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22 DE FEVEREIRO DE 1969 3245

o indivíduo relativamente independente, na família ou em instituição residencial;
b) Alojamento - na família, em instituições residenciais com actividades de grupo, em lares com assistência, em hospitais gerais ou psiquiátricos ou em unidades geriátricas, de que já existem cerca de 90 na Inglaterra, e só em Estocolmo existem 8 hospitais geriátricos dispondo de 2000 leitos. Todo o conjunto das relações humanas é acompanhado pelo serviço social. A permanência na família deve ser auxiliada o mais possível, pois a ela o prendem fundas raízes psicológicas e afectivas, evitando que represente um fardo que o faria sofrer por se sentir esquecido e rejeitado.
Por representar o sistema mais económico e mais humano, importa auxiliar uma política de forte apoio domiciliário.
c) Ocupação - em trabalho reclassificado nas próprias empresas, em oficinas protegidas para os mais diminuídos, ou em convívio nos clubes de bairro, onde se desenvolvem as mais variadas actividades culturais e de lazer. No Japão existem 47 000 clubes para velhos, servindo 3 milhões de pessoas.
Só na região de Lancashire, fortemente industrializada, existem cerca de 800 clubes para assegurar a integração e o convívio social. Tal como sucede na Inglaterra, alguns clubes são mesmo organizados por empresas poderosas;
d) Cobertura sanitária - assegura a profilaxia da invalidez, assistência médica, preventiva e curativa, e medidas de reabilitação. Na recente medicina geriátrica o termo «reabilitação» surgiu a par da medicina preventiva e curativa e propõe-se mobilizar as reservas funcionais para restaurar os diminuídos no máximo da sua capacidade possível.

Na Inglaterra vivem cerca de 10 por cento de pessoas com 65 anos ou idade superior. Assim, processa-se neste país uma política habitacional especialmente orientada para as necessidades da idade avançada, através de associações construtoras de casas para gente idosa.
Para os 10 por cento mais idosos que requerem assistência especial, por viverem solitários e se encontrarem enfermos, as autoridades locais organizam igualmente serviços domiciliários de assistência, que cuidam da alimentação, prestam assistência na doença e realizam trabalhos domésticos, como lavagem de roupas, etc. Mais de 1300 comissões locais para o bem-estar das pessoas idosas foram criadas sob a orientação do National Old People's Welfare Council.
Estas comissões locais organizam também clubes, serviços de visitas, férias e assistência com transporte e compras.
Mas a senilidade pode atingir um grau que não consente a independência da vida pessoal em casa própria, mesmo com a assistência dos serviços domiciliários.
Então o indivíduo idoso deverá viver em instituições residenciais de várias índoles, desde grupos de 30 a 60 residentes, a números mais elevados, como na América, ou entre nós a notável e modelar organização do Lar do Comércio, no Porto, disponde de quartos para os casais que a vida uniu e só a morte deverá separar.
Para os indivíduos idosos que adoecem oferecesse o recurso ao hospital, alguns dos quais dispõem de unidades geriátricas onde o doente beneficia de medidas de diagnóstico, terapêutica e efectiva reabilitação.
Segundo a Royal Comission of Mental Health, 20 por cento dos doentes idosos apresentam perturbações que necessitam de ser tratadas em hospitais psiquiátricos.
O aspecto psicológico da assistência aos velhos é muito importante, pois os sociólogos afirmam que a reforma abrevia a vida pela solidão e pelo sentimento de não ser desejado, assim, como pelo receio da doença e do acidente, que despertam um sentimento nefasto de intranquilidade e insegurança. Todo o esquema de protecção deve, pois, seguir o caminho oposto, assegurando, a estabilidade emocional e mantendo a actividade e independência do indivíduo idoso. Este é o caminho do respeito pela dignidade do homem que atingiu os horizontes da existência.
O velho desamparado terá de acabar sozinho a sua última e trágica experiência, e isso ser-lhe-á imensamente mais difícil que no caso de se sentir activamente amado e protegido.
A situação de desamparo afectivo coloca-o dramaticamente em face da morte, da solidão e frustração. Por isso, é preciso adoptar métodos e conceitos generosamente confiados e optimistas sobre a capacidade de recuperação o ocupação do velho.
À sociedade moderna, mais consciente das suas obrigações para com o homem dramático e existencial, incumbe elaborar a complexa estrutura de uma cúpula protectora sob a qual se desenrole, pacífica e humanizada, a última e definitiva jornada do seu destino temporal.
No mundo extremamente complexo e tenso dos nossos dias, a sociologia da velhice representa um capítulo cheio de validade e interesse.
A Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (O. C. D. E.), que consagrou numerosos inquéritos e seminários aos problemas do emprego, liga particular importância ao grupo habitualmente desfavorecido dos trabalhadores idosos, quer dizer, dos trabalhadores com idade superior a 40-45 anos. Neste sentido já estabeleceu pertinente legislação a América do Norte. Como vemos, o problema começa muito antes da idade da reforma. Uma série de publicações difunde os resultados dos trabalhos realizados sobre: ordenação dos postos de trabalho (S. Griew); métodos de formação (Belbin); técnicas de colocação (Sobel e Wilcock), e colocação dos trabalhadores idosos (Div. dos Assuntos Sociais da O. C. D. E.).
Como conclusão final, chamarei a atenção para algumas vantagens essenciais oferecidas por uma valida política da velhice:

a) A reabilitação do velho reduz os encargos com as instituições assistenciais;
b) A reintegração social reduz os encargos familiares e liberta a família para outras actividades;
c) Libertando leitos de hospitais, ocupados indefinidamente por inválidos recuperáveis, melhora- as condições gerais de assistência;
d) Se os velhos puderem ser encorajados a trabalhar durante mais tempo, obtém-se a desoneração de todo o esquema protector e aumenta-se o rendimento dos impostos pelo exercício das actividades profissionais remuneradas. E é mais vantajoso para a economia cuidar da reabilitação dos velhos do que suportar os encargos resultantes da sua assistência improdutiva;
e) Também o próprio é beneficiado pelo trabalho nos planos económico, social, psicológico e familiar.

Cabe aos Governos proporcionar, através de legislação adequada, empregos convenientes para os velhos ainda válidos, o que se reveste de grande importância económica e social.