1424 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 79
A industrialização deste produto do remo animal tem de ser feita encarando as múltiplas possibilidades que oferece, antes que outros dominem de tal modo a posição que seja então impossível combatê-las no campo da obtenção da matéria-prima, na sua transformação e na conquista dos mercados.
Em artigo publicado há relativamente pouco tempo num jornal diário que tem à sua frente um cabo-verdiano dos mais ilustres, ao trazer a público o programa e as esperanças da potencialmente mais importante das empresas da especialidade no arquipélago, apresentava-se como valor provável do rendimento anual, em período de realização integral previsto para dentro de três a quatro anos, a quantia de 20 milhões de dólares, só por si suficiente para, apreciada em critério simplista, virar por completo o resultado da balança do comércio, trazendo-
lhe um excedente, isto mesmo tendo em vista a melhoria do nível de vida da população activa, que se deseja caria vez mais concretizado e que não deixará de se fazer sentir na parcela das importações.
Cabe talvez fazer aqui uma mais marcada referência a este empreendimento, o da pesca e congelação, actividades da empresa a que me refiro, a segunda delas já em desenvolvimento e a primeira que esperamos não venha a chegar tarde, a estas se seguirá uma terceira actividade, a de transformação e conservação do pescado, aproximando-se assim do que se considera uma industria completa. Fazemos votos paia que as esperanças que nortearam ,a atitude do Governo-Geral e do Governo da província venham a concretizar-se em pleno, correspondendo à acção, aos esforços despendidos e às facilidades concedidas.
Mas -e isto não constitui de qualquer modo um reparo- fazemos também votos para que, em futuro próximo, Reja possível aumentar a frota pesqueira com unidades construídas em Portugal, provocando o intercâmbio necessário entre as diversas actividades industriais. Condição essencial será a demonstração de que o investimento agora feito, com aval do Estado, tem interesse real, como o é pleno de promessas.
Dentro do quadro das exportações de maior interesse situam-se as dos produtos de duas indústrias extractivas o sal e a pozolana. Processos de extracção mais evoluídos, sistemas de carga e transporte mais racionais e eficientes podem beneficiar estas indústrias, barateando o custo da produção e o custo final no local de destino. Talvez não se possa encarar com o optimismo com que nos referimos à pesca a futura evolução destas indústrias O incremento da exploração do sal e do seu emprego inclusivamente para utilização local, pode encarar-se, mas a pozolana não tem já nos mercados a mesma procura que se verificava há unos, confesso-me, no entanto, foi a deste problema e não posso analisar a possível rentabilidade de uma exploração mais racional.
Encontro-me em idêntica posição no que se refere ao incremento da exploração e exportação de dois dos outros produtos citados a banana e o café. Tendo nesta Assembleia, como colega por Cabo Verde, um distinto engenheiro agrónomo, havendo entre os que me escutam especialistas que admiro e considero, seria quase ridículo emitir uma opinião sobre possibilidades futuras. Que me permitam, pelo menos, dizer, no que respeita ao café, e só a título do verdadeiro apreciador, que, dada a limitada superfície explorável desta preciosa rubrácea, há que olhai mais para a manutenção de uma qualidade que para incremento de produtividade.
E cheguei ao último ponto que queria focar, ponto que envolve um assunto que suscita discussão o turismo. Que me perdoem os colegas que a este problema tão brilhantemente se têm referido e aceitem a garantia de que não pretendo concorrer com o Noroeste e o Sul de Portugal europeu, nem com o que já está feito e é possível realizar nas maravilhosas ilhas da Madeira e dos Açores. Como justificação da minha atitude, direi que mal vai a alma do homem se este não considera o pequeno canto do Mundo onde lhe foi possível pela primeira vez respirar e olhar a Natureza e onde se criaram as condições que lhe permitirão de futuro compreender o significado da palavra «mãe», o local mais belo da Terra, é isto o que me leva a falai neste fenómeno creio que benéfico porque aproxima os homens, que os leva a esta febre de conhecer outros locais outras mentalidades, eu que lhes impõe a necessidade de uma fuga à vida trepidante de todos os dias.
Vozes:- Muito bem!
O Orador:- No turismo há motivos de encantamento, há sempre algo que nos chama e, por vezes, nos prende, e o que o turista exige, primordialmente são os fáceis e cómodos meios de acesso e uma estada repousante e convidativa, e se no decurso dessa estada, foi possível mostrar-lhe belas punas em climas admiráveis, como na ilha do Sal, paisagens verdejantes, como em Santiago, no vale do Paul, em Santo Antão, no da Ribeira Brava, em S. Nicolau - o tal cantinho onde nasci -, testemunhos históricos como o da cidade velha etc , a garantia de agindo existe.
Vozes: - Muito bem!
O Orador:- E todos sabem que o turista é insaciável procura sempre novos horizontes constitui apreciável fonte de divisas.
Tenho em mente este problema, sinto-me levado a voltar ao problema dos transportes, tão conexos são os dois. Há cerca de um ano quando tive a oportunidade de saudar V. Exa., Sr. Presidente, quando, pela primeira vez, nesta Assembleia, tive o apoio de procurar prender a vossa atenção, falei neste assunto e tentei justificar por que o fazia. Só agora, passado já mais de um ano, se vê o problema pràticamente solucionado no que respeita à ligação entre ilhas, mas a custa de quantos sacrifício, de quando desgaste fisiológico dessa boa gente de Cabo Verde, que o Governo da província sempre procurou animar na busca de soluções que o minimizassem, o que, em parte se conseguiu com o precioso auxílio do Governo da Guiné. Graças ao esforço das Oficinas Gerais de Material Aeronáutico, a que presto aqui homenagem na pessoa do seu ilustres e dinâmico director, do qual quero também fazer realçar o espírito de compreensão e patriotismo.
Vozes:- Muito bem!
O orador:- restabeleceu-se, com material da província, a ligação entre as ilhas por via aérea, graças à compreensão do Governo, voltaremos brevemente a ter carreiras rápidas e seguras por via marítima. Ouso mesmo dizer que talvez a solução adoptada não fosse a mais económica, mas teve um mérito deu a noção exacta da necessidade absoluta de tentar uniformizar as nossas frotas aéreas, escolhendo um só tipo de avião para a circulação dentro das nossas diversas províncias. Assim procedendo, sob a orientação de uma comissão central, seria possível criar as possibilidades técnicas para as necessárias e inevitáveis reparações, assim como um bem apetrechado depósito de peças, tudo apoiado em organização já existente e onde seria possível a preparação de pessoal especializado. Não o fazendo, e porque os tipos de aviões