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22 DE ABRIL DE 1971 1863

trabalho a diminuídos físicos em percentagens que atingem 70 por cento do pessoal da secção mecanográfica e 20 por cento do quadro geral dos seus empregados:

... A nossa actividade, neste casa, é uma excelente demonstração do valor e da importância que o suposto diminuído pode assumir desde que lhe sejam facultados meios para a sua reincorporação social.

Nessa mesma entrevista vem citado o apelo de uma invisual, que depois se empregou na firma Sayanda, e que é bem demonstrativo do estado de espírito da generalidade dos deficientes perante o que ainda á hoje o clima da incompreensão a «eu respeito, ultima que, felizmente, vem melhorando dia a dia. Clamava ela:

Não quero ser mais uma ceguinha que estende a mão a caridade, pois julgo-me no direito de fazer a minha vida na sociedade como qualquer outra pessoa. Preciso que me ajudem, não com auxílios monetários, mas sim com um emprego.

E a realidade é mesmo essa: os deficientes apenas solicitam, que a sociedade seja justo para com eles e que os aproveitemos naquilo, que é muito, que eles nos podem dar. Como disse Santana Carlos, é de emprego, e não de boas palavras ou de esmolas, que esses indivíduos necessitam.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Do ponto de vista económico, como bem afirmou o director do dentro do Alcoitão , a recuperação dos deficientes, quando adequadamente aplicada, constitui um acertado e compensador investimento de capital. Haja em vista, entre numerosas outras, a experiência dos Estados Unidos da América, que nos demonstra, claramente, que a reabilitação e colocação profissionais podem redundar em franco beneficio para a colectividade, em favor desta opinião, hoje generalizada, afirmou-se em algumas das conclusões do já citado o Congresso Ibero - Americano de Medicina Física e de Reabilitação, realizado no nosso pais no transacto mês de Setembro, que está aprovado que na comunidade mundial a boa reabilitação é sempre rentável, sendo os dividendos a receber de natureza essencialmente económica, social e moral. O jovem e o adulto recuperados, acrescentou-se, em vez de ficarem dependentes da assistência pública, tornam-se novamente membros produtivos da colectividade, desde que, evidentemente, haja boa compreensão mútua e adequada apreciação dos problemas, aliadas a uma fonte vontade de integração e cooperação. E neste momento, em que no nosso país se verifica uma falta de mão-de-obra, quer pela saldei de emigrantes, quer pela mobilização de muitos jovens para o serviço das forças aramados, o aproveitamento das potencialidades dos deficientes é um imperativo que nos trâmite discussão. O Dr. Santana Carlos, já várias vezes por mim aqui referido e que é, sem dúvida, o mais conceituado dos peritos portugueses em matéria Ide reabilitação medica, escreveu, há cerca de oito anos, que, aproveitando até um máximo útil a energia humana deixada intacto pelo acidente ou pela doença, valorizando-a e orientando-a para o desempenho de uma profissão, não só se contribuirá para o aumento da produtividade e do rendimento colectável através de contribuições, mas ainda se determinará uma redução da crescente drenagem de fundos ou subsídios, inevitavelmente requeridos peita população dependente, não produtiva. Como exemplo, o Dr. Santana Carlos resume os dados estatísticos apresentados pelo State - Federal Vocational Rehabilitaçion Program, dos Estados Unidos, respeitante ao ano fiscal que findou em 30 de Junho de 1962, esclarecendo que dos indivíduos nesse ano reabilitados - em número de 102 396 - um, em coda seis, recebia subsídios da assistência pública antes de iniciar a reabilitação, socorro esse que em globo atingia um montante anual de 18 talhões de dólares.

O Sr. Casal-Rlbelro: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Casal Ribeiro: - Tenho estado a ouvir atentamente as afirmações de V. Ex.ª com o interesse que pode calcular, dada a importância que representa para todos nós o tema que está em discussão. E V. Ex.ª acaba de referir o nome de um médico muito ilustre que tem uma obra notável, como V. Ex.ª sabe melhor do que eu, no Alcoitão. Eu, há dias, por questão de amizade pessoal com uma das pessoas que mais tem trabalhado no Alcoitão, o capitão Vila Lobos, fui lá assistir a um encontro de basquetebol entre diminuídos físicos.

O Orador: - Para o qual ofereceu uma taça com o nome de um filho de V. Ex.ª que pereceu em África, em defesa da Nação.

O Sr. Casal-Ribeiro: - Exactamente. Muito obrigado.

Fiquei verdadeiramente impressionado, e dal este meu modestíssimo apoio àquilo que V. Ex.ª está a dizer, com a formidável prova de vitalidade, de capacidade e de vontade que aqueles atletas deram numa prova desportiva das mais emocionantes a que tenho assistido na minha vida de homem do desporto.

Era apenas isto que eu queria dizer, como uma achega modestíssima as palavras que V. Ex.ª vem a proferir e que realmente reproduzem a verdade que todos temos de ter dentro de nós para que se possa fazer qualquer coisa no sentido da recuperação completa desses homens, que de maneira nenhuma estão diminuídos para além da sua incapacidade física, mas que estão cheios de vitalidade, cheios de possibilidades...

O Orador: - ... que temos de aproveitar.

O Sr. Casal-Ribeiro: - Sim, que temos de aproveitar. isto que eu queria dizer.

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Deputado Casal-Ribeiro.

Os indivíduos referidos tornaram-se, depois de recuperados, membros activos da comunidade, computando-se os seus ganhos, somente no primeiro ano após a reabilitação, em 33 milhões e meio de dólares. A este beneficio outros há a juntar, como sejam a soma de 18 milhões, que deixou de ser despendida pela assistência, o rendimento de taxas provenientes de descontos nos salários e um importante número de horas de trabalho por pessoa a juntar à produtividade nacional.

Mas não chega, porém, recuperar tecnicamente o deficiente, isto é, aproveitar ao máximo os suas potencialidades, quer em hospitais ou em instituições especializadas, quer em oficinas de reabilitação ou em centros de formação profissional. È indispensável acompanhar o que poderemos chamar o antigo diminuído na sua integração social, guiá-lo nos primeiros tempos do trabalho em comunidade normal, auscultar as reacções do próprio e as dos que o rodeiam, aconselhá-lo e estimá-lo, e, principal-