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2704 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 147

Ocupam o primeiro piso oito modestíssimos quartos particulares, duas enfermarias e o bloco operatório, com uma localização desaconselharei, já que tem por acesso obrigatório um corredor desprotegido contra as intempéries.
No piso superior, cujas paredes exteriores, construídas de madeira e zinco, são totalmente desprovidas de qualquer protecção contra o frio e o calor, estão situadas todas as enfermarias de mulheres, inclusive a secção de maternidade, servidas por uma escada de madeira, de tão reduzidas dimensões que grandemente dificulta o transporte dos doentes.
A falta de espaço não permite ainda agrupar os doentes do foro das diferentes especialidades em compartimentos estanques, que, assim, se encontram distribuídos arbitrariamente pelas enfermarias.
Também as instalações do médico de serviço são inadequadas, sendo este, por vezes, obrigado a tomar as refeições na sala onde, simultaneamente, os doentes fazem as sessões de fisioterapia.
Agua corrente só existe em alguns pontos e o aquecimento apenas se encontra na sala de operações. E acontece isto, devemos frisá-lo, numa região em que as condições climáticas, pelas suas amplitudes térmicas, estão bem evidenciadas no velho adágio: "Oito meses de Inverno e quatro meses de inferno".
Quanto à lavadaria, rouparia, etc., primam pela ausência.
A contrabalançar tão acentuadas carências apresenta o hospital de Vila Real o seguinte movimento:

Doentes
Internamentos em 1964 ......... 2 424
Internamentos em 1965 ......... 2 687
Internamentos em 1966 ......... 2 915

Está o hospital dotado de 165 camas, número francamente insuficiente para fazer face às exigências da região, que abrange a área de nove concelhos, com a seguinte distribuição:

Camas
Serviços de medicina ............ 75
Serviço de cirurgia ............. 52
Serviço de pediatria ............ 20
Maternidade. .................... 18

Em 1966, na consulta urgente, sem internamento, foram atendidos 3372 doentes e na consulta externa normal 4000 doentes.
É o corpo clínico constituído por:

Um cirurgião e obstetra titulado;
Um cirurgião e urologista titulado;
Seis clínicos gerais (entre eles um cirurgião titulado por concurso, mas sem lugar de cirurgia);
Um clínico geral como anestesista;
Um clínico geral encarregado dos serviços de transfusões;
Um radiologista, aos sábados.

A relação camas hospitalares-médicos é quinze, número que traduz certa carência de médicos, apenas se apresentando em piore" circunstâncias os hospitais de Ponta Delgada (17,33) e Leiria (19,47).
A média de duração de internamentos no hospital regional de Vila Real é a seguinte:

Dias
Cirurgia. ............... 22,5
Medicina ................ 20,1
Pediatria ............... 21,5
Maternidade. ............ 12,7

Esta média corresponde ao estudo e tratamento de doentes e é inferior à média geral (26,69 dias). No sector cirúrgico mais de 50 por cento dos internamentos correspondem a casos de grande cirurgia, quer abdominal, quer torácica, abrangendo ainda o internamento de traumatizados, queimados e doentes de ortopedia.
O tempo de ocupação das parturientes, sendo de 12,7 dias, igualmente se não manifesta exagerado, tendo em conta que quase só recorrem a estes serviços parturientes cujo parto se afigura de prognóstico reservado e que nas suas aldeias distantes não têm recursos assistenciais nem ante nem post partum.
Atendendo a que, presentemente, as doenças cardíacas e as lesões vasculares afectando o sistema nervoso central ocupam os primeiros lugares entre as que ocasionam maior número de óbitos, e perante muitos casos de urgência, apresenta-se como grave a ausência de serviços de electrocardiografia, do laboratório de análises clínicas e dos serviços farmacêuticos, bom como dos serviços de radiologia, que sómente funcionam um dia por semana, acarretando ao corpo clínico dificuldades insuperáveis.
Para completar, indicamos alguns dados demográfico-sanitários do distrito, que julgamos esclarecedores do seu nível médico-assistencial:

População residente em 1960 - 325358 habitantes;
Número de habitantes por cada profissional de enfermagem em 1964 - 3959 (número aconselhável, 500 habitantes por enfermeiro);
Taxa de mortalidade infantil (1964) - 82,2 por cento;
Taxa de natalidade (1965) - 86,15 por cento;
Partos sem assistência médica (1960) - 80,7 por cento.

Sr. Presidente: Se, como afirma Tenon, os hospitais constituem a medida da civilização de um povo, em presença dos dados que expusemos, tão eloquentes na sua singela expressividade, parece-nos poder afirmar com justiça que Vila Real tem necessidade urgente e inadiável de um hospital digno dos seus doentes e do seu corpo clínico.
Estando prevista no III Plano de Fomento a construção de quinze hospitais regionais e ocupando o de Vila Real o 13.º lugar, "sendo de prever apenas o seu começo no decurso da execução do Plano", a sua posição não se nos afigura risonha nem adaptável à situação angustiosa que desfruta. Assim, deste lugar, solicitamos confiadamente ao Governo, e especialmente ao Sr. Ministro da Saúde e Assistência, o seu melhor interesse e o seu maior carinho para os doentes de Vila Real, concedendo-lhes instalações e possibilidades técnicas e materiais que lhes permitam debelar o mal que os atingiu.
O principal erro do homem é perder o sentido da transcendência, é esquecer que faz parte do todo que constitui a espécie humana; quando menospreza a doença que ataca o seu semelhante é a si próprio que menospreza.
Perante uma necessidade que tão categoricamente se afirma, Vila Real não terá com quem discutir o primeiro lugar na ordem de prioridade da construção de novas unidades hopitalares.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Alberto de Araújo: - Sr. Presidente: De visita ao nosso país encontra-se em Portugal, a convite da Comissão dos Negócios Estrangeiros da Assembleia Nacional, uma missão parlamentar britânica, constituída por representantes dos dois grandes partidos ingleses.