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21 DE JANEIRO DE 1967 1089

(...) ilustres oradores se terem longa e proficientemente ocupado dos problemas de formação política nas várias sessões até agora decorridas, e não significa, de modo algum, que considere a informação mais importante do que a actividade formativa da escola e das organizações de juventude.
O outro apontamento a que me refiro diz respeito à questão da legitimidade.
Na verdade, o Sr. Dr. Braamcamp Sobral abordou o problema quanto à educação em geral e como acabo de afirmar, dou a minha adesão ao seu ponto de vista que é o da legitimidade da educação- direito dos Portugueses, obrigação do Estado.
Contudo porque a alguns pode parecer delicada a matéria por se tratar de política, desejo deixar bem claro que não vejo qualquer razão válida no sentido de excluir esta espécie de educação do poder funcional que ao Estado cabe. Pelo contrário como daqui a pouco terei ocasião de defender, o exercício daquele poder por forma eficaz é indispensável em ordem à salvaguarda dos nossos interesses primordiais.
Qual é a importância da preparação política de um jovem que acaba o seu curso secundário e se prepara para ingressar numa carreira profissional ou vai iniciar um curso universitário?
Se exceptuarmos os que tiverem optado pelos estudos superiores e, ainda assim se os dos cursos de humanidades e ciências sociais, verificamos entrar a maior parte dos jovens na idade adulta quase inteiramente desarmados para resistir a uma das mais perigosas formas de ataque à capacidade de resistência da comunidade nacional.
E a experiência e a observação parecem demonstrar que tal carência não é suprida a maior parte das vezes pela posse de um diploma universitário, que, muitas vezes também não é atenuada pelo alto nível cientifico, artístico ou profissional das vitimas. E que a auto-educação (no sentido de educação sem guias qualificados), feita ao sabor de leituras de acaso ou de bem intencionadas propagandas, raramente fornece uma sólida armadura política.
Contaram-me há tempos uma história que ilustra um pouco o que acabo de dizer.
Uma notável figura da inteligência portuguesa conhecida quer pelo seu elevado valor profissional, quer pelas suas opiniões extremistas em (...) política, teria afirmado, no começo da Segunda guerra mundial por alturas do pacto germano-russo, que Estaline lograra converter os dirigentes do nacional-socialismo a doutrina marxista.
Bem sabemos que é fácil julgar os (...) dos homens a uma distância de mais de vinte anos e depois dos acontecimentos em que participaram ou a que assistiram, mas há em todo o caso limites que só uma deformação facciosa (...) em espíritos indefesos pode explicar.
E quantos portugueses bons chefes de família, bons cidadãos de inteligência normal, se não têm impressionado, não têm hesitado e até vacilado ante a ofensiva ideológica movida do exterior contra as nossas posições, não obstante os ataques serem bastantes vezes grosseiros e os argumentos primários.
Não é chocante apercebermo-nos de como certas ideias de alteração do regime de unidade nacional em que vivemos conseguiram guarda na animo de alguns que no entanto estão ingenuamente convencidos da eficácia de tal remédio em relação à guerra de que somos alvo?
Do pouco que conheço de alguns outros países da Europa com os quais temos afinidades, não creio que a situação seja em linhas gerais diferente da que entre nós subsiste.
E- poderá dizer-se -, desde que a maioria da população em Portugal, tanto na Europa, como na África, na Asia ou na (...) se não deixe contaminar pelas ideias corrosivas da nossa resistência no plano espiritual, não há razão para apreensões e não podemos pretender perfeições que outros com mais recursos materiais não alcançaram.
Não me parece que seja assim.
Precisamente, porque os nossos recursos não são demasiados face às forças que nos ameaçam, temos o dever de tentar o que os outros não tentaram e o de não desperdiçar por negligência nenhum factor de fortalecimento da frente ideológica.
De resto vai sendo tempo de procurarmos, sempre que possível, os nossos próprios caminhos sem temor de pisar terreno virgem, virtude inestimável dos tempos de Quinhentos que, na inquietação da hora presente, na insatisfação da juventude, no olhar novo com que nos debruçamos sobre os nossos males e os seus remédios, adivinhamos reencontrada e pronta a manifestar-se mais uma vez para criar a História de amanhã.
Se muitas nações do Ocidente não cuidam da preparação política da juventude, não nos demova isso de estudarmos como havemos de preparar a da nossa.
Nesta educação política, além ou a par da formação nacionalista- a qual, como já tantos aqui frisaram, é essencial- julgo também indispensável preparar politicamente os estudantes que terminam os estudos secundários, ministrando-lhes um mínimo de conhecimentos que os habilitem a interpretar mais correctamente os acontecimentos, a conservar a serenidade e o julgamento lúcido nos momentos de crise ou dificuldade, a detectar e destruir as insidiosas campanhas de propaganda do adversário, antes que provoquem a duvida e as confusões.
Disse o Sr. Deputado avisante.

(...) tem havido acentuado desnível entre a acção doutrinária das esquerdas (permanente, actualizada e persuasiva) e a acção doutrinária das direitas (esporádica, inadequada, pouco convincente)

(...) da repartição geométrica tradicional entre esquerdas e direitas (que vai cada vez mais perdendo significado em termos de política interna um pouco por todo o Mundo), pareceu-me ver naquela afirmação expressa uma grande verdade, que, aliás já tem sido referida mas há vantagem em desenvolver a de que o adversário- chamemos-lhe assim por comodidade- tem conseguido ganhos, conquistando praças desertas ou mal defendidas, mais por omissão nossa que por méritos próprios.
Ora nós temos obrigação de dar aos nossos jovens oportunidade de se defenderem a si próprios, porque seria ilusão contar apenas com medidas negativas, também úteis e legitimas mas de longe insuficientes e pela sua própria natureza, pouco eficazes em relação a espíritos curiosos e ávidos de novidade.
Como já foi dito por um ilustre homem público português.
A coragem e a valentia dos homens não são eficazes sem um escudo técnico que lhes permita enfrentar outras coragens e outras valentias.

E não podemos esperar que universitários e profissionais saídos do ensino secundário apenas com as elementaríssimas e já desactualizadas noções sobre doutrinas políticas e tipos de Estado dadas no 6.º e 7.º anos dos liceus em escassas horas lectivas durante o ano a propósito da organização política e administrativa da Nação (...)