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15 DE DEZEMBRO DE 1972 4135

Para se ter uma ideia do que isto representa para Timor bastará talvez dizer que vem somar-se as verbas já facultadas pela metrópole, quer para a reconstrução após a guerra, quer para os sucessivos planos de fomento, e, só por si, este novo investimento é de montante igual à totalidade dos investimentos previstos para Timor ao longo do III Plano de Fomento.

Numa província cujo orçamento ordinário anda pela casa dos 180 000 contos este grandioso plano equivale às receitas de três Anos.

Há, pois, inteira razão para, em nome da população de Timor, que quis fosse eu a ter a honra de aqui a representar, exprimir o mais sincero e caloroso regozijo por esta decisão do Governo e a maior esperança nestas grandes obras e na sua rápida e eficaz execução, confiante que o dinamismo do seu Governador saberá impulsioná-las, congregando todos à sua volta, como tem sabido fazer, para levar de vencida as naturais dificuldades de tão grande tarefa.

Mas, acima de tudo, é de inteira justiça salientar aqui os esforços e a constante preocupação do Governo, designadamente do Sr. Ministro do Ultramar, não só para encontrar recursos, como, principalmente, pelo carinho com que acompanha e apoia sempre as coisas de Timor.

E esta, mais ainda que as obras ou as verbas, é a causa maior da gratidão.
Os pobres e os pequenos, quando agradecem, afoitam-se por vezes a novos pedidos.
Em face da última revisão constitucional, que aumentou em 20 o número dos Deputados, terá de ajustar-se a lei eleitoral.
Não ignoro, nem de modo algum subestimo, a enorme, a fundamental importância, para o presente e para o futuro do País, das suas grandes parcelas africanas - Angola e Moçambique -, e, consequentemente, não esqueço que toda a atenção, todo o relevo, todo o interesse que se dediquem aos seus problemas e à sua vida não serão nunca excessivos.

Todavia, não posso esquecer também que somos, por essência, uma nação repartida por vários continentes e composta por diversas raças, que, com legítimo orgulho, proclama o seu multirracialismo e a autenticidade da sua presença nos quatro cantos do Mundo.

Parece assim que, ao rever-se esta lei, seria ocasião apropriada para dar mais devida representação às parcelas que, no Extremo Oriente, suo hoje toda a presença física da Nação em continentes inteiros, e sobre as quais
- apesar da pequenez de uma e da pobreza da outra - recai a missão enorme de sustentar e promover a integração no seu sangue e na sua alma de raças que são mundos - que são mesmo quase meia humanidade.

O Sr. Castro Salazar: - V. Ex.ª dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Castro Salazar: - Tenho estado a ouvir com atenção e muito interesse as considerações de V. Ex.ª quanto à necessidade de aumentar a representação das províncias do Extremo Oriente nesta Assembleia; permita-me acrescentar, Sr. Deputado, que as considerações produzidas por V. Ex.ª se ajustam perfeitamente à província que aqui represento, até porque S. Tomé e Príncipe é a província de Governo simples, com excepção de Cabo Verde, que possui maior número de eleitores, e é também aquela que, em relação à população total, conta maior percentagem de cidadãos eleitores.
Muito obrigado.

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Deputado. Eu não estava a pôr o problema nesses termos. Adiante farei umas referências acerca de Timor e dos seus possíveis eleitores, mas as considerações de V. Ex.ª só fortificam as razões que aduzi.

No caso de Timor não penso apenas em termos de população, nos seus 600 ou 700 mil habitantes ou nos muitos milhares de possíveis eleitores, falo, acima de tudo na mesma linha de pensamento que venho referindo e que é a única - segundo creio - que dá sentido aos esforços e aos sacrifícios de toda a Nação: que é, em suma, a afirmação de uma política.

E esta política não é aqui simples figura de retórica ou saudosista contemplação de um passado - como torna bem patente o ambicioso plano de obras a que acabo de aludir -, é a arrojada e firme determinação de construir um futuro que os Timorenses, portugueses da Ocêania, entendem bem qual ele seja, pois disso deram já sobejas provas: fazer de Portugal uma nação unida e próspera, que, sem deixar de seu da Europa, seja cada vez mais uma nação do mundo.

O Sr. Peres Claro: - Sr. Presidente: De ano para ano, Sesimbra vai-se firmando nos seus pergaminhos de estância balnear. Lá se chega por caminhos que em Santana se juntam numa só via, sinuosa, estreita e íngreme, onde todos os meios de transporte se cruzam e se roçam. Desembocando-se na vila, é um pandemónio de carros e de gente. Aquilo é sinal de vida intensa, talvez chamariz de mais gente, decerto repouso u moderna. Quem vai é porque se sente bem e ninguém tem nada com isso. Mas seria possível proporcionar melhores condições de se chegar a Sesimbra e de nela se permanecer.

Turismo é indústria, a única que, com a pesca, é a vida de Sesimbra. Outras terras se enchem de fábricas, de comércio, de escritórios e consultórios. Sesimbra semeia-se de casas de veraneio, trepadas pelas encostas, suspensas dos penhascos, neles metidas, de acesso por eles, onde há brecha e um pretexto de originalidade. È o seu presente e será o seu futuro. Mas necessário será olhar melhor por ela, a "piscosa" de Camões, talvez hoje já menos, porque rapam os fundos do seu mar, para das algas, sustento o refúgio de peixes, fazerem mil e um unguentos, perfumes e que mais sei! Mas ainda tem peixe, que rendeu no ano findo mais de 70 000 contos, vendido na sua lota primitiva ou fora, noutros portos, com outras condições talhadas pela mão do homem.

A íngreme ladeira de acesso termina numa velha fortaleza onde tanta coisa ficaria melhor do que os soldados da Guarda Fiscal, que lá se persiste em manter: seria o posto de turismo, seria uma pousada, um ponto de reunião, uma sala de espectáculos, tudo o que um artista sonhasse, mas não soldados da Guarda Fiscal. Hoje, uma fortaleza não tem por força de ser guerreira, mesmo sendo a guerra apenas de vigilância a contrabandistas!

A lota é um quadro do melhor pitoresco. Sobre a areia, ao fim da tarde, alinham-se os mais variados peixes, e sobre eles se conversa, se discute e se merca. De mistura com os barcos, as barracas, os banhistas, os mirones, as caixas, o gelo, as camionetas, há peixe, detritos de peixe, cheiro a peixe. Tudo se vende e tudo se come em restaurantes, bares, snacks, em todos esses estabelecimentos que forçosamente têm de ter esses nomes estrangeirados, por vergonha dos nossos "vinhos e comidas", "vinhos e petiscos", "comes e bebes". Num recanto amontoam-se barcos de recreio, atraídos pela convidativa baía. Noutro, pesam-se os espadartes pescados por prazer. Os vera-