6 DE MARÇO DE 1968 2611
Pedra Rubras, Lisboa e Faro estejam interditos pelas más condições atmosféricas.
Vozes: - Muito bem!
O Orador: - Estudos já feitos pêlos respectivos serviços técnicos revelam que, naqueles dias, Viseu costuma oferecer as necessárias condições de segurança - em média apenas dois dias por ano faltam tais condições -, o que naturalmente se deve ao seu clima já interior e de altitude. Evitar-se-ia o desaire de os gigantes do ar não disporem de local de aterragem dentro de Portugal europeu, seguindo por isso para Madrid e Barcelona. Com o desaire, o transtorno dos passageiros destinados ao nosso país, traduzido em perda de tempo e acréscimo de despesas, e o prejuízo do turismo nacional.
Ora Viseu, com S. Pedro do Sul e Urgeiriça, dispõe de hotéis que satisfazem u turistas exigentes e podem receber algumas centenas de passageiros e oferece motivos de interesse, paisagens, monumentos e museus, para ser o centro de um dos mais valiosos triângulos turísticos do País, no dia em que o interior deste "jardim à beira-mar plantado" for mais aproveitado turisticamente. Àquela adaptação do aeródromo de Viseu, a jactos, não custará cifras astronómicas, porque o principal está feito. Mas também não é tarefa que possa suportar o orçamento municipal, já onerado de pesados encargos. Esperamos, todos, que Governo e departamentos directamente ligados a estes serviços estejam atentos aos interesses do País, pois não se trata de simples aspiração local, nem de meros brios regionais.
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Finalizarei, aludindo ao aproveitamento hidroeléctrico do rio Vouga.
Sei que a Hidroeléctrica Portuguesa concluiu e entregou, já em 1961, às câmaras municipais interessadas um estudo completo das obras. E os serviços hidráulicos, desde então, não deixaram de fazer medições do caudal, regulares e periódicas, além de outros trabalhos em relação com a barragem do Vouga, na zona de Oliveira de Frades e nos três escalões de Póvoa, Pinhosão e Ribeiradio.
E são as seguintes as conclusões confirmadas: capacidade de armazenagem do Vouga em Ribeiradio; albufeira de grande interesse para a regularização das cheias; produção de energia; criação de indústrias ribeirinhas; aproveitamento hidroagrícola do Baixo Vouga; fixação das populações locais, e aumento do tráfico do porto de Aveiro.
Trata-se ainda de uma infra-estrutura. E destina-se a chamar o progresso para o interior do País.
É necessária para o desenvolvimento subir, também por este lado, do litoral, já congestionado de indústria, para a serra, como se exprimem as populações vareiras, quando se referem ao interior da Beira. Quando teremos a ventura de ver esta obra incluída nos planos do Estado? Desde 1961 que se aguarda. Essa hora há-de chegar e oxalá esteja bem próxima.
Não esqueço a prioridade da defesa e do aumento do ritmo de crescimento económico. Sei que vivemos dias históricos, grandes pelas realizações e pelas dificuldades que nos criam inimigos e até falsos amigos e mesmo aliados ...Temos vencido e continuaremos a vencer, com a determinação de todos os portugueses conscientes e as bênçãos de Deus. Compreendemos, todos, as limitações ... mas temos igualmente consciência da viabilidade e necessidade de prosseguir, em ritmo acelerado, se possível, nos caminhos de uma economia próspera e harmonicamente extensiva ao todo nacional, metropolitano e ultramarino. Nesse sentido, estude-se a melhoria do tráfico de mercadorias no distrito de Viseu. E o que peço, pensando particularmente nos concelhos de Penedono, Sernancelhe, Aguiar da Beira, Vila Nova de Paiva, Tabuaço, Armamar e Sátão; pensando mesmo na economia de todo o distrito e na própria economia nacional, cuja prosperidade depende da prosperidade harmoniosa das suas partes integrantes.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Antão Santos da Cunha: - Sr. Presidente: Por mais de uma vez manifestei nesta Assembleia as minhas fortes preocupações quanto ao futuro deste País em face do abandono total a que as novas gerações têm sido por nós votadas. Comigo - dessas justas preocupações - têm compartilhado alguns dos mais ilustres membros desta Câmara. Assim sucedeu recentemente durante a discussão do último aviso prévio aqui discutido.
Quero desde já aproveitar a oportunidade que se me oferece para pôr em devido relevo, com o meu caloroso aplauso, o magnífico trabalho que durante a discussão do referido aviso prévio aqui apresentou o nosso digno colega Sr. Dr. José Manuel da Costa. Trabalho a todos os títulos merecedor da atenção dos responsáveis.
É evidente que durante a ofensiva desnacionalizadora da juventude, que atinge mesmo o aspecto de campanha subversiva, ofensiva que pouco a pouco vai minando a alma da gente moça, se impõe uma conjugação de todos os esforços úteis para fazer face à onda descristianizadora que cada vez mais se agiganta. Mas ao que se assiste é precisamente o contrário: inferiorizam-se os organismos que importava vivificar e, como muito bem sublinhou o Sr. Deputado Dr. José Manuel da Costa, são amesquinhadas disciplinas de real interesse para uma segura formação daqueles que. amanhã, terão que continuar Portugal. E são ainda ministrados aos jovens princípios falsos, como aqui foi denunciado pelo Deputado Sr. Cónego Henriques Mouta.
Não há dúvida, e todos lucramos em insistir no problema, de que se assiste de braços cruzados à ofensiva que lavra impunemente e ainda se não deu início àquela campanha que os interessados, de mãos dadas, deveriam há muito iniciar. Quando digo os interessados, refiro-me à Família, à Igreja e ao Estado. A Família, a velha família portuguesa, está profundamente doente. Entrou-se pelo caminho das concessões e das licenças. A irresponsabilidade é geral e contagiante. Uma tristeza, uma grande tristeza, que faz chorar a alma daqueles que, como eu, se debruçam sobre o panorama que a mesma, salvas raras excepções, nos oferece. Empenhe-se, pois, a Igreja e o Estado na tarefa que lhes compete, suprindo as deficiências daquela, mas façam-no sem demora.
Sr. Presidente: Nem tudo, no entanto, são pontos negros, e quero desde já manifestar o meu aplauso à política que o Ministério da Educação Nacional está seguindo, de atender à criação de lares para os estudantes universitários, permitindo-me, no entanto, pedir que essa política venha a concretizar-se num forte estímulo à iniciativa particular, que tem já positivas realizações a merecer auxílio e carinho. Eu temo, Sr. Presidente, temo tudo o que sejam largas redes estaduais, sempre fortemente onerosas e, muitas vezes, quase sempre pessimamente orientadas.
Sr. Presidente: Ao pedir a palavra a V. Ex.ª, que generosamente ma concedeu, tive em mente enaltecer a admirável acção, neste capítulo, de um organismo que há pouco comemorou jubilosamente dez anos de existência. Refiro-me ao bem conhecido Colégio Universitário de Pio XII, desta nobre cidade de Lisboa, que os