O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

23 DE MARÇO DE 1967 1645

a Pátria das arremetidas de bandoleiros a soldo internacional, continuam a escrever as mais belas páginas da que a ambos os países pertence

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Esta nova força espiritual e afectiva, este «todo» indestrutível, deve-se, em grande parte, à contínua fixação de muitos milhares de portugueses no Brasil, que, constituindo numerosos núcleos de população lusa, trabalham para o progresso e desenvolvimento da nação em que passaram a viver.
O português radicado no Brasil não se desenraíza e passa naturalmente a amar as duas pátrias. Por sua vez, o brasileiro encontra no português o seu grande companheiro de trabalho, o seu colaborador de todas as horas.
A comunidade luso-brasileira revela-se, pois, uma unidade perfeita, um bloco filme, em que as origens fraternas dos dois povos se fundem, projectando a sua cultura, a sua civilização e o seu espírito realizador para além das suas próprias fronteiras.
Portugal e Brasil - mais unidos pelo mar Atlântico que não os separa - caminham vertiginosamente com os olhos postos no futuro, trabalhando pelo seu progresso, com tenacidade, com firmeza, na mais íntima comunhão de sentimentos.
A fraternidade luso-brasileira faz parte integrante da história de ambos os países e não está vinculada, apenas, por tratados assinados nas chancelarias, mas, minto em especial, por princípios imutáveis nascidos e fortificados por uma perenidade de civilização cristã, que define e abarca o que para alguns, poderá ser classificado por um fenómeno, mas que traduz a mais pura e ostalina afinidade de pensamento e acção.
Ao darmos o nosso apoio à reciprocidade de afecto e entendimento concretizada na moção acabada de ler, permitam-me que formule o seguinte voto.
Que a promulgação do Dia da Comunidade Luso-Brasileira constitua o melhor e mais necessário estímulo para que o Tratado de Amizade e Consulta venha a ser - como foi idealizado - o instrumento capital da unidade que faz parte do património histórico dos dois países.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado

O Sr Alberto de Araújo: - Sr. Presidente: Tive a honra de iniciar, na sessão da Assembleia Nacional de 7 de Dezembro de 1954, o debate relativo à ratificação do Tratado de Amizade e Consulta, celebrado entre o Presidente da República do Brasil e o Presidente da República de Portugal, e em cujo texto figurava o compromisso das altas partes contratantes de estudarem, sempre que oportuno e necessário, os meios de desenvolver o progresso, a harmonia e o prestígio da comunidade luso-brasileira.
Tenho ainda bem presentes na minha memória a magistral comunicação feita nesse dia à Assembleia Nacional pelo Sr Presidente do Conselho e a notável oração proferida nesta Câmara por esse grande mestre da história e da palavra que é o Prof. Lopes de Almeida.
Parece que foi ontem e já são passados mais de doze anos, porque o tempo tudo galga e leva rapidamente na sua corrida vertiginosa.
Neste período atribulado e difícil, acontecimentos da maior importância e transcendência se deram no Mundo ambições o cobiças voltaram a pairar sobre os destinos perenes da Nação Portuguesa, que se viu obrigada a vestir, de novo, as buas velhas couraças e armaduras de guerra para defender os territórios e as populações que pacificamente vivem sob a protecção da sua bandeira.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Apesar de todas as intrigas, das influências estranhas, do jogo de todos quantos no Mundo só espalham o dissídio o ódio e a divisão, a verdadeira alma do brasil nunca nos abandonou para, obedecendo à voz do sangue, exprimir na língua comum os sentimentos que unem as duas nações - irmãs nos séculos e na história.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Têm sido de duração efémera os nossos desentendimentos. São como aquelas ondas alterosas que o sopro dos ventos forma à flor dos mares, mas que, terminada a tempestade passageira, logo se desfazem em espuma mansa e suave para beijarem a magia e a doçura da terra.
A Câmara dos Deputados do Brasil, dentro da letra e do espírito do Tratado de Amizade e Consulta, quis instituir o Dia da Comunidade Luso-Brasileira. E desejou emprestar-lhe especial significado, fixando que a sua celebração coincida com a comemoração da data em que Pedro Álvares Cabral descobriu as terras que, mais tarde haviam de constituir uma das mais portentosas nações do continente americano. Tem isso, para nós, um alto significado. Significa, acima de tudo, que o Brasil permanece estruturalmente fiel ao génio de Portugal e que a data que mais o enobrece é a que comemora a sua descoberta pelos Portugueses.
Temos de responder, Sr. Presidente e Srs. Deputados a este gesto de profunda simpatia e amizade votando a moção sujeita à aprovação desta Câmara. Se na vida de relação e no convívio individual as amizades se conhecem nos momentos difíceis, na comunidade internacional não podemos esquecer aqueles que nos afirmam a sua solidariedade quando defendermos, pelas armas, a nossa razão e o nosso direito.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Orador:- Há pouco tempo ainda um ilustre almirante do Brasil exprimiu em Luanda a convicção de que «em breve e por muitos anos, continuarão a vir brasileiros a esta Angola Portuguesa».
O Vaticano tem sinceridade e tem beleza. É um mortamento a juntar-se aos nossos estímulos, uma esperança a acrescer à nossa fé, um voto a confundir-se com as nossas próprias certezas.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Orador:- E tem o encanto e o sabor de ser formulado na língua portuguesa, nessa mesma língua em que Pedro Álvares Cabral mandou fazer rumo ao Sul quando nos Horizontes inquietos e distantes já se adivinhavam as terras promissoras de Santa Cruz, nessa mesma língua em que, volvidos mais de quatro séculos e meio, hoje, como sempre, os nossos capitães de África dão as suas vozes de comando para que não se atraiçoe