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15 DE FEVEREIRO DE 1967 1211

A experiência demonstrou que a actividade destes organismos tem contribuído eficazmente para- o desenvolvimento material das legiões que representam, para o desenvolvimento comunitário indispensável à vida da Nação, para a concretização de estudos sociais ou económicos indispensáveis á vida do País e também para centro de convivência de indivíduos ligados entre si por laços indissolúveis de origem comum.
A existência das organizações que abrigam os portugueses em várias cidades estrangeiras, nomeadamente no Brasil, o desvelo e o carinho que têm presidido ao seu funcionamento- e de cuja existência e actividades tanto o emigrante como o visitante português tão largos proveitos tem tirado, constituem exemplo justificativo para um olhar de bom senso e de justiça do Governo para com estas casas regionais com sede em Lisboa protegendo-as, acarinhado-as e criando-lhes ambiente em que possam desenvolver-se e progredir sem [...] de nenhuma espécie e evitando factos lamentáveis como os que recentemente se deram.
Merecem, pois, o Diário de Noticias e o seu articulista uma palavra de louvor por terem levantado este problema e por terem acarinhado tanto desvelo, demais a mais com a autoridade verdadeiramente valiosa do seu egrégio director.
A Casa do Minho, a que actualmente preside o distinto jornalista e escritor Artur Maciel, tem desenvolvido uma tarefa que quero disso tenho obrigação especial destacar.
Ainda há poucos dias me foi dado tomar parte numa reunião, a que assistiram pessoas do maior valor, que serviu não só para denunciar mais uma vez as delícias da cozinha minhota, como para que convivessem os naturais da região das mais variadas classes e fossem discutidos problemas de grande interesse para a mesma.
Será que a sua esforçada e dinâmica direcção pensa em organizar uma semana de estudos na capital, semana em que os mais candentes problemas regionais serão abordados por autoridades competentes nas diferentes matérias, o que será contributo apreciável para a resolução dos mesmos, e ainda, o que muito é de Ter em conta, poderosa alavanca para a mentalização dos responsáveis quanto á necessidade de esses problemas serem encarados de frente.
O Governo tem, pois, de promulgar medidas que assegurem destacada posição dentro dos quadros do País a tão úteis instituições, que têm na verdade, um papel representativo digno de estímulo e podem, além dos mais contribuir, através de uma propaganda bem orientada, para um melhor conhecimento por parte dos grandes centros das necessidades vitais a um harmónico desenvolvimento nacional que tem de Ter em conta um desenvolvimento simultâneo das diferentes regiões do País.

Vozes:- Muito bem!

O Orador:- A constituição de um grupo de trabalho que pudesse propor ao Governo a natureza dessas medidas e a entrega de uma representação colectiva das casas regionais ao Sr. Presidente do Concelho seria, sem dúvida maneira eficiente de passarmos da apresentação de ideias à concretização das mesmas.
O Chefe do Governo tão [...] às suas terras de origem, amante como poucos do seu cantinho natal, não deixará de Ter em devida conta a legítima aspiração dos naturais da província que, perdidos nesta Lisboa de muitas e desvairadas gentes não esquecem o caminho da sua aldeia a rua da vida ou cidade onde nasceriam e passaram, possivelmente, os seus melhores dias e procuram fazer desse justo sentimento motivo de progresso e de bem-estar para as suas regiões.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado

O Sr. Correia Barbosa:- Sr. Presidente. O assunto de que embora fugidiamente, vou tratar, tem a meu ver, um grande interesse para a economia nacional e, por isso, é meu convencimento de que com muito maior amplitude de virá a ser posto nesta Assembleia.
O muito ilustre Deputado Dr. Cancela de Abreu ainda há pouco tempo tratou dele com grande oportunidade e conhecimento de causa. No entanto, como sou Deputado pelo circulo de Aveiro e residente no norte do distrito que é, como muito bem acentuou o Dr. Cancela de Abreu, a maior região produtora de leite do País e eu acrescentarei onde se situam as maiores organizações fabris para a industrialização do leite -, e dadas as dificuldades em que o País se debate para o abastecimento público do precioso alimento, entendo de meu dever trazer aqui algumas considerações sobre o magno problema.
Noticiaram há dias os jornais que para abastecimento público vamos principiar a importar do Leste da Europa algumas toneladas de manteiga e de outros produtos lacteos. Não me choca que tenhamos de ir buscar aos países do Leste aquilo de que necessitamos e é indispensável para a alimentação do nosso povo Primovivere.
O que me preocupa, e entristece até, é que num período relativamente curto tenhamos passado de um país superabastecido de manteiga, queijo e leite para um país absolutamente deficitário destes produtos, que hoje constituem elemento indispensável da alimentação humana.
São várias no meu entendimento, as causas que conduziram a este lamentável estado de coisas. O aumento populacional, a indiscutível melhoria das condições de vida do povo, o turismo, que para o País arrasta grande número de pessoas habituadas a tomar leite e aqui intensificam esse uso como medida económica tão peculiar às pessoas que saiam em digressão, e até a própria ciência médica que cada vez mais vem aconselhando o uso do leite, são, entre outros, os factores primordiais que tem conduzido a um maior uso do leite e a sua consequente [...].
Assim, quando tudo indicava que cada vez se produzisse mais leite, intensificado a criação de vacas e valorizando o seu poder de produção, eis que o leite principia a [...] e o abastecimento, principalmente dos grandes centros urbanos, se faz através de grandes dificuldades, não sendo raro verificar-se - facto que não se pode deixar de lamentar - a falta do precioso alimento para crianças e doentes.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Orador:- A lavoura, que durante anos e anos reclamou, expôs por todas as formas a sua situação sobre vários problemas que a afligiam e afligem, denunciando incisivamente o problema do preço do leite, ninguém a ouviu ou não a quis ouvir.

Vazes:- Muito bem!

O Orador:- As consequências dessa surdez acidental ou propositada estão a reflectir-se desastrosamente não só na economia do País, que tem de suportar um exodo.