós muito difícil de assegurar e que são largamente rentáveis na sua maioria, apesar dos preços que pagam pela matéria-prima e pela mão-de-obra..
É necessário estudar convenientemente o aproveitamento industrial e a cobertura do País por forma a aproveitar o mais completamente possível a sua riqueza florestal, muito especialmente agora, que tanto se pensa na reconversão florestal de quase 20 por cento da área agricultada, elevando para cerca de 50 por cento do País o terreno florestado.
Veja-se só o caso do Minho a mandar madeira para Cacia ou para Pontevedra, em que o custo do transporte absorve qualquer melhoria de preço ainda possível.
Há muito que se fala na instalação de uma fábrica de celulose na região, mas até hoje ainda não foi possível concretizar essa ideia. Esperemos que não demore muito mais tempo, pois é bem evidente a sua necessidade, tanto para benefício do lavrador como para apoio da indústria de serração ali existente.

O Sr. António Santos da Cunha: -Muito bem!

O Orador: - Com o deficit de madeira ou de produtos de madeira que existe hoje no Mundo, com tendência ainda a aumentar, segundo as estatísticas da F. A. O., temos obrigação de estudar a melhor forma de aproveitamento de madeira de que dispomos por forma a obter em todos os campos á melhor rentabilidade da sua exploração, seja agrícola, seja industrial, seja comercial.
Depois disto, melhorar a produtividade, tanto agrícola como industrial, usando as melhores técnicas, a fim não só de podermos concorrer nos mercados externos como de obter para o País o maior número de divisas através da uma riqueza nacional que ainda tem na sua frente larga margem de aumento na sua contribuição para o rendimento nacional.
Finalmente, a parte comercial. É aquela onde se nos afigura que, mais fácil será de actuar no dia em que o Governo se decida a não permitir que os nossos exportadores se digladiem ingloriamente no estrangeiro, dando a estranhos os benefícios em preços que tanto nos prejudicam, ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... permitindo ao exportador a pressão no industrial, obrigando-o a trabalhar sem lucro ou mesmo até com prejuízo, quantas vezes apenas porque o exportador foi longe de mais na competição inútil com os seus próprios colegas portugueses.

O Sr. Costa Guimarães: - Infelizmente, essa deficiência gravíssima não se verifica só no sector das madeiras.
No mercado dos têxteis, por exemplo, os piores concorrentes dos exportadores portugueses são os próprios exportadores portugueses.

O Sr. Dias das Neves: - Eu sei que no sector das madeiras há diferenças de preços de 9 libras por standard.