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21 DE JANEIRO DE l967 1085

(...) e crescem nas províncias ultramarinas e que tal como os da metrópole hão de assegurar a continuidade e os destinos da Pátria Portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora:-Para os muito jovens cuja religião e outra que não a cristã e para aqueles cujos espíritos se encontram ainda impregnados de ideias crianças, de mitos, de tabos ou de preconceitos amestrais haverá que usar-se da tolerância que a própria lei prescreve e, através de um ensino esclarecedor, de persuasão que leva a aceitação voluntária da vaidade.
Ao falar-se da educação da juventude não se poderá pois, deixar de considerar o conceito (...) o que está na base da nossa política de educação o qual resulta, implicitamente, da nossa tradição e das nossas leis, isto e da nossa situação peculiar e impar no Mundo de nação multinacional e pluricontinental.
Quando na ONU se discute o problema da discriminação racial e da intolerância religiosa, como mais uma vez, sucedeu este ano na 3.ª comissão da 21.ª Assembleia Geral, é para nós motivo de orgulho verificar como vamos adiantados, neste capítulo nas nossas províncias ultramarinas e como caminhamos há muito, afinal mau grado as incompreensões, dentro dos princípios em que de baseiam os projectos e resoluções que ainda hoje se discutem nesse areópago internacional.

Vozes:- Muito bem!

A oradora:- Apesar das dificuldades e dos muitos problemas que se põem à educação da juventude no ultramar, devido a heterogeneidade das éticas dos jovens aos ambientes diversos de que procedem e em que vivem às diferenças de crenças e às desigualdades de nível de vida das famílias a obra já realizada no campo da educação é apreciável. Contudo, haverá que aumentá-la de modo que a educação se estenda a toda a juventude do ultramar, dando a todos os jovens possibilidades iguais de mostrarem as suas aptidões de se prepararem para a vida e melhor se integrarem na sociedade a que pertencem.
Ainda que uma campanha de tal natureza apresenta um avultado investimento de capital a longo prazo o que para alguns poderá parecer um exagero ou um desperdício num momento de poupança a que a Nação é obrigada, a verdade é que sem este investimento os (...) do ultramar dificilmente poderão progredir por falta de gente preparada nos diversos sectores da sua vida económica, administrativa e cultural.
Há, pois que continuar e continuar cada vez mais amplamente no campo da educação do ensino.
A criação de mais escolas com professores bem habilitados o aumento de escolarização a assistência escolar através de cantinas escolares com o fim de suprir a deficiente alimentação familiar, a criação de bolsas para todos os escalões do ensino, a renovação dos seus métodos aplicando as novas técnicas e as que melhor se adaptem ao meio que vivem o emprego dos métodos audiovisuais já experimentados, aliás na metrópole a melhoria dos livros de leitura de modo que suscitem o interesse da juventude a criação de actividades educativas e de centros culturais e recreativos apropriados às crianças e adolescentes, assim como uma maior actividade dos serviços de orientação e formação profissional e uma bem orientada assistência moral e espiritual, tudo isto, acompanhado por uma eficiente campanha de educação de adultos e da valorização social da família contribuirá, sem duvida para um progresso mais rápido na educação da juventude do ultramar.
Espero que as novas directrizes introduzidas ultimamente no ensino do ultramar com a criação do Conselho Coordenador do Ensino venham trazer o novo impulso de que tanto necessita a educação da juventude do ultramarina para que haja uma maior e mais rápida integração das diferentes populações num ideal comum para que o progresso dos territórios se faça mais aceleradamente, e, sobretudo para que se preservem as tradições e os valores culturais, espirituais e morais que garantem a continuação dos destinos da Pátria Portuguesa em terras de além-mar.
Tenho dito.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

A oradora foi muito cumprimentada.

O Sr. Araújo Novo:- Sr. Presidente: O presente aviso prévio que o ilustre Deputado Dr. Braamcamp Sobral trouxe a debate nesta Assembleia é útil e oportuno
A muitos títulos.
Na verdade, se os problemas da educação são fundamentais em todas as épocas e para todos os povos creio que eles assumem particular acuidade nos nossos dias em que tantos factores parecem apostados em concorrer para desvairar os espíritos em formação.
Grassa no Mundo uma vaga de (...) e perigosa iconoclasta difícil de conter. Ela ameaça como força devastadora muitos dos valores e sãs tradições que até agora, tem constituído sólidos pilares não só de toda a educação, mas até da própria civilização. Há nessa onda o seu quê de atávico e inconsciente saudosismo que faz retroceder o homem ao período cavernícola que parecia definitivamente ultrapassado.
Mercê de uma estranha pressa de viver, não importa como nem por quanto tempo, muitos jovens tudo arriscam e comprometem em ordem a essa pressa. A própria vida é muitas vezes menosprezada por eles, não porque conscientemente a troquem por uma morte gloriosa e cheia de significado, como seria, por exemplo na defesa da Pátria- em que o homem nada perde daquilo que o dignifica como homem- mas tão-somente pela aventura em si, que não vale, não conta e capricho apenas.
Passado e futuro, ideal e transcendência, tudo é esquecido, subestimado e sacrificado em holocausto ao presente, à febre da hora que passa ao minuto que se não quer perder agora, embora se perca a eternidade depois.
Não tanto entre nós, graças a Deus como sobretudo lá fora a pretexto de que há necessidade de compreender os jovens e ir ao encontro dos seus naturais anseios, alguns responsáveis pelos problemas da educação começam a deixar-se arrastar pelo que, em jeito de desculpa consideram inelutável conquista das gerações que chegam. Esquecem-se que há princípios que não consentem ser beliscados sob pena de serem definitivamente perdidos. É certo que «na juventude vive-se uma época de corporalidade a pedir expansão e risco», como observava ainda há pouco um grave autor. Mas não podem ser os responsáveis nem por silêncio e muito menos pela aprovação, quem há de encorajar tais tendências. Bem basta que, a tendência natural que a idade explica, se junte todo um cortejo de solicitações externas que a cerca, a convida e atrai.
A vida trepidante dos nossos dias não deixa tempo bastante para demoradas reflexões e os jovens sentem-se aliciados pelo mundo que os cerca e os seduz com repetidos slogans. Os ritmos musicais hoje em voga por (...)