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1654 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 88

(...) preces pelo bom entendimento entre os homens não se elevaram apenas ao céu de latima foram erguidas ao céu de Portugal, ao céu de todo o Mundo! Dirigiram-se a toda a humanidade! E aí residirá o fundamental do segredo de Fátima - na parte revelada na parte por revelar
Memorável, inesquecível - sem duvida (...) - manifestação de fé, a um tempo tranquila e estuzante, em que naquele recanto sagrado da diocese de Leiria, nas suas imediações e nas estradas dos peregrinos, milhões de cérebros e de corações se elevaram na supremo oração a favor da paz entre todos os homens - aquela paz por que todos anilamos, aquela paz que não seja apenas a trégua das armas, mas também, sobretudo, a propiciada dentro de todos nós por desejável estado de espírito - esse estado de espírito que será o veículo máximo do quebrar das armas nos campos da guerra nos campos do conflitos, grandes ou pequenos que eles sejam!
Impressionantes manifestações de fé e de ansiedade se desenvolveram por todo o País e por todos os núcleos de portugueses empalhados por todo o Mundo Gentes de todas as condições levaram ao coração de Sua Santidade a certeza de que bom assenta em Portugal a sua já centenária qualificação de «nação fidelíssima». E logo que pisou solo lusitano, pela voz do seu venerando Chefe de Estado, os Portugueses atinaram também a Sua Santidade «Consideramos parte da nossa história a nobreza do título, que não ostentamos com orgulho, mas apenas como indicativo de um dever apostólico a cumprir. Foi por isso profunda a emoção que se apossou deste povo e vibrante o seu jubilo ao saber da decisão do Santo Padre de vir a Fátima no dia mais simbólico do ano em que se celebra o cinquentenário das aparições. Estou certo de que Vossa Santidade não haverá experimentado surpresa perante as expressões de regozijo que lhe hajam chegado, e tão-pouco haverá estranhado a intensidade do sentir que a todos anima»
Por que não se julgue que esta peregrinação de Paulo VI teve apenas a acompanhá-la de perto aqueles que estavam em terras metropolitanas. Não! Em cadeia espiritual das mais firmes proporções, encontravam-se todos os portugueses - também os do ultramar, também os que se encontram em qualquer outra parte do Globo, em patuás diferentes mas escolhida, para suas actividades dignas, essas actividades que, mesmo exercidas com intensidade, não os deixam esquecer os vínculos da terra-mãe! Que o digam as próprias manifestações, a que se dedicaram
tais portugueses em paralelismo perfeito com as que se desenvolviam na metrópole por ocasião dessa memorável jornada de fé que foi a peregrinação de 13 do Maio a Fátima- aureolada pela presença de Sua Santidade!
Todos os portugueses que de longe não puderam vir à metrópole a ela chegaram em espírito! Pois se até os estrangeiros amantes da paz entre os povos, entre os homens - e (...) são eles e ainda felizmente - seguiram alvoroçados essa admirável peregrinação de Sua Santidade, essa admirável manifestação de Fátima!
Sr Presidente Ainda que Sua Santidade Paulo VI, pela clarividência que o exorna, de há muito se houvesse dado já conta do fervor da vontade - quase daríamos do directo - que Portugal tinha de que efectuasse tão expressa peregrinação até Fátima a verdade é que não nos podemos esquecer da maneira como, sob principal inspiração do Rev. Bispo de Lema, D João Ferreira Venâncio, toda a hierarquia da igreja portuguesa soube dar a conhecer a Sua Santidade tal vontade. O que, também em boa verdade, como que apenas serviu para se começar a materializai o pensamento de Sua Santidade o de vir como peregrino da paz a Fátima. Como quer que seja, o labor, em obras e pensamentos, do ilustre titular diocesano de Lema e seus mais próximos colaboradores, é francamente credor da nossa maior gratidão, das nossas melhores homenagens
Sr Presidente Estou bem certo, melhor direi estamos todos certos, de que a peregrinação de Paulo VI a Fátima será acontecimento para recordar em todos os tempos. Acontecimento que, por isso mesmo, ficará na história, não apenas dos fastos da igreja portuguesa, mas também na dos fastos do País, acontecimento a que a nossa Força Aérea, em Monte Real, já prestou veneração, erguendo placa de bronze onde se gravou esta singela, mas expressiva legenda

AQUI CHEGOU
D'AQUI PARTIU
PAULO VI - PAPA
13/MAIO/967

Congratulo-me - e certo estou de neste sentimento ser acompanhado por toda a Assembleia -, congratulo-me pela honra que a Portugal foi dada pela peregrinação de Sua Santidade Paulo VI, escolhendo Fátima para lançar ao Mundo o que talvez tenha sido o mais vibrante dos seus apelos à paz entre os homens, em prece especial, dando um como que turno de mais elevada espiritualidade às próprias preces dos fiéis congregados no Santuário e fora dele
E vou terminar, Sr Presidente mas não sem dizer ainda que não foi sem sobressalto imenso que o Mundo soube ultimamente da doença que levou Sua Santidade para uma mesa operatória, e que também todo o Mundo muito se congratula com a circunstância de a operação ter decorrido o melhor possível, ao mesmo tempo que faz votos e espera rápida e boa convalescença de Sua Santidade, para que todos possamos, dentro em pouco, contar de novo com o seu labor de alto nível moral, de alto e paradigmático estilo a que nos habituamos desde sempre - a que Paulo VI afinal nos habituou quando ainda era o eminentíssimo cardeal Montim
A esses votos de todo o Mundo eu aqui me associo e também certo estou de continuar a sei acompanhado por toda esta digna Assembleia
Tenho dito

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador fui muito cumprimentado

O Sr Armando Cândido: - Sr Presidente Durante o período que mediou entre a ultima sessão e esta em que estamos reunidos faleceu o nosso colega Dr. Manuel Nunes Fernandes. Algumas razões, e todas elas poderosas, me levam a usar da palavra
Nunes Fernandes foi meu condiscípulo na Faculdade de Direito de Coimbra Pode dizer-se que de 1921 a 1926 labutámos, dia a dia, na mais fraterna camaradagem Por vezes estudámos juntos. Tive assim tempo bastante para apreciar as qualidades do seu carácter e os dons do seu coração. Participando do ardoroso entusiasmo com que vivíamos a estuante vida de então na bela e inesquecível cidade do Mondego, nunca o vi desertar nos momentos de tristeza. Desgosto que me ferisse era também desgosto que o molestava. E nas horas de luta - de luta pelo ideal comum -, em que tinha de me concentrar no esforço da réplica ou da ofensiva, sempre me dispensou o seu apoio moral, animando-me com o mais generoso e preocupado empenho
Diz-se que o «protótipo da amizade mais pura, mais desinteressada, mais leal e mais firme que gamais pulsou num coração humano» foi a que uniu o infante das sete (...)