O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 61 1102

oferece de conquistar pela verdade, pelo ideal vivido e pela generosa alegria de servir os rapazes de Portugal.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Sr. Presidente: Vou enfim terminar.
Durante a discussão deste aviso prévio, o verso do clássico latino que diz mais ou menos isto.
«Agora, agora enquanto eu falo o tempo passa».
Enquanto se fala enquanto se alvitram soluções enquanto se plane ambiciosas reformas, o tempo passa e diminui a nossa probabilidade de acção sobre a juventude de agora. Nesta campanha da juventude lutamos, com efeito contra o tempo. Não podemos perdê-lo a espera de que se produzam as condições ideais para passar do papel à vida as boas intenções que nos norteiam. A juventude é curta e amanhã- estarão homens formados - e deformados, aqueles que não tivermos ido a tempo de formar.
Termino com um voto muito positivo o de que, antes mesmo do poder entrar em vigor qualquer grande reforma respeitante à educação, se, acuda por todos os meios àquilo que exige intervenção mais pronta. Agora, enquanto falamos, o tempo passa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

A oradora, foi muito cumprimentada.

O Sr Roseta Fino:- Sr Presidente: Quando da análise da proposta de lei de autorização das receitas e despesas para 1966 na intervenção que então tive oportunidade de efectuar, recordar como sobressaía a necessidade de das prioridade ao que chamei o fomento educacional.
Quanto ao ensino a firmeza e o ritmo com que o Governo se propunha prosseguir esta finalidade eram significativamente dados por no orçamento para 1966 cerca de 50 por cento do acréscimo global previsto no quantitativo das despesas ordinárias serem consignados aos serviços do Ministério da Educação Nacional.
Semelhante orientação o Governo se propôs prosseguir no ano de 1967.
Se então louvar tais propósitos por ter para mim que a educação é a estrutura de todo o nosso desenvolvimento, venho agora em dois ou três pontos trazer o meu contributo ao aviso prévio tão oportunamente efectivado pelo nosso ilustre colega Braamcamp Sobral.
Temos de considerar este aviso prévio da maior utilidade, pois ele abarca problemas fundamentais, como o tem demonstrado o debate a que há mais de duas semanas assistimos e de que ainda hoje há momentos, foi enriquecido pela intervenção brilhante da Dr.ª Ester de Lemos.
A importância do fomento educacional deixou de ser preocupação dominante de uma maior a (...) começar a impor-se pela sua força intrínseca à consciência de muitos mais. Terá de alargar-se à consciência de todos, pois a educação tem de ser obra de todos, para todos.
Na educação conta extraordinária o ambiente. Como o ambiente é formado por todos nós responsável - Governo, Igreja, estabelecimento de ensino e lares, fábricas, etc. -, terá de ser obra dos governantes, dos sacerdotes dos professores, dos país, dos industriais, dos técnicos, de todos aqueles que têm por missão conduzir.
E, para mim, não basta «conduzir para», «orientar», importa e muito que a pessoa seja conduzida de forma a tudo render e pôr ao serviço da comunidade tudo o que potencialmente ela contém será como a semente, que necessita que lhe sejam criadas determinadas condições para produzir os melhores frutos, mas apenas aqueles que estão nela em potencial. Com o respeito fundamental por aquilo que a pessoa é, que seja valorizada, mas dentro daquilo em que ela pode e deve ser valorizada. E eu creio estar aqui o fundamento da necessidade da preparação vocacional a que adiante me reformei.
Margado o espírito educacional e ainda a necessidade do seu fomento, a escola necessitará de dispor de mais professores e, acima de tudo de bons professores.
Quando da ida a Angola e Moçambique de uma embaixada da Universidade de Lisboa em missão de extensão universitária, foi-me dado conviver naquela última província com o espírito lúcido e brilhantíssimo que foi o Prof. Doutor Delfim Santos, que na integrado naquela embaixada.
Passados alguns anos, e tendo a morte levado a este professor, transcrevo o que ele escreveu para prefácio do livro Educação Estática e Ensino Escolar.

No mundo de hoje e para o mundo que se anuncia será possível servir o ensino com «professores» que provem na sua preparação de cursos de formação tradicional que as escolas superiores mantém sem dirigida especialização. Será possível desconsiderar tanto esta relevante função pedagógica que não se julga merecedora de preparação específica nem digna de aprofundamento preparatório. Será possível continuar a pensar que o professor é simples transmissor do saber que aprendeu saber esse que não tem qualquer relação de comunicação com os discentes que ele vai encontrara nas escolas. O médico e o advogado preparam-se em escolas especificamente dirigidas para os domínios da sua competência. Só os professores permaneceram até hoje desprovidas de formação específica em escola adequada onde fosse possível a verificação experimental de formas de aplicação do seu saber renovado.

E mais adiante.

Mas o ensino, quem lhes ensinou a ensinar, quem lhes ensinou a utilizar convenientemente os meios e as técnicas que pressupõem competência específica e quem lhes proporcionou o conhecimento da realidade psicopedagógica dos alunos que vão ter para bem compreender as suas dificuldades e melhor os acompanhar na descoberta progressiva das capacidades para orientação do seu desenvolvimento?

Do plano sonhado de actualização pedagógica nacional, que sempre ocupou o pensamento do Prof. Doutor Delfim Santos Ter-se-á de passar para a realidade prática da execução.
O verdadeiro educador não é pessoa que se faça de um momento para o outro, não e suficiente concorrer a um estabelecimento de ensino poderá possuir muita cultura profissionalmente ter óptimas condições de trabalho mas poderá não ter condições de trabalho mas poderá não ter condições pedagógicas nenhumas.
Se o Estado em relação aos pais não poderá senão agir em plano de apoio já o mesmo não sucede nos seus quadros de actuação e aqui pode e deve levar até ao esgotamento todas as suas possibilidades.
Pergunto pois para quando em Portugal um instituto superior ou nacional de pedagogia?
Deixemos a pergunta em suspenso com a certeza de que a resposta terá de ser sim e a curto prazo como também se poderá inferir da exposição do Sr. Ministro da Educação Nacional «Para um estatuto da educação nacional». E agora ocupamo-nos de alguns problemas do dia-a-dia com que a escola se defronta.