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10 DE MARÇO DE 1967 1429

Estudos Humanísticos, aberto a todos os que na província se interessam por problemas de cultura.
Ao mesmo tempo, procuram os Estudos Gerais Universitários que os cerca de 600 estudantes que os frequentam constituam uma verdadeira família, proporcionando-lhes actividades culturais, recreativas, desportivas e teatrais, e promoveram ainda a instituição de duas residências universitárias, com objectivo de favorecer os economicamente mais débeis ou aqueles cujos pais residem longe de Lourenço Marques.
A mais moderna o completa aparelhagem adquirida oferece, em laboratórios anexos, prestimosos aos estudantes permitindo a formação de técnicos que em nada se inferiorizassem aos das outras Universidades, nacionais e estrangeiras, mas a sua utilidade ultrapassa o campo de ensino e investigação puramente pedagógico. Os laboratórios de química, física mineralogia e geologia, biologia e zoologia, botânica, agronomia - com as secções de horticultura e arboricultura, mesologia e silvicultura e dendiologia -, engenharia, higiene e nutrição, farmacologia, fisiologia, histologia e parasitologia veterinárias, medicina - com as secções de hacteriologia e parasitologia, higiene e medicina social, anatomia humana, química fisiológica radioisótopos, farmacologia, fisiologia, histologiae citogenética, microscopia electrónica, embriologia, histoquímica e climatologia - e psicologia estão abertos e tem contribuído para a resolução de muitos problemas que no campo prático afectam a vida da província, mormente nos sectores cultural, científico e da saúde.
A Universidade, longe do se encerrar dentro de si própria, tornou-se campo aberto de colaboração, auxílio e ajuda, população de Moçambique e aos interesses económicos e sociais da província.
Num espontâneo movimento de solidariedade, as entidades privadas vieram oferecer à Universidade bolsas de estudo para estudantes. O conjunto dessas bolsas está a atingir cerca de 2000 contos
Alguns números dar-nos-ão a ideia da presença real da Universidade. Neste ano lectivo frequentam os Estudos Gerais Universitários de Moçambique 608 alunos, assim distribuídos pelos diferentes cursos Médico-Cirúrgico, 146, Ciências Pedagógicas, 68, Medicina Veterinária, 40, Engenharia Civil, 67, Engenharia
Electrotécnica, 70, Engenharia Mecânica, 49, Engenharia Químico-Industrial, 34, Engenharia de Minas, 2 (Todas as engenharias totalizam 298 alunos) Curso do Agronomia, 32, curso de preparação para professores adjuntos do 8º grupo do ensino técnico profissional, 37, e do 11.º grupo 27. Em cadeiras comuns a outros cursos, 15.
O desenvolvimento natural da jovem Universitária Portuguesa de Moçambique, em alunos, um cursos e em anos sempre mais adiantados, vai criando, como é óbvio, problemas mais prementes em matéria de instalações e docência.
As actuais instalações, cada vez mais precárias, exigem pronta substituição ou ampliação.
O 4.º ano do curso do Medicina pede o pronto funcionamento da unidade clínica universitária, sem o que não poderão ser ministrados os conhecimentos programados como indispensáveis.
Até neste campo, a Universidade de Moçambique estudou e planeou com estreita parcimónia.
O custo por cama previsto para a clínica universitária (hospital completo para 200 camas) foi calculado na ordem dos 140 contos (incluindo construção civil e complementos, equipamento geral e especial)
O custo na mesma base, calculado em média entre treze outros hospitais estrangeiros, de vários (...) ultrapassa os 600 contos.
É este, esquematicamente em números, o panorama da obra da nossa Universidade de Moçambique realidade de valor, inteligência e mento, algumas carências e preocupações materiais.
Mas estou certo de que o Governo que em tão boa hora criou a Universidade, e todas as gentes de Moçambique que a, rodeiam, acarinham e nela crêem, todos ajudarão a vencer obstáculos de momento e os problemas criados pela situação difícil que toda a Nação atravessa e que será desnecessário relembrar.
Mas precisamente porque o momento presente é rodeado das mais séries preocupações maior se me afigura o valor dos cursos superiores no ultramar.
Moçambique luta com aflitiva carência de técnicos de nível universitário (engenheiros médicos, agrónomos, veterinários), Moçambique quer evitar o êxodo da sua juventude para as Universidades estrangeiras vizinhas ou não vizinhas. Moçambique quer crescer economicamente, e não o poderá conseguir se não houver apoio científico e técnico aos investimentos e as suas explorações agrícolas e industriais.
Quem melhor que a Universidade poderá dar?
Os problemas da investigação e do desenvolvimento têm preocupado estadistas e economistas.
As relações entre os sábios e os industriais são cada vez mais semelhantes às de professores e alunos.
Diz o eminente cientista P Kapitza que o maior índice do progresso económico é o rendimento do trabalho e que o aumento desse rendimento depende sobretudo do domínio das notas técnicas e dos progressos da ciência.
Os cientistas e os industriais andam definitivamente ligados ao mesmo destino.
Nunca, como hoje a cultura e o ensino estiveram tão completamente na base do desenvolvimento e da própria sobrevivência das nações.
Vou terminar este breve apontamento, que aqui fica à consciência de todos nós.
Propositadamente, referi-me quase sempre à Universidade de Moçambique, de preferência a Estudos Gerais Universitários.
Com o duvido respeito pela terminologia da lei, parece chegado o momento de substituir Estudos Gerais por Universidade o que nasceu na terra portuguesa de Moçambique, e nós muito queremos à nossa Universidade, pois o nome próprio dentro e fora das fronteiras, e será a coroação de tanto esforço, de tanto sacrifício, de tanto valor e de tanta fé.
Este é um pedido que tenho a honra de formular solenemente ao Governo da Nação.
Sr. Presidente Não quero findar as minhas considerações a propósito das Contas Públicas sem recordar que há um ano, ao apreciar as Contas do Estado de 1964, me referi: ao problema rodoviário de Moçambique, ao angustioso problema das nossas estradas e pedi instantaneamente a criação e funcionamento breve da Junta Autónoma de Estradas.
A Junta foi criada, empossado o presidente e certamente não lhe faltarão as indispensáveis meios para trabalhar.
Porque é justo aqui devo o mais sincero agradecimento ao Governo.
E agora terminar.
Tenho dito.

Vozes - Muito bem, muito bem!

O orador foi minto cumprimentado