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24 DE FEVEREIRO DE 1972 3221

políticos uma grande deformação dos factos; uns, claro está, por influência partidária, mas, sobretudo, por falta de contacto directo com os nossos problemas.
Ora esta guerra que nos impuseram em África tem custado muito e muito dinheiro e, sobretudo, a vida de muitos jovens que a têm dado, abnegadamente, ao serviço da Pátria. O problema de África não é militar, mas, sobretudo, político. E, seguindo a sugestão, que, alias, não é inédita, de um dos grandes vultos políticos com quem contactamos, haveria que convidar representantes dos mais qualificados, dos diversos partidos políticos, desses países, no caso vertente, da Alemanha Federal, a visitar as nessas províncias ultramarinas, n percorra-las sem embaraços e a ver o esforço enorme que ali temos despendido e o motivo da nossa presença.
Há, Sr. Presidente, que gastar dinheiro nesta batalha, e há também que vencê-la, neste campo, com as armas da razão, da verdade, do direito e da justiça, levando os outros a ver com os próprios olhos e a Apalpar as verdadeiras realidades.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Lopes Frazão: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: A nossa Guarda Nacional Republicana, corporação que pelo real mérito e extrema validez da sua acção, sempre pronta, decidida, incansada, e inteiramente entregue a tranquilidade das populações, tudo isto no desprezo absoluto do materialismo degradante da vida, bem merece de nós todos, portugueses amantes da ordem e que a entendem como condição primeira de um melhor viver, o maior respeito, a mais alta consideração, e o seu envolvimento no nosso máximo carinho. , Esta, e só esta, a razão, Sr. Presidente, por que aqui vimos produzir esta fala, no intento único de, expressando o sentimento, gémeo do nosso, das gentes de bem que aqui nos guindaram, darmos contribuição, embora modesta, neste momento de premeditada reestruturação da Guarda Nacional Republicana, ao fortalecimento da mantença daqueles que com devoção e abnegadamente fazem respeitar os nossas vidas e haveres.
Só assim, de renda aumentada, podemos continuar a ter a sua presença física em permanência, indispensável por «montes» e aldeias apartadas da nossa terra, na quantidade e qualidade exigidas.
Desde a nossa meninice profissional, pelas dobras de Trás-os-Montes nos habituámos a estimar essa plêiade de homens, pelo amparo que deles sempre tivemos, totalmente alheados de interesses e de fadigas, para o fiel cumprimento dos ditames da lei, que tínhamos por missão impor. E assim tem vindo a ser tido por nós igual o seu esforçamento de vinculo activo, pelos anos adiante, que já não são poucos, da maioridade do nosso exercício de profissão.
E tal qual a Guarda Nacional Republicana, assim a Polícia de Segurança Pública e n Polícia Judiciária, na sua missão tão digna e admirável de servirem a comunidade, honrando-a, são bem credoras do nosso mais profundo reconhecimento, precisando-se, isso sim, que não afrouxe, antes que a sua força lhes seja emprestada mais f orça, para que nós todos não caiamos em fraqueza, e a história continue a rezar de nós com tamanha majestade quanto a do passado.
Uma palavra de inteira justiça é devida ainda ao corpo de segurança, que, para além do estorvo à tão molesta subversão, ameaça constante e grave do alicerce metropolitano, vimo-lo também, por terras da Guiné e Moçambique, destemorado e valente, e na maior nobreza de actuação, operá-la com o mais vincado merecimento em defesa do chão sagrado do nosso ultramar.

O Sr. Cancella de Abreu: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente e Srs. Deputados: Posto a correr o anúncio de que alguns postos e subpostos rurais da Guarda Nacional Republicana iriam ser extintos, logo as populações, que se julgavam por tal razão prejudicadas, no natural receio do desassossego não refreado, por muita parte do Alentejo imenso, levantaram as suas vozes de natural queixume.
O Sr. Ministro do Interior apressou-se a transmitir às entidades regionais responsáveis o infundado da notícia, por o assunto, de momento, e «penas, se encontrar em estudo, e nada haver de ser feito sem ouvir a administração local.
Acertada medida é esta de reestruturar estudando com ponderação. Nós nunca quisemos acreditar que se extinguissem os postos em aldeamentos onde eles têm marcada razão de estar, por condicionalismos vários; só no distrito de Beja, dizia-se, seriam eliminadas treze unidades.
Ainda bem que assim não é, e o tempo se encarregaria de mostrar o desacerto da medida, pois vale mais prevenir que remediar, o que, em matéria de irrequietude de povos, só se consegue com a presença permanente da força, que não com brigadas móveis, ainda que dispondo da maior mobilidade.

O Sr. Leal de Oliveira: - Dá-me licença, Sr. Deputado?

O Orador: - Com certeza.

O Sr. Leal de Oliveira: - Eu queria simplesmente apoiar o Sr. Deputado nas palavras que proferiu. E apoiá-lo com o conhecimento que me dá o andar pelo campo e o palmilhar tantas localidades «m que a presença da Guarda Nacional Republicana, só com um cabo e duas ou três praças, consegue manter a paz e solucionar tantos problemas com uma simples palavra de acalmia, mas que leva a população que os conhece e estima a continuar e manter uma vida ordeira e tranquila. Muito obrigado.

O Orador: - Eu agradeço a V. Ex.ª, Sr. Deputado Leal de Oliveira, u achega que me dá. E, já agora, permito-me contar a VV. Ex.ªs esta história autêntica passada na aldeia de Baleizão, quando há anos passados e infelizmente já muito passados, havia grande turbação nos espíritos naquela região alentejana de populações laboriosas, mas onde meia dúzia de energúmenos conseguiram perturbar os espíritos, tornando Baleizão naquela aldeia de que todos VV. Ex.ªs ouviram falar como a «Moscovo de Portugal». Pois bem, houve alguém que quis realizar uma festinha no aldeamento e foi pedir ao comandante da companhia da Guarda Nacional Republicana - isto para que VV. Ex.ªs vejam quanto vale só a presença - uma patrulha para fazer o respectivo policiamento.
O Sr.. Comandante disse-lhe que não tinha possibilidade de lhe fornecer a patrulha, e então ele pediu-lhe encarecidamente que, pelo menos, lhe emprestasse dois bonés da Guarda, para pôr nos cabides a entrada da porta! Isso bastava;
Como VV. Ex.ªs vêem, a presença é muito melhor do que um joep carregado de metralhadoras que vai calcorreando rapidamente por aqueles caminhos apertados do