O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

18 DE NOVEMBRO DE 1967 1765

guirão jamais dissipá-las no meu espírito. Profundamente me penitencio, mais uma vez, perante a habitual bondade e a deliberada compreensão de VV. Ex.ªs para comigo.
Apenas mais umas escassas palavras para finalizar esta minha intervenção:
Por tudo quanto disse se descortinou certamente, o grande carinho que o Liceu de S. Vicente sempre tem recebido da população de todo o arquipélago, e quero também acrescentar, em abono da verdade, que esse carinho ele igualmente o tem recebido, honra seja feita, da maioria dos governantes que pela província têm passado e, não raras vezes, do próprio Governo Central. Seria uma manifesta injustiça não fazer esta afirmação!
Nesta altura das comemorações do seu cinquentenário, entendeu o Governo dotá-lo de um novo, belo e imponente edifício de três corpos, com desenvolvimento vertical em três pisos, dispondo de todos os requisitos essenciais ao seu perfeito funcionamento, ocupando um total de 2296 m2 de área coberta, e com dimensionamento funcional para 1000 alunos de ambos os sexos. O custo total da obra foi de cerca de 10 000 contos, tendo sido também gastos no respectivo apetrechamento mais de 1000.
O acto inaugural deste novo edifício teve lugar no passado dia 9 de Outubro, sob a presidência do governador de Cabo Verde, comandante Sacramento Monteiro, a quem o Liceu de Gil Eanes já tanto deve, e que à causa do ensino em Cabo Verde vem dedicando, desde os primeiros dias do seu brilhante governo, o melhor da sua inteligência e do seu saber, e de tal forma que já nestes últimos dois anos se descortina em toda a província o resultado francamente positivo do plano da ocupação escolar do território que pessoal e inteligentemente gizou e pôs em execução.
Deste lugar quero testemunhar o profundo reconhecimento do bom povo de Cabo Verde, e em especial o da ilha de S. Vicente, a S. Ex.ª o Ministro do Ultramar, Prof. Silva Cunha, que tornou possível a concretização do novo edifício do Liceu de Gil Eanes, que, na cidade do Mindelo, ficará como símbolo a atestar a oportuna e inteligente orientação que o ilustre Ministro vem imprimindo em todos os actos do seu governo, e que também, muito justificadamente, servirá de estímulo aos professores e alunos do Liceu de S. Vicente, para que prossigam devotadamente no caminho traçado há 50 anos pelo grande governador Fontoura da Costa, para honra e glória de Cabo Verde.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Hirondino Fernandes: - Sr. Presidente: Há pouco mais ou menos um ano agradecíamos deste mesmo lugar a honra e prazer da visita que ilustres membros do Governo tinham feito a terras de Bragança.
É facto análogo que nos leva, de novo, a usar da palavra.
Poderá isto parecer, assim, à primeira vista, «sermão encomendado». Mas não é. Não é uma simples questão protocolar - que nunca fomos de protocolos e já agora em tal nos não queremos tornar -; usamos da palavra porque razão e coração, conjuntamente, a isso nos levam: trata-se de um membro do Governo que propositadamente nos visitou para estudar in loco os problemas do mesmo, que respeitam ao seu Ministério.
É um filho de há muito ilustre e querido de Bragança. Conhece, de há muito, as muitas dificuldades por que a sua terra tem passado, e por isso cria, em boa hora, por certo, a Comissão Coordenadora de Obras e Melhoramentos Rurais, a que se refere a Portaria n.º 22 901, de 15 de Setembro último.
Muito embora conhecendo essas dificuldades todas, de Castelo Branco a Bragança, quer vê-las com seus próprios olhos. E parte.
Vai aqui e vai além: de carro, ande este vai: a pé. onde o carro não chega, a fim de conscienciosamente analisado cada problema de per si, se não deixar arrastar por falsas aparências ou por ideias impraticáveis, megalómanas.
Inteligente e probo, só as realidades o chamam, é sobre o que é realizável que o seu espírito esclarecido se debruça.
E depois até na sensibilidade é grande: não quer recepções espectaculares, S. Ex.ª obriga mesmo à promessa de que as não haverá. A visita quere-a puramente de estudo, pelo que vão com ele os seus mais directos, os seus mais responsáveis colaboradores.
Bem merecia e bem precisava Bragança e todo o Nordeste a honra desta visita: merecia-a pelas inúmeras potencialidades que encerra, desde as riquezas do seu subsolo até estoutras bem de considerar igualmente - a- linguagem, a etnografia, o folclore, a lhaneza e simplicidade dos seus habitantes; precisava-a porque, se no globo há justiça, o Nordeste andou, durante muito tempo, injustamente esquecido. Justo é, pois, que só lhe leve, como ainda há dias tão brilhantemente dizia o ilustre Deputado Sr. Dr. Marques Teixeira, «mais civilização, mais progresso, mais conforto, mais felicidade - a plenitude da esperança e da alegria de viver».
Mais que ninguém, tem de ser o governante equitativo, recto, imparcial. Ninguém com um mínimo de consciência pode pedir outra coisa, mas moralmente ao menos, exige-se isto mesmo, ou seja, neste nosso caso, que as povoações tenham, estas como têm as demais, todas elas a sua estrada, e lhes não falte a água, e lhes não falte a luz e tantas outras coisas que muitas nunca conheceram.
Pois bem merece tudo isto a nossa gente, que estòicamente tem vivido atrás dos montes, longe do que se chama civilização, mas resignada sempre e colaborando activamente sempre que o seu esforço tem sido pedido.
Tudo tem, porém, um limite, como já foi visto pelo Ministro cessante, S. Ex.ª o Eng.º Arantes e Oliveira, a quem o distrito inteiro, a quem o País todo tanto devem; muito tem todavia, a fazer ainda, como já viu, o actual titular.
Foi singularmente grata ao nosso coração esta longa caminhada de S. Ex.ª o Eng.º Machado Vaz - prova de que na medida das suas possibilidades financeiras o técnicas vai fazer quanto puder.
Pois confiada, mas ansiosamente, como é compreensível, ficamos aguardando solução para os problemas que as autoridades político-administrativas lhe apresentaram, desde as arribas do Douro até aos cimos da serra da Coroa.
Isto, Sr. Presidente, envolvido no calor de um muito cordial bem haja foi quanto se passou e quanto julgamos ser nossa obrigação comunicar a esta Câmara, à qual cumpre saber o que se passa pelo País fora.
Mas isto, que foi tanto, não foi, no entanto, tudo. A isto há a acrescentar uma outra palavra de agradecimento, como a primeira. Vai esta para S. Ex.ª o Ministro das Corporações, Prof. Doutor Gonçalves de Proença, que nos deu igualmente a honra da sua visita.
Era esta todavia, bem diferente daquela: os problemas tinham sido estudados, a obra chegara a bom