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1492 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 82

investimentos consumidos sem proveito económico e social ou não tenham influência perceptível nalgumas actividades nacionais.

Quer dizer
Os nossos inimigos não contavam com isto, julgavam que, levantando uns magotes inconscientes e ordenando-lhes que matassem e destruíssem por todos os meios até os mais bárbaros e incríveis variariam a presença portuguesa do ultramar português.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - esqueceram-se todavia de que não tínhamos acabado de chegar ali e de que para chegarmos até onde chegámos tivemos de praticar o milagre de descobrir e a graça de sofrer.
Foram muitos os portugueses que soçobraram para que Portugal prosseguisse.
Com a dor aprendemos a resistir.
Coma adversidade aprendemos a triunfar.
Eles olvidaram isto e entregaram o nosso caso sem mais preocupações a uma onda sanguinária.
Não sabiam ou fingiam não saber que a Historia não se enobrece com assomos de crueldade mas com atitudes de eleição.
Enganaram-se em tudo.
Os milhões que gastamos - acentua-se no parecer - «não se desfazem em fumo na densa selva de terras ignotas húmidas e escaldantes ou em descampados infinitos nos confins de fronteiras mal definidas».
As estradas e os aeroportos estão servindo para reduzir as distancias os portos do mar abrem-se mais e melhor á navegação, as fontes de energia aumentam as unidades industriais crescem de numero há mais gente mais comercio, mais obras mais vida.
Robusteceu-se a mentalidade de assegurar o pão do futuro com a seara do presente.
Não se pensa em arredar pé nem em deixar o génio civilizador á mercê do derrotismo.
Como outrora avançamos por entre perigos transformando-os em marcas de caminhada vitoriosa.
Eles pensavam que este povo seria desviado da sua missão com a mesma facilidade com que se desnuda o arbítrio da cupidez.
Portugal fez história e sabe continuar a fazê-la, o que é muito diferente de não ter passado e querer engodar o porvir com o isco da fantasia.
No entanto cumpre levar o raciocínio mais longe.
Estaremos unicamente a defender a nossa realidade nacional?
Muito se tem dito já a tal propósito.
Mas convém recordar e reconsiderar.
O nosso combate em África não é só pelas fronteiras da Nação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Também é em defesa do continente em que batalhamos em defesa das suas populações atraídas por falazes e imortais deslumbrantes da sua economia arruinada do seu processo político cortado por revoluções sangrentas da sua vida social mergulhada no caos, do seu amanhã tristemente comprometido.
Também é pela Europa naturalmente disposta a dar as mãos á África e nunca a ser escorraçada por ambições contrarias ao seu destino.
Também é pelo Ocidente, que deveria estar todo ao nosso lado, no serio objectivo de se defender a si próprio.
Também é pela civilização cristã, que bem escusa de pretender salvar-se com entendimentos mais ou menos progressistas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Procura reformar-se o mundo a partir de ideias novas. Mas o que temos visto é o mundo diminuir-se ao choque de ideias que o esboroam.
Chegou-se a ponto de definir a maioria pela exclusiva quantidade e de a tornar como base da autodeterminação dos povos.
Mas se realidade assim fosse se o tumulto da maioria valesse tanto como querem porque não haveria então de se entregar o governo da Organização das Nações Unidas aos países afro-asiáticos designadamente aos de independência pre-favricada? Porque não haveria de se atender ao volume demográfico da China Popular, averiguar se os vieteong são mais tantos do que os verdadeiros sul-vietnamitas e dispor as coisas para a eventualidade de os negros norte-americanos virem a exceder em numero os brancos seus patrícios?
Que seria deste mundo se o deixássemos vogar no inefável concerto da maioria!
Quanto a África a sul do equador teríamos pelo menos 3 milhões de brancos atirador ao mar só por serem brancos. Ao mesmo tempo vingaria o ódio racista daquele curioso chefe zulu que « preconiza a destruição de todo o traço de civilização branca sobre o continente negro». Até os símbolos não escaparam. E talvez que nessa altura nem todos os autores e nem todos os cúmplices - de tão espantoso feito estivessem de acordo em o celebrar. Talvez mas sem remédio para as vitimas e para os arrependidos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente. Estive há pouco em Angola e em Moçambique Afaguei as pedras de Massangano curvar-me perante o monumentos aos mortos de Mariacuene demorei-me em profundo recolhimento na Aldeia da Barragem no Lampopo junto do túmulo desse mestre de colonização que foi Eng.º Trigo de Morais no lugar dos Barracões em Sá da Bandeira orei no pequeno cemitério onde estão sepultados alguns dos heróis que criaram os fundamentos da cidade.
Comovi-me a ponto de sentir a alma inundada de orgulho de ser português. E mais viva ou porventura mais intensa foi a minha emoção quando ao falar com uma sobrevivente da Segunda leva de colonos madeirenses ela rematou as suas evocações dizendo:

O inato era difícil mas o capitão mandou navegar - e navegamos!

Como as afirmações do passado se prolongam no presente!
Suportamos e continuamos a suportar pesados encargos financeiros com a guerra do ultramar. Além da Fazenda nela consumimos algumas vidas ardosos. Não obstante temos navegado e navegaremos. A própria voz do capitão continua a ser a voz do povo - deste nosso povo sempre atento aos perigos que o ancaçam e sempre disposto aos sacrifícios que o salvam.

Vozes. - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.