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7 DE NOVEMBRO DE 1967 1653

Depois é a santa missa, é a leitura da sua mensagem ao Mundo, são as manifestações de ternura para a irmã Lúcia, única sobrevivente dos três pastorinhos das aparições, e para a família desta.
Paro aqui na descrição do que todos conhecem já, dado em forma mais completa, mais viva, pela televisão, pela rádio e pela imprensa.
Talvez não devesse ter começado.
Vou terminar por aquilo a que me dirigia.
Repercute-se dentro de mim o eco das palavras de gratidão do Santo Padre ao Chefe de Estado, ao Governo e ao povo, da benção apostólica que a todos concede, aos representantes da hierarquia e aos leigos de Portugal continental, insular e ultramarino.
Sua Santidade teve de submeter-se no Sábado a uma operação que provocou a maior emoção no Mundo. Graças a Deus, tudo correu bem.
Tenho a certeza de interpretar o sentir unânime da Assembleia exprimindo o nosso agradecimento ao grande peregrino de Fátima e fazendo votos pelo seu rápido restabelecimento, para maior glória do seu pontificado e da Igreja.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente:- Tem a palavra, antes da ordem do dia, o Sr. Deputado Mário Galo.

O Sr. Mário Galo:- Sr. Presidente. Coube-me a honra de ser o primeiro Deputado a usar da palavra nesta reabertura de trabalhos da Assembleia Nacional, pelo que também muito honrado me sinto por poder dirigir a V. Exa. os cumprimentos que lhe são devidos, não por simples dever de cortesia, mas por sentimento da muita consideração de que V.Exa. é merecedor por parte dos Deputados que compõe esta Assembleia.
Sr. Presidente, prezados colegas. Se é verdade que em qualquer de nós ficaria ou fica certo que falasse ou fale da peregrinação de Sua Santidade o Papa Paulo VI a Fátima, dado que Fátima se confunde com Portugal e até se vai confundindo com o mundo cristão, se não quisermos dizer que se confunde com todo o mundo que anseia pela paz- Sua Santidade foi em Fátima o grande peregrino da paz!-, se, com efeito, isso é verdade, impossível seria que a tal se não referisse pelo menos um dos representantes do distrito que teve a honra de ver no seu termo administrativo e diocesano a chegada e a partida de tão egrégio peregrino.
Sr. Presidente: Não obstante a visita de Sua Santidade ter ficado bem historiada e focada de forma admirável pelos órgãos da informação, escrita, falada e televisionada de todo o Mundo, não quero deixar de, nesta Casa da Representação Nacional, consignar a minha satisfação imensa pelo evento ainda que manifestando-a sem o lustre que outros lhe poderão dar.
Neste ano da Fé-1967-, em que se traz à memória de todos o martírio, há exactamente 1900 anos, desses dois grandes atletas do cristianismo, que foram (e são e serão no transcurso dos tempos)S.Pedro e S.Paulo, neste ano-1967-, em que se comemorou o cinquentenário das aparições de Fátima neste ano-1967-, em que Portugal proporcionou ao mundo civilizado(a todo o Mundo diga-se) o alto prazer espiritual de comemorar o primeiro centenário da abolição da pena de morte- neste ano, sim, bem nos ficaria gravada, como fasto de glorosa memória a extraordinária peregrinação que fez ao Santuário daquelas aparições Sua Santidade o Papa VI. Tudo, meus senhores, a constituir um ramo de efemérides que Portugal conservará para sempre na sua história cristã, na sua história moral!
O júbilo que se apossou e ainda se apossa de nós multiplica-se na medida em que sabemos que esta peregrinação de Sua Santidade o Papa Paulo VI foi feita sempre sob o signo que tem presidido aos actos do Sumo Pontífice o da paz entre os homens- daquela da paz que procura sempre, mesmo através dos seus contactos (alguns bem recentes) com as restantes altas personalidades, de profissão cristã ou não, que recebe a visita, num sentido primoroso de preconceitos que se quebram perante objectivos que se querem bem erguidos e bem seguidos.
Se a paz tem de ser, sobretudo, um estado de espírito- que não promanando apenas de meios tratados entre governos podem denunciar, destruir ou sobre eles cavilosamente mentir, preparando a guerra enquanto apregoam a paz, desencadeando a guerra enquanto sacrilegamente falam, rindo-se, da paz -, então bem me parece que se prepara e se desenvolve nos nossos dias a mais imponente campanha a favor de uma real paz, pela própria preparação dos espíritos para a terem como instituição única e digna de nós próprios Campanha que Paulo VI, na sequência imediata de pensamentos próprios e dos do glorioso papa João XXIII, e na mediata dos ensinamentos de Cristo, consegue tornar forte, congraçando para já- e nisso tem sido também gigante!- todos os que exactamente nesses ensinamentos têm o supremo lema da conduta dos homens na Terra.
Por isso mesmo, Paulo VI, quando em Fátima se dirigiu ao Mundo inteiro, foi dizendo amorosamente, mas autoritáriamente também «Sim, a paz é Dom de Deus, que supõe a intervenção de uma acção do mesmo Deus- acção extremamente boa, misericordiosa e misteriosa.
Mas nem sempre é Dom miraculoso, mas sim dom que opera os seus prodígios no segredo dos corações dos homens, dom que, por isso tem necessidade da livre aceitação e da livre colaboração da nossa parte. Por a nossa oração, depois de se ter dirigido ao Céu, dirige-se aos homens de todo o Mundo Homens, sede bons, sede cordatos, abri-vos à consideração do bem total do Mundo!
Sede magnânimos, procurai ver o vosso prestígio e aos interesses dos outros, mas sim como solidários com eles! Homens nem penseis em projectos de destruição e de morte, de revolução e de violências! Pensai em projectos de conforto comum e de colaboração solidária! Pensai na gravidade e na grandeza desta hora, que pode ser decisiva para a história da geração presente e das futuras! E recomeçai a aproximar-vos uns dos outros, com intenções de construir um mundo novo! Um mundo de homens verdadeiros!»
Sr. Presidente: Se bem entendi o que Sua Santidade disse nas palavras postas na oração que acabo de transcrever em parte tão significativa- preciso se torna concertar os homens, para se concertar o Mundo! E concertar os homens é, de facto, obra de um estado de espírito.
Não deixa, portanto, de ser empolgante que um dos mais impressionantes apelos a favor da concórdia entre os homens- esse apelo de Paulo VI- haja tido como cenário amorável terras de Portugal!
Gratos devemos estar a Paulo VI por haver escolhido a Fátima para uma das suas magníficas estações nas fervosas preces que tem feito a favor da paz. A imensa cadeia de solidariedade nos pensamentos da paz- Fátima, assim, os alargou à sua diocese, a diocese de Leiria os alargou à sua diocese, a diocese de Leiria os alargou a Portugal de todas as latitudes e de todas as longitudes, e Portugal os alargou a orbe! Isto é as