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940 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 52

Quanto à escola: há primárias, médias, complementares e superiores. Há oficiais e particulares; há escolas militares, corporativas, técnicas e profissionais; há escolas de reeducação e especializadas.
Há escolas superiores integradas em Universidades e escolas superiores fora da Universidade, etc., e todas estas, e outras dependentes, consoante os casos, de elevado número de dioceses independentes entre si, de variadíssimas ordens religiosas e de, pelo menos, sete Ministérios distintos.
Não é difícil apercebermo-nos de como são difíceis de resolver, em tantas e tão diversas circunstâncias, os problemas das duas instituições em causa e os da necessária ligação da escola com a família.
Mesmo unidas, a família e a escola não podem dispensar, na educação dos jovens que lhes estão entregues, a acção da Igreja.
Mais do que isso, devem desejá-la e solicitá-la, pois é sua missão fundamental ensinar e educar, sendo detentora para tal de uma doutrina velha de séculos, que os ventos da história, quaisquer que sejam, só tornam mais viva a sua verdade o a sua actualidade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Funda-se no amor, palavra que tristemente entre os homens, por respeitos humanos não justificados, só tom utilização doméstica.
E, contudo, define como nenhuma outra a única permanente necessidade do homem, desde que nasce até que morre, t o único antídoto eficiente contra o ódio espalhado por todo o Mundo.
"As coisas da educação", disse em certo momento o Sr. Prof. Galeão Teles, "devem construir um sistema e revestir-se do mais alto espiritualismo, deve nimbá-las e embelezá-las um puro idealismo, todo feito de desinteresse, de abnegação, de sacrifício, de sacerdotal devoção, porque se trata de nada menos do que darmo-nos aos outros, trancarmos de nós próprios o que há-de ajudá-los a formarem-se, a desenvolverem harmoniosa e saudavelmente as suas personalidades, a tornarem-se úteis a si mesmos e à sociedade, a fazerem-se criaturas de Deus dignas do Ser supremo que rege todos os outros seres, visíveis o invisíveis."
Penso eu que só a Igreja pode dar a luz e a força necessárias para pôr em prática esta sã teoria.
A sua intervenção na família pode verificar-se através de toda a sua actividade pastoral e apostólica.
Expressamente, não pode deixar de registar-se na saudável evolução de uma grande parte das nossas paróquias, como preciosa ajuda às famílias e à educação, o notável progresso dado ao ensino da catequese, à realização de cursos de preparação para o matrimónio e aos movimentos de casais, estes também, nalguns casos, fora do âmbito paroquial.
Só há que lamentar que a falta de sacerdotes em Portugal (problema do qual a generalidade dos pais se abstrai, esquecendo que deles depende em boa parte a solução) torne difícil uma mais ampla acção da Igreja junto da família, através de uma maior generalização daquelas e outras actividades apostólicas.
Quanto à, colaboração da Igreja à escola, ela obedece ao exercício de direitos reconhecidos e a especiais prerrogativas já indicadas.
A sua acção faz-se sentir, por um lado, através dos estabelecimentos de ensino que funda, mantém e directamente orienta.
São, infelizmente, poucos para as necessidades do País, por isso bem desejaríamos vê-los multiplicados.
Mas tem faltada à Igreja, neste particular, o necessário apoio do Estado, na amplitude conveniente e justa, apoio que se preconiza expressamente na Constituição Política e na Concordata e que se torna indispensável para que os pais possam efectivamente usar do direito de opção para os seus filhos entre o ensino estatal e o religioso.
Mais largamente se faz sentir a acção da Igreja através do ensino da religião e da moral nas escolas elementares, complementares e médias, do qual ensino a Igreja é responsável.
Neste segundo aspecto da contribuição da Igreja à escola, é aquela que está em falta.
Há permanentemente muitos lugares por ocupar de professores de Moral, portanto muitas dezenas de jovens privados da fundamental disciplina do seu plano de estudos, pois é a única da qual, com ou sem professor, têm de prestar provas todos os dias.
E, a agravar esta circunstância, verifica-se, algumas vezes, que as pessoas incumbidas pela Igreja do ensino da religião e da moral não possuem preparação didáctica, nem. conhecimentos pedagógicos, para a formação dos jovens. Casos há em que, pouco conscientes da sua elevada missão, a sua acção é até por vezes contrária aos interesses da Igreja e da Nação.
Anote-se, ainda, que em muitos casos em que os professores de Moral são sacerdotes, para além do ensino das disciplinas atrás indicadas nas turmas que lhes são distribuídas, esquecem que outras missões devem ser realizadas junto do aglomerado populacional dos estabelecimentos de ensino onde estão colocados, pelo que a presença da Igreja na escola não se faz sentir em todos os possíveis aspectos e circunstâncias, como seria para desejar.
Estas deficiências que afectam a educação da juventude seriam certamente muito menores se um competente serviço de inspecção da Igreja à actividade dos professores de Religião e Moral levasse ao conhecimento da hierarquia os gravíssimos erros que se estão a praticar neste particular.
A responsabilidade assumida pela Igreja nesta matéria, que, aliás, lhe advém por direito indiscutível, impõe-lhe, creio eu, no momento presente, em face do crescimento constante da população escolar e das considerações postas, uma cuidada e urgente revisão do assunto.
Depois do meio familiar e do meio escolar, teremos de ter presente o meio onde trabalham os jovens cuja preparação escolar não passa da classe primária.
O grupo é significativamente numeroso, e o meio onde trabalha, muito variado.
No escritório, na oficina, na fábrica, no campo, na loja, no café, no hotel, no clube nocturno, por toda a parte há jovens, no difícil período da adolescência muitas vezes sem lar, mais ainda, sem qualquer contacto com a Igreja e sujeitos a muitos perigos morais.
Quem educa estes jovens? Quem se preocupa com esta riquíssima parcela da comunidade portuguesa, à qual é, quando crescida, solicitada, dentro das suas possíveis aptidões, a colaboração activa no progresso nacional e exigida a total dedicação à Pátria?
Nestes jovens, em muitos casos entregues a si próprios, a educação chega-lhes apenas através dos seus patrões ou dos seus companheiros de trabalho, anais ou menos adultos, ou pelos jornais, pela rádio, pelo cinema, pelo teatro e pela televisão.
Ficarão, naturalmente, mal educados, se alguém não zela para que escolham os melhores companheiros, prefiram as melhores leituras, sintonizem os rádios para as melhores estações e vejam os melhores espectáculos.
Preocupa-se o Estado com estes jovens?