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25 DE JANEIRO DE 1967 1101

chave, uma espécie de abre-te Sésamo paia o adolescente moderno.
A juventude revolta-se hoje sobretudo em nome da autenticidade. Do que eles nos acusam - coisa para pensar - não é tanto de sermos duros, intransigentes, retrógados como desse crime som perdão de sermos «inautênticos».

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Nós bem sabemos que tristes e desgraçadas formas vai assumindo a (...) autenticidade dos novos, bem sabemos que, paia os piore» ela ó sinónimo de desleixo uns maneiras e nos hábitos da vida, do cinismo e abandono ao instinto, de brutalidade e crueldade, de egoísmo sem escrúpulos e de sensualidade sem freios.
Mas cuidado não nos esqueçamos de que se em nome da liberdade se cometeram muitos crimes, nem por isso ela deixa de ser um ideal de sempre elevado e nobre no plano moral e no plano social.
Pois bem este culto da autenticidade, que assume ao nível das massas formas grotescas e revoltantes, é nos melhores ( e são os melhores que ficam na História) um fermento de virtudes e de energia, um gládio puro que se ergue contra todas as formas de mentira e de traição.
A juventude que se revolta contra o mundo burguês que encontrou feito - e qual o jovem, mesmo neste pacato recanto da Península, que aceita hoje ser tratado de burguês? -, essa juventude acusa-nos, sobretudo, de termos traído os ideais que proclamámos fazendo deles a capa dos interesses, de termos praticado uma religião de fachada, uma moral de conveniências, uma virtude (...) e um sentimentalismo sem profundidade.

Vozes: - Muito bem!

Oradora: - Há, decerto graves injustiças neste julgamento impiedoso. Mas há também nele uma homenagem implícita aos valores, que se supõem ultrajados por nós e pelos nossos pais, e há sobretudo um imperioso desejo de verdade vivida, de acordo entre a doutrina que se apregoa e os, actos que se praticam.
Ora bem.
É ao encontro deste anseio que têm do parte os que se preocupam com a juventude. É este soberbo desafio que não poderão deixar sem resposta.
E muito mesmo nós, portugueses adultos e responsáveis deste meio século, a proclamar todos os dias a santidade e a justiça de uma causa pela qual a juventude faz mais do que nós - porque se bate e morre.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Já não é tempo de hesitar. Que os jovens se organizem, parece-me um óptimo sinal porque a juventude que se organiza revela um fito, um sonho, uma capacidade de realização que é sinal de vida e de alegria.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Não são organizações de juventude os bandos informes e primitivos que as rusgas da policia de costumes dispersam nas grandes capitais do Mundo, são contrafacções, mas porque se geraram na recusa e no tédio de uma ordem moral que as tomou possíveis, servem-nos de aviso e de remorso.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Que os jovens se organizem para uma actividade comum - o desporto, a musica, o cinema a redacção de revistas e o debate de temas de cultura -, tudo isso é legítimo, salutar e desejável.
Mas saibamos aproveitar a maré. Saibamos atrai-los a uma organização que é, em Portugal, a única orientada num sentido plenamente cristão e português.
Para isso, porém, urge que os adultos não hesitem, que não tenham medo de ir contra imaginarias aspirações dos novos, nem vergonha de ser fiéis ao seu passado e aos seus princípios.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Porque é isso, no fim de tontas, o que a juventude de hoje espera de nós.
Nada mais desagradável e desgostante para um desses adolescentes íntegros implacáveis e sedentos de verdade - venha ele da esquerda ou da direita - do que a maleabilidade dúbia do educador que renuncia ou finge renuncia à sua autoridade e aos seus princípios, por demagogia ou por suposta habilidade.
E não se julgue que o jovem se assusta ou se afasta por lhe pedirmos «as coisas árduas e lustrosas» de que fala Camões. Pelo contrário, são essas que o enamoram. Mas ,para isso é preciso que tenha sido habituado na actividade desportiva no (...) pré-militar, nos encontros de formação moral, nas leituras e no e cinema, nas aulas e na oficina, a respirar essa pura e límpida atmosfera de energia e serenidade, de entusiasmo e de fé que a sua natureza profunda reclama.
Cumpre dizer aqui uma última palavra e refere-se nos dirigentes da juventude.
A Mocidade Portuguesa cujo destino hoje causa tão sérias apreensões, será que os dirigentes forem. E também aqui a reivindicação mais insistente e clamorosa dos moços de hoje - a da autenticidade - precisa encontrar satisfação.
Não podem os dirigentes das organizações juvenis ser velhos nem burgueses, velhos de espíritos, a (...) de novos pelo figurino da tolerância e da abertura a todos os ventos, mesmo os de Leste, burgueses de alma, instalados na rotina confortável donde é fácil, mas imoral, pregar a moderação dos apetites, a renúncia espartana e o heroísmo gratuito.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Não podem, por isso, ser dirigentes de secretária nomeados para conduzir as fileiras - fileiras se chamavam - da Mocidade Portuguesa, pela simples coincidência de serem também os reitores dos liceus ou os directores e professores das escolas.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Se a crise do professorado é tão grave e profunda como todos, sabemos e denunciamos, que garantias nos dão esses recrutados de emergência quando foi em chamados a dirigir a consciência moral e nacional dos nossos filhos. Com que convicção e com que honestidade interior não comandar o barco inimigo ou defender a fortaleza que já consideram arrasada?
Os dirigentes têm de ser autênticos Exemplos vivos Mocidade em acção.
Os adultos não podem hesitar E seria realmente estranho que escolhessem este tempo de guerra paia perder com hesitações a oportunidade que ainda se lhes