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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 143 2610

eram remotíssimas e sonhadas aspirações dos povos, no sistema das suas comunicações rodoviárias. Penso, por exemplo, na estrada de Castro Daire-Cinfães-Porto, que esteve largos anos detida, não sei por que forças misteriosas ou decretos do destino. E na estrada Viseu-Lamego, unindo e aproximando as duas cidades irmãs, ligação integrada na grande via interior de Chaves a Faro, paralela à do litoral, variante de vasta função económica e de considerável atracção turística. Porém, também esta esteve largo tempo detida na sua marcha, por não sei que enguiço ou mau olhado, talvez por não saber nadar e uma ponte, pouco mais de pontão, constituir maior obstáculo que a construção da Ponte Salazar.

Penso ainda na estrada do Caramulo. Quando em Março de 1966 me ocupei de alguns aspectos das vias de comunicação do distrito de Viseu, solicitei que se acudisse à estrada que desce do Caramulo para as bandas do Vouga, ligando os dois formosos vales de Besteiros e Lafões, pelo dorso e encosta da serra que os poetas chamaram a "mais linda serra" e pode ser elemento de valor para o complexo da nossa indústria de turismo. Em deplorável estado, praticamente sem faixa de rodagem, seguir pela estrada do Caramulo constituía uma aventura a que se arriscavam apenas os empurrados pela necessidade, apesar dos gemidos e gritos de protesto das viaturas. Porém, desponta já, mais que a esperança, a certeza de novos dias. Já por lá demora a maquinaria e fazem-se preparativos para o arranque. Estão dotados os trabalhos de pavimentação a betuminoso do troço da estrada nacional n.° 333, entre o alto de Vilharigues e Pés de Pontes. Outros lanços se lhe seguirão até Varzielas. Nas pedreiras de Campia já se procede à extracção do granito destinado aos paralelos que irão pavimentar quilómetro e meio de estrada, na travessia das povoações de Alcofra. E motivos turísticos e de tráfico estão a impor beneficiação, que já se pressente, na estrada Celorico da Beira-Viseu-Mealhada-Coimbra.

Por estas e muitas outras coisas, velhas aspirações a transformarem-se em realidades, quero deixar aqui uma palavra de reconhecimento ao Governo. Sem a sua correcta administração e acção governante frustrar-se-iam os esforços e diligências das entidades administrativas e técnicas. Mas não acabam nunca as tarefas dos governos e das autoridades locais, porque o progresso não pode parar e porque as exigências satisfeitas trazem novas exigências e aspirações, por vezes autênticos imperativos, para não dizer necessidades.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Quero referir-me ainda à situação de alguns povoados rurais onde o médico tem relutância em meter o automóvel. Cito como exemplo o caso das povoações da periferia da freguesia de Pinheiro de Lafões. Os particulares ligaram velhos caminhos da Pré-História, um pouco posteriores à invenção da roda, onde agora a necessidade faz deslizar pneus. Um desses caminhos antigos é um troço da via romana, sobre cujas lajes côncavas se atiram, todos anos, umas pàzadas de terra e saibro para amortecer os solavancos ruidosos e desastrosos. Estas ligações podem e devem ser melhoradas, unindo entre si os diversos povoados periféricos. E todos poderiam ser beneficiados por uma estrada única, de ligação directa à sede do concelho, estrada breve e de fácil construção, que serviria também Travassos, da freguesia de Oliveira de Frades, que se encontra em situação semelhante à das povoações de Ral, Ponte Fora, Couço e Porto Ferreiro, cujos moradores têm de fazer um ângulo recto, por caminhos improvisados e arriscados, para chegarem à sede do concelho.

Se dificuldades existem, penso, que não é impossível removê-las, com a colaboração das juntas de freguesia, câmara municipal e Direcção de Urbanização, cuja boa vontade não ignoro. Este caso é apenas um exemplo - quero acentuá-lo - destes pequenos-grandes melhoramentos para as populações. Podem criar ou fortalecer um sadio clima social, uma atmosfera de confiança, mostrando aos interessados que as autarquias locais e o Governo os não esquecem. E estas pequenas-grandes coisas não estarão naturalmente inseridas nas tarefas de correcção dos desequilíbrios regionais, para que foi criada a Comissão do Nordeste? Penso bem que sim. E certo é que as populações do distrito de Viseu têm os olhos postos, olhos e muitas esperanças, naquela Comissão.

Não se estranhe que só o concelho de Viseu, para caminhos de acesso às povoações isoladas, precisa de cerca de 9000 contos, pois ficaram para o fim os mais difíceis de construir.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: Sei bem que não preciso de solicitar que o Governo não perca de vista estes problemas e chame para eles a atenção das entidades periféricas e lhes conceda o necessário estímulo e apoio. Muitas e grandes coisas estão feitas que a juventude da minha geração nem sonhava possíveis. Mesmo nas zonas menos atingidas pelo surto de progresso e mais carecidas de novos e vigorosos impulsos. E, sem sair da minha província ou distrito, registo com satisfação que a cidade de Viseu se transformou nos últimos tempos.

E só nos últimos três anos o concelho de Viseu electrificou 14 povoações, estando em curso a electrificação de mais 36, ao todo 50 povoações, no montante de 8764 contos. Espera-se ainda grande melhoria nas suas comunicações, no tocante à circulação de pessoas, com o serviço de carreiras de aviões ou táxis aéreos, melhoramento que não beneficia apenas Viseu, mas outras províncias do interior e da zona do Nordeste. Para reunir as populações daquelas regiões mais remotas foi Viseu fadada pela geografia e topografia, dispondo, aliás, de excelente aeródromo de interesse nacional. Utilizando expeditas rodovias ou, em próximo futuro, táxis aéreos, Chaves, Bragança, Vila Real e Lamego atingem facilmente Viseu e, com mais um salto, Lisboa e Faro. E Castelo Branco, Covilhã e Guarda poderão saltar por cima da Estrela para Viseu e da cidade de Viriato para a capital do trabalho, a invicta cidade do Porto, donde alcançam rapidamente Braga e Viana do Castelo e outras cidades e terras do Minho, como Guimarães e Barcelos ... de grande densidade populacional e industrial.

Recente informação indica que os táxis aéreos não virão antes de 1969! É mais um adiamento que se não pode ocultar a cidade e a deixará algo decepcionada. Da T. A. P., contudo, e do esclarecido dinamismo do Sr. Eng.° Vaz Pinto, que tão relevantes serviços vêm prestando ao País, aproximando da mãe-pátria as províncias ultramarinas, esperamos que logrem superar as dificuldades o mais rapidamente possível, aproximando também entre si e da capital as várias províncias metropolitanas.

Para os serviços de ligação interna, o aeroporto satisfaz plenamente: uma pista de cerca de 1300 m de comprimento e 40 m de largura, hangar de construção recente, sala de recepção, instalações sanitárias, arrecadação-oficina, casa para o guarda, escritório, telefone, instalação eléctrica, posto meteorológico e terrenos de aparcagem de automóveis e autocarros. Está, aliás, desafrontado de obstáculos de natureza geográfica ou climatérica, próximo da cidade e com fácil comunicação rodoviária com ela. A pista pode e deve ser ampliada e adaptada ao serviço de jactou, para o Aeroporto de Viseu se tornar utilizável, como alternativa, pelas companhias internacionais, nos dias em que