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DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 144 2630

Ora, Alfena, embora, tenha a sua vida própria, é, hoje, fundamentalmente, um dormitório da cidade do Porto, donde partem diariamente muitas centenas de operários, estudantes, funcionários públicos e empregados de toda a espécie que se dirigem àquela cidade, para aí exercerem as suas profissões e, dessa forma, angariarem o sustento para si o para os seus.

E verdadeiramente doloroso ver-se, no século XX, nos caminhos e estradas, em direcção aos seus trabalhos, escolas e outras actividades, tanta gente a pé, principalmente estudantes, que vão frequentar as escolas e liceus na cidade do Porto, percorrendo 3 km e mais até ao centro de Ermesinde, onde já podem beneficiar dos modernos autocarros do Serviço cie Transportes Colectivos.

O percurso que os Alfenenses mais desejariam ver servido por bons transportes, pois não dispõem de nenhuns, é o troço da estrada nacional n.º 105-1, desde o cruzamento da estrada nacional n.º 105 até à estação de Ermesinde.

Esse percurso serviria os lugares mais populosos e centrais de Alfena, como a Igreja, Cabeda e Reguengo, e ainda outros lugares das proximidades.

Mas afigura-se-me que de Ermesinde para o Porto, em vez de seguir o trajecto da actual carreira n.º 109. pela Rua de Rodrigues de Freitas, seria de muito mais interesse para a região que seguisse pela Rua de José Joaquim Ribeiro Teles até à Formiga e daí até ao Alto da Maia, pela Avenida do Engenheiro Duarte Pacheco.

Dessa forma servir-se-iam vários lugares da vila de Ermesinde, altamente povoados, como a Costa, Sá. Formiga e Palmilheira, e uma zona muito industrial com alguns milhares de operários. O Colégio de Ermesinde, com grandes tradições no ensino secundário, e o Seminário do Bom-Pastor, da Diocese do Porto, em fase de grande adiantamento e que custará perto de uma centena de milhares de contos, também muito beneficiariam e, certamente, acabariam com as suas carreiras privativas que agora suo obrigados a fazer, por não haver boas ligações, nem com o Porto, nem com Ermesinde.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ao apoiar e defender esta justa aspiração dos povos alfenense - e ermesindense, devidamente patrocinada pelas juntas de freguesia e pela Câmara Municipal de Valongo. não pretendo de forma nenhuma lesar os legítimos interesses de terceiros, mas somente, contribuir, ainda que modestamente, para servir o público que até agora tem estado mal servido.

O Sr. Elíslo Pimenta: - Muito bem!

O Orador: - As carreiras regulares que pasmam em Alfena e se dirigem no Porto vêm de longe quase sempre repletas e só dificilmente, nelas se conseguem lugares. Por isso, e ainda porque seguem um trajecto completamente distinto - a estrada nacional n.º 105 -. não seriam muito afectadas pelo estabelecimento das carreiras que estou defendendo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -Entendo, porém, ser necessário planear e coordenar os transportes em comum, urbanos, suburbanos e interurbanos, de modo a conseguir-se melhor complementaridade das infra-estruturas e concorrência disciplinada nas explorações entre os diversos transportadores.

Desta forma, ficaria assegurada a unidade funcional do sistema, pois os diversos meios de transporte não devem ser considerados isoladamente, mas como partes integrantes de um conjunto chamado a satisfazer as necessidades pelo mínimo custo económico e social

O Sr. Elísio Pimenta: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: Até agora apenas me referi aos meios de transporte, mas parece-me ser absolutamente pertinente uma referencia às vias a utilizar que, de forma nenhuma, estão de acordo com as exigências do desenvolvimento económico da região. Com efeito, quer a saída do Porto por S. Roque da Lameira e Rio Tinto, quer a saída por Costa Cabral e Areosa, estão desactualizadas, dificultando o movimento e provocando permanentes engarrafamentos de trânsito, com todos os seus conhecidos inconvenientes. Ruas estreitas, mau piso, traçado antiquado e, principalmente, muito movimento são as principais causas de todas as dificuldades.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A necessidade de dar vazão a um tráfego em constante progresso e permitir a circulação de veículos cada vez mais velozes e cada vez mais pesados implica a construção de uma via rápida que dê escoamento fácil ao tráfego para todo o Nordeste, que, presentemente, se faz em deficientes condições pelas estradas nacionais n.ºs 15.105 e 208. Estas três estradas, pelo recenseamento do tráfego feito em l965 pela Junta Autónoma de Estradas, abusavam, um movimento médio diário de 15 512 veículos, contra- 10 377 em 1960., o que representa um aumento de 50 por cento no período considerado.

Nesse, mesmo intervalo de tempo, o tráfego na, Ponte de D. Luís I passou de 22 353 veículos para 21 696, isto é, houve um decréscimo de 657 veículos, ou seja de, aproximadamente, 3 por cento. Esta diminuição foi devida à entrada em serviço da Ponte da Arrábida; que já em 1965 acusou um movimento médio diário de 7577 veículos e uma ponta máxima horária de 1048, contra 2025 na Ponte de D. Luís I.

A manter-se entre 1965-1970 a mesma percentagem de aumento ou diminuição do tráfego médio diário do verificado no, período do 1960-1965, teremos nas estradas nacionais n.º 15, .105 e 208, em 1970, o movimento diário de, aproximadamente, 23 500 veículos, contra 21000 na Ponte de D. Luís I. Isto quer dizer que o movimento de veículos na futura via nordeste só será superado pelo tráfego da estrada nacional n.º 7, praticamente dentro da cidade de Lisboa, que em 1965 tinha um movimento médio diário de 23 779 veículos. Ainda para melhor elucidação, pois podem servir de termo de comparação, direi que em 1965 pela Auto-Estrada do Norte, próximo do posto da portagem, passaram 7803 veículos, em média, e pela estrada nacional n.º l3 que liga o Porto a Viana do Castelo, transitaram diariamente, também em média, 9470 veículos.

Peço desculpa, Sr. Presidente, de ter maçado V. Ex.ª com estes números, mas apenas pretendi demonstrar que se impõe, sem perda de tempo, a construção da saída do Porto para Nordeste, de forma a dar escoamento fácil ao tráfego que actualmente, se dirige a Santo Tirso. Guimarães, Faie, pela estrada nacional n.º 105, o a Valongo, Paredes, Penafie, Marco de Canaveses e Trás-os-Montes, pelas estradas nacionais n.º 15 e 208. A via a construir, desde o fim da Avenida de Fernão de Magalhães, na Circunvalação, até ao lugar da Formiga, em Ermesinde, deverá desde já ter características de auto-estrada moderna, para grande desafogo do tráfego rápido e intenso, como os números que citei bem justificam.