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3 DE FEVEREIRO DE 1967 1153

lidades de se aproximarem de um centro de saúde para um diagnóstico, vão corroídos pela doença simplesmente «morrer longe».
Tal é a situação na verdade nada brilhante. Ora sendo assim, é naturalmente de perguntar se problema de tão saliente e flagrante gravidade não interessou até hoje como devia às entidades responsáveis. E a resposta é que tem interessado até às mais altas entidades- designadamente o Ministério do Ultramar e o Governo-Geral de Angola- sem que no entanto a situação seja hoje diferente do esboço que VV. Exas., Sr. Presidente e Srs. Deputados, acabam de ouvir.
E isto é assim, apesar de a estruturação das bases da luta contra o cancro em Angola haver começado há cerca de seis anos já, quando se passou realmente a observar a frequência e a virulência da terrível doença. Fizeram-se então dela as primeiras estatísticas no Hospital Central de Luanda e um médico em serviço na província com especial interesse pelo assunto foi enviado aos Estados Unidos da América para estudar [...] os problemas da cancerologia e os progressos [...] na luta contra o cancro, colhendo elementos para a instalação de um centro de oncologia na nossa grande província do Atlântico.
O médico em referência, que frequentara também em Londres hospitais e clinicas de luta contra o flagelo e em Lisboa o Instituto Português de Oncologia, no regresso apresentou o seu relatório do qual se destacam os perigos da quimioterapia anticancerosa e ainda a afirmação de que no presente momento não existe a cura do cancro com fármacos. Com estes segundo aquele médico, apenas pode prolongar-se a vida dos doentes, se não houver erros de dosagem ou contra indicações e podem atingir-se resultados nulos ou piores, abreviando a morte.
Sr. Presidente, Srs. Deputados. Cumpre-me acrescentar - e é de justiça simples faze-lo - que já em princípios de 1964 o Ministério do Ultramar determinara que se criassem centros especializados para o tratamento de cancerosos nas províncias de Angola e Moçambique e que, com este objectivo se deslocou em seguida às duas províncias o ilustre Prof. Lima Basto o qual em Luanda e Lourenço Marques em contacto com os médicos locais mais dedicados ao assunto, estudou exaustivamente o problema logo indicando a trilhar no sentido de lhe ser dada a solução devida e também as bases fundamentais em que deveria assentar o trabalho em vista nos centros a construir.
Apresentado o seu relatório logo o Sr. Ministro do Ultramar determinou em douto despacho, que se desse inicio imediato ao necessário para a entrada em funcionamento dos Centros de Oncologia de Luanda e Lourenço Marques destinados ao rastreio diagnóstico precoce e tratamento d cancerosos.
Por sua vez o Governo de Angola procedeu desde logo sabendo-se que se encontra estudado o anteprojecto do Centro, Agora e desde então confiado ao serviço competente para execução do projecto definitivo e sua realização, trabalho este já dotado com verba inserta no Plano Intercalar de Fomento.
Sabendo-se ainda que entretanto está em curso a efectivação de um empréstimo com a central Trading para fornecimento de todo o material - bomba de cobalto rádio [...]- destinado ao Centro de Angola e que se empreendem diligências para a especialização do pessoal médico e paramédico ao Centro igualmente destinado por meio de estágios de especialização em instituições metropolitanas e estrangeiras.
Simplesmente - passe a repetição do adverbo - nada disto na prática, teve ainda ou terá viabilidade enquanto se não realizar o essencial, aquilo que à primeira vista parece de facto mais simples a execução do projecto do Centro e finalmente a sua construção, visto que nem sequer dotação lhe falta.
Sr. Presidente. Julgo-me uma pessoa de boa vontade e por isso não me é nada difícil atribuir às de mais muito especialmente quando sobre elas pesam responsabilidades inerentes às funções que desempenham. Por outro lado e como já assinalei nesta intervenção sei que o problema do rastreio, diagnóstico e tratamento do cancro em Angola merece, há vários anos já, o devido interesse as entidades competentes. Mas até por isso mesmo é que se torna mais grave a minha preocupação - correspondente às ansiedades de muitos naquela nossa província - de que não esteja ainda ali instalado o centro de Cancerologia já superiormente determinado há tão longo tempo.
É essa preocupação e são essas ansiedades que eu trago ao conhecimento desta Câmara para os devidos efeitos, isto é, para que cesse quanto antes o empecilho ou empecilhos que tem contrariado até agora a concretização de tão fundamentadas aspirações públicas e de tão louváveis províncias governamentais.
É que entretanto o cancro doença que não perdia - e aqui cito expressão de autoridade médica- «pesa na morbilidade e na mortalidade da província de Angola por valores cuja expressão é bem significativa». De facto só no rastreiro diagnóstico precoce e no tratamento consequente poderá encontrar-se remédio para tão ameaçadora e maligna enfermidade.
Cumpre-me acrescentar ainda por ultimo que além de implicações económicas e sociais o problema tem-nas de outra ordem, de ordem política. E vem a ser que havendo nós em Angola, como, de uma maneira geral em todo o nosso ultramar, estando sempre à frente de muitos dos demais territórios africanos ao Sul do Sara neste âmbito de prospecção e erradicação de endemias, estamos inexplicavelmente a atrasar-nos agora neste caso do rasteiro e tratamento do cancro em Angola. Com efeito, e segundo VI enunciado num jornal daquela nossa província deve ter-se realizado em [...] com inicio em 10 de Janeiro uma conferência consagrada as pesquisas sobre o cancro em África, conferência em que [...] parte uns 40 médicos delegados da África oriental e outros dos Estados Unidos Unidos, Grã-Bretanha, Sudão, Alemanha, França, Suécia, Austrália, etc. sobre a presidência do chefe da Organização Internacional de Pesquisas sobre o Cancro.
Claro que não temos de invejar o facto nem para isso há motivo em face do mais e muito mais que se deve em África à nossa acção. Mas essa mesma acção, admirável sobre tantos aspectos e o bom nome que promana dela que nos impõe agora aceitar o passo mais uma vez.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado

O Sr. Elísio Pimenta:- Sr. Presidente. Que a associação de malfeitores formada lá para os lados da Malveira para cometer crimes contra a saúde pública teve «caveira de burro» - permita-me V. Ex.ª a expressão popular tão apropriada à circunstancia - é uma verdade pois que certamente outras associações com fins idênticos