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23 DE MARÇO DE 1967 1603

talha da colonização - da colonização que não é de forma alguma o pejorativo «colonialismo» hoje tanto em voga na O. N. U. e na Suécia, se não aquela que foi e é protecção e cristianização, a integração das massas nativas numa comunidade nacional que é a do todos nós, Portugueses, obra máxima de lusitanidade que foi sempre a glória e pode considerar-se hoje o orgulho de toda a Nação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E isso não se conseguiu pela força do numero ou das armas, que, todos o sabem, foram sempre, e até 1961, reduzidos, quando não insignificantes. Deveu-se, sim, ao alto teor de simpatia humana que as gentes de Benguela souberam por vocação lusíada, inspirar às populações, tornando tradicionalmente aquela cidade, em Angola, como um toda a Nação a cidade-tipo do convívio multirracial Benguela foi assim o cadinho maravilhoso que fundindo o protótipo do português do ultramar é hoje o fundamento impar da razão portuguesa perante o Mundo.
Sr. Presidente, Srs. Deputados. Essa é a traços largos, a historia pregressa da cidade africana portuguesa que em 17 de Maio próximo completará 350 anos de existência. Foi ela a cidade mãe de numerosas cidades vilas e aldeias de Angola. Examinou-se por isso muitas vezes. Os seus progressos foram, por esse motivo, muito lentos e, por vezes, devido a desatenções governamentais, tão arreliantemente lentos, ou até inexistentes que geravam mal-estar mesmo desentendimentos - que não de portuguesismo, um portuguesismo sem jaça, diga-se de passagem -, entre algumas camadas da população e o Governo. Mas isso são águas passadas que já lá vão. Houve - e foram alguns benguelenses responsáveis - quem tivesse o merito de desanuviar, clarificar a atmosfera. E a acção compreensiva benfazeja e progressiva de alguns grandes governadores-gerais e distritais - designadamente os três ou quatro últimos de ambas as categorias - pôde realizar, afinal facilmente, o «milagre» do perfeito entendimento que é o de hoje e de há vários anos, e maior ainda a partir dos acontecimentos de 1961 Benguela retoma assim a ora velha, crença no futuro e é hoje das mais progressivas cidades de Angola.
Até sob este aspecto o exemplo de Benguela se me afigura digno de ser dado a conhecer à Assembleia Nacional nesta sua derradeira sessão anterior às comemorações de 17 de Maio, cujo momento mais alto seja aquele em que, à sua mais moderna e vasta praça - a do chamado Centro Cívico - vai ser dado o nome ilustre do Chefe do Estado, Almirante Américo Tomás. E cumpre-me esclarecer a Câmara de que outra grande praça da cidade, aquela em que se situa a sede do Município tem o nome igualmente ilustre do Chefe do Governo, Prof. Oliveira Salazar.
E termino, Sr. Presidente, esta minha intervenção com a sugestão e voto - como os que apresentei exactamente há um ano - de que mais uma vez pela acção conjugada do Ministério do Ultramar e do Governo-Geral de Angola, mais alguns membros desta Assembleia sejam convidados a visitar aquela nossa província ultramarina tantas são as vantagens de toda a ordem que do conhecimento directo que assim vão obter podem e devem resultar para o País.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Braz Regueiro: - Sr Presidente. Neste mundo conturbando e impregnado de materialismo não sei, em almoeda, a como vai cotada a vida humana.
Sem perigo de atraiçoar a doutrina em que fui nado e criado, a vida para mim continua a não ter preço e, como valor inestimável, é de Deus e transcende, em ultima análise, a ambição e o destino dos homens.
Não podermos usurpar o Poder de Deus, se só Ele nos da a vida inteligente só Ele no-la poderá tirar. Acresce que sou médico e fiz um juramento de Hipocrates chamado que me obriga a aceitar todos os sacrifícios por amor do próximo, com o retorno de um só prémio e uma só compensação - a paz da consciência quando o dever esta cumprido.
A fronte do médico, cinge-a uma dupla coroa de espinhos sofremos as nossas dores
e as dores alheias E, se não for assim a arte de curar nunca seria um sacerdócio.
Guerras calamidades epidemias catástrofes, tudo o que implica sacrifício da vida humana encontra no médico o mais aguerrido e destemido adversário.
Peço a palavra hoje a pedido de algumas mães portuguesas e ao apelo e clamor de uma população indignada que me pedem que levante a minha voz em defesa do prestígio da civilização, da moral, da filantropia e até da crença, religiosa, num protesto contra as famigeradas e perigosíssimas passagens de nível que todos os anos ceifam impiedosa e cruelmente, dezenas de vidas que constituem sem duvida quota-parte do mais inestimável valor nacional.
Raro é o dia em que os diários não registam mais uma vítima de uma dessas ratoeiras que são as passagens de nível. Umas vezes, e a morte por junto por (...) uma camioneta, um automóvel, são estragados pelo monstro de aço e dezenas de vidas se perdem. A catástrofe é então notícia de sensação e arrepia, na medida em que repugna a responsabilidade do crime.
Do crime! Do crime sim.
O quinto mandamento diz «Não matarás» e, na medida em que as vidas se perdem e a indignação geral não encontra resposta, todos somos culpados, todos somos criminosos.
A não tomarmos medidas imediatas paia evitar esta história trágica dos nossos dias essa mortandade constante a exigir solução e termo esse (...) trágico de mortes a suscitar explosões do raiva, gritos de revolta e acerbos comentários, enquanto não tivermos primordial respeito pela vida do nosso semelhante pela vida humana, pondo dique a uma sequência de desastres que determinam inevitável e justa indignação e naturais protestos e clamores, nunca terá fim a expressão do nosso desgosto e da nossa inquietação.
Todos estes comentários validos, humanos aflitivos e aterradores têm em mua alertar os responsáveis para a solução de um problema que tem tanto de humano como de social.
Que me seja permitido um apontamento particular para o que se vem passando nas fatídicas passagens de nível sem guardas existentes dentro da cidade de Viana do Castelo.
A perda de vidas ultimamente registada, a aumentar o martirológo sempre crescente, tem nestes últimos dias alimentado uma campanha de protesto dos jornais diários e dos regionais a até a televisão portuguesa dedicou ao caso numa das últimas noites acerbo comentário.
Autênticas ratoeiras, uma delas - «A Guilhotina», como tristemente é conhecida - funciona frequentemente, apesar dos letreiros «Pare, escute e olhe», que