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1212 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 67

enorme de divisas para o estrangeiro, mas também no bem-estar e na comodidade do povo, que nunca acerta de bom grado, como é compreensível, que lhe falte aquilo de que necessita para a sua vida normal.
E, a par o público reage também a indústria, que, aliás não está isenta de pecado no problema leiteiro em que se debate o País, mas reage, com razão neste momento porque lhe falta a matéria-prima que lhe possa dar rentabilidade para os enormes capitais investidos em maquinismos, edifícios, etc.
E a situação dos industriais de lacticínios, que não fabricam a manteiga nem o queijo indispensáveis para o abastecimento do País por falta do leite necessário para tal, não pode ser menosprezada nem esquecida pelos responsáveis neste assunto pois não podem deixar também de Ter presente que é na industrialização do leite que, em grande parte, reside a defesa e a valorização da lavoura.
E, enquanto as nossas fábricas de lacticínios têm reduzidíssima a sua produção de queijo e manteiga, vemos as montras das mercearias a abarrotar de queijo francês e holandês a 65$ e 68$ o quilo quando o nosso delicioso queijo amarelo era vendido por cerca de metade do preço.

O Sr António Santos da Cunha:- V Exa. dá-me licença?

O Orador:- Faça favor.

O Sr António Santos da Cunha:- Estou um bocadinho dentro do assunto e queria dizer que o problema tem duas faces. Uma, agradável para todos nós é que, indiscutivelmente, o consumo de queijo e manteiga neste país eleva-se constantemente, sendo daí que resulta, em grande parte a falta de queijo e de manteiga no mercado.
Quanto ao leite, pelo menos no Norte, verifica-se que muitas freguesias consomem já aquilo que produzem.
Quer dizer o nosso homem do campo o nosso operário que não beba leite, que se contentava com uma sopa e um bocado de pão, hoje já consome leite.

O Orador:- Foi precisamente isso que eu disse a elevação do nível de vida.

O Sr António Santos da Cunha:- Indiscutivelmente é pena que as nossas estruturas agrárias não tenham podido acompanhar esse desenvolvimento. O problema é de preços. E desde já posso dizer a V Exa. que o aumento ultimamente anunciado pelo Ministério da Economia é absolutamente insuficiente para resolver o problema.

O Orador:- Estou inteiramente de acordo. É precisamente essa a minha tese que o nível de vida do povo subir extraordinariamente e por consequências, há hoje maior consumo de leite, entre outros factores. A questão do elite esta toda a volta do preço, como adiante direi, e as medidas recentemente tomadas são insuficientes.

O sr António Santos da Cunha:- Estão já ultrapassadas.

O Orador:- Bem sei -e isso e justo - que havendo falta de leite para ser consumido em natureza, não é natural que a industria possa dispor dele em quantidades tais que possa abastecer regularmente o mercado de queijo e manteiga e outros produtos lácteos. Mas o que é necessário é procurar o justo entre a produção e o consumo, quer em natureza, quer na industrialização do precioso e indispensável alimento, para que este não falte a uns nem a outros trazendo perturbações graves ao abastecimento público e à economia nacional.
A mim, afigura-se que o problema da escassez do leite e seus derivados ainda todo à volta do preço porque ele é pago ao produtor.

Vozes:- Muito bem!

O Orador:- se o preço fosse compensador, o lavrador não seria tentado a enviar as suas vacas para o matadouro, atraído pela valorização que dia a dia vem sofrendo a carne para consumo público. Antes pelo contrário, esforçar-se-ia por aumentar a sua manada, quer em número de cabeças, quer em quantidade de produção seleccionando cuidadosamente os seus animais.
Sou natural e vivo num conselho que é o maior produtor de leite da Beira Litoral, e não sei se do País, e estou informado de que, depois que ali se fundou a cooperativa Agrícola de Oliveira de Azeméis que de maneira notável concorreu para a valorização do leite elevando substancialmente o seu preço, não só a produção aumentou, mas também a qualidade melhorou muitíssimo. E assim, graças a essa admirável organização, que no género, é, sem dúvida, a maior e vem sendo criteriosamente orientada é possível ela envia diariamente para Lisboa para a Figueira da Foz, para Viseu, Santarém Setúbal para o Algarve 36 0000 1 de leite.
Isto vem demonstra claramente que toda a questão do aumento de produção de leite reside substancialmente na sua valorização.

Vozes:- Muito bem!

O Orador:- E é essa valorização, valorização compensadora e estimulado que a lavoura espera do Ministério da Economia pois abertamente contra no alto espírito e na compreensão do Sr Ministro que, com decisão saber e elevado critério de justiça, vem estudando e solucionando os problemas que afligem a lavoura sector primário da economia nacional.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado

O Sr Presidente:- Vias passar-se à

Ordem do dia

O Sr Presidente:- Continua em discussão na generalidade a proposta de lei sobre o regime juridico da caça.
Tem a palavra o Sr Deputado Cunha Araújo.

O Sr Cunha Araújo:- Sr Presidente. Como declaração prévia, devo começar por dizer que não sou caçador.
Melhor, não me dedico entusiasticamente ao que se chama o desporto da caça.
O facto porém não me retira qualidade para intervir na presente discussão, tanto mais que, afirmando-se a corrente dominante no sentido de ser a caça uma [...], «coisa de ninguém» logo«coisa de toda a gente», de toda a gente igualmente me parece dever ser, tal como o de caça o direito de sobre a caça falar. A complexidade do assunto, se eu a não tivera já em mente, claramente viria a impor-se-me com a leitura do parecer da Exma. Câmara Corporativa sobre o projecto de lei nº 2/IX, ora