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25 DE JANEIRO DE 1967 1103

Uma das maiores dificuldades da escola, diga-se da escola primária em especial é conseguir-se definitiva colaboração da família, sobretudo quando é de reduzidos recursos, económicos, não podendo, por conseguinte, em relação aos filhos.

Acertar de bom grado a obrigatoriedade da frequène a escolar, sobretudo nos meios ruras, por querer utilizá-los, logo que julga possível, em trabalho remunerados,
Adquirir todo o material escolar exigido para um suficiente aproveitamento escolar,
Dar-lhes alimentação vestuário e transporte, que são condições necessárias e indispensáveis a frequência das aulas.

Nos meios urbanos, o divórcio da família deficientemente organizada filia-se no desinteresse que deriva da sua própria impreparação.
Todas são, porém, razões de ordem social que se refletem mediata e gravemente na ordem moral.
O Estado tem feito apenas alguma coisa. Urge fazer tudo, principalmente mentalizar as famílias, desde que, por iniciativa oficial ou particular, se solucionem os problemas sociais.
Quando a família se divorcia da escola, isso significa que do mesmo modo se divorcia dos seus próprios filhos, entregando-os a um abandono altamente prejudicial às próprias estruturas humano-socias da Nação que perde em valores morais e humanos, o que julga ganhar em economia do capitais.
A dificuldade de recrutamento de professores mesmo sem exigência de qualidade -que esta, naturalmente e pelo que acima ficou dito deverá continuar a ser a primeira preocupação -, tem a sua raiz na deficiência dos vencimentos do ensino oficial. Isto, de resto é bem conhecido. No entanto, há a acrescentar a tal insuficiência ainda os desnivelamentos entre as diferentes categorias, qualquer que seja o ramo do ensino.
Um exemplo, os professores de Didáctica Especial das escolas do magistério primário, sem (...), auferem actualmente, excluindo o recente subsídio eventual do custo de vida, um ordenado mensal de 2600$ quando a seu lado um professor por eles formado quando estiver a reger a 3.ª classe, mesmo sem (...) receberá 2730$. E se tiver por exemplo a 3.ª (...) este professor receberá 3400$, nesta altura mais do que o director ou o adjunto da sua direcção escolar os quais tem o ordenado, respectivamente, de 3200$ e 2900$.
Com estímulos desta natureza nem vale a pena tentar subir a escala hierárquica, quanto mais trabalhar com dedicação, como tanto convém à economia da Nação!
Este é apenas um exemplo, que em si próprio não fica por este apontamento completamente explorado.
Discutível é também, e muito o critério da selecção, de formação e de promoção dos professores. No caso das escolas normais do ensino primário, reconhece-se desde há muito a necessidade de uma grande reforma que de possibilidade de preparar com o rigor necessário os futuros professores. Dois anos de preparação é mais que insuficiente mas a exigir-se um curso mais extenso obviamente maior teria de ser o estímulo para a frequência e para o melhor aproveitamento. E tal estimulo, bem o sabemos só poderá ser a certeza de uma remuneração compensadora e de uma, promoção assente na justiça e nos méritos indiscutíveis.
Quanto ao ensino secundário, os liceus normais fazem cumprir um estágio de dois anos. E é tudo, que é muito pouco.
Os estabelecimentos do nosso ensino secundário estão cheios de gente menos competente, do ponto de vista pedagógico, exactamente porque não há professores preparados há apenas indivíduos com cultura geral ou específica de cada uma das ciências a ministrar, esquecida, por em, porque não exigida aos professores auxiliares ou contratados, a ciência pedagógica, porventura a mais importante, ainda que actualmente, quando exigida dada num curso «insuficiente e infecundo, por fragmentário e tardio».
Portanto, repito, para quando entre nós um instituto de pedagogia?
Observando agora o panorama sob o prisma do aluno, creio ser necessário incentivar a capacidade de cada um, de forma que o aluno possa entrar num ensino orientado dentro das suas possibilidades. É o caso do rapaz que está a pensar na sua vida e que quererá realmente acertar e fazer o estudo das suas possibilidades e não ir para uma profissão onde porventura se exija mais intuição do que raciocínio, quando ele tem mais raciocínio que intuição.
Daí os desfasamentos com que tantas tezes deparamos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sendo um problema fundamental, creio que no entanto a sua solução tem de parte mais dos particulares do que do Estado. A Igreja, com todos os seus actuais movimentos de estudos vocacionais, poderá dar uma achega valiosa, e eu creio que neste campo a colaboração do Estado estará em dar sobretudo nos estabelecimentos de ensino tempos dedicados a estas, actividades.
Hoje, por exemplo se por iniciativa particular num de ensino se desejar levar a cabo um curso de orientação vocacional, este terá de ser feito com sacrifício de horas do aluno ou horas de estudo, com todas as incientes complicações. Creio que é ingente prever-se no próprio estabelecimento de ensino tempo útil fazendo parte do seu plano geral de educação entrando dentre de um regulamento que permita essa colaboração de organizações externas.
Assim se ajudará a «forjar a autodeterminação de um destino pessoal para satisfação própria e proveito do bem comum».
Se a escola é esta oficina, é o lar a família, a primeira escola, e quanto a ela há actuações a rever como pontos de protecção à família, mormente no que se refere aos meios de comunicação social. Se é necessária a repressão de meios funestos, impõe-se mais ainda ou ao mesmo tempo, difusão acessível de tudo quanto possa ajudar a promover.
Creio que a continuidade das boas iniciativas neste campo de educação é indispensável. Quantas vezes se destrói num momento o que começava a dar fruto só por falta de continuidade.
A necessidade de um movimento juvenil, como complemento indispensável da educação da nossa juventude leva-me a fazer votos para que a regulamentação do Decreto-Lei n.º 47 311 mantenha naquilo que ainda foi possível, a Mocidade Portuguesa como uma organização de rapazes para rapazes.
Quem de perto acompanhou a Mocidade Portuguesa como movimento de juventude e conheceu as actividades dos seus centros de instrução geral especiais, universitários ou de milícia das suas escolas de graduados, dos seus acampamentos, todas elas orientadas por um ideal de verdade e de justiça aprendido, pelo exemplo e pela