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2 DE MARÇO DE 1973 4703

tidade; o Paquistão, que cultiva entre 32 t e 170 t; a índia e a Tailândia.
Até ao século XIX apenas se conheciam as preparações de ópio. Em 1806 a morfina foi isolada pelo farmacêutico alemão Friedrich Sertürner, que dela se utilizou para a cura da opiomania. O seu nome químico, morphia, do grego Morpheus, traduz forma e modelo. Morfeu era o deus dos sonhos, famoso pelas aparições que oferecia a quem adormecia.
Quando purificada, a morfina é um pó leve, fofo, inodoro e amargo. Dez vezes mais forte que o ópio, pode desenvolver-se com rapidez o seu ataque à mente e ao físico. Branca, levemente acastanhada ou esbranquiçada, apresenta-se sob as formas de cubo, cápsula, comprimido, pó, solução ou algodão.
Por seu lado, a heroína ou morfina tratada com ácido acético (anidrido do ácido acético), foi lançada em 1898 por Dresser para debelar o morfinismo. Acinzentada na sua pureza, o vendedor costuma "cortá-la" ou impurificá-la com lactose, tornando-a, assim, branca e parecida com o pó da morfina. A variante mexicana pode assumir uma cor ligeiramente acastanhada ou avermelhada. Inodora, de sabor amargo e leve no peso, a heroína assemelha-se por vezes à lactose ou ao quinino.
São múltiplos os processos de consumo de narcóticos, que podem ser engolidos, como líquido ou sólido, dissolvidos na boca, mastigados, injectados (subcutânea ou intravenosamente) e absorvidos pelas vias respiratórias, variando não poucas vezes a escolha consoante a ocasião, a droga, os efeitos pretendidos e o estado fisiológico.
Para se fumar, prepara-se e submete-se o ópio cru a vários métodos de dissolução, fervura, torrefacçao e fermentação. Um meio muito vulgarizado no Oriente consiste em fervê-lo com água e glicerina: a água evapora-se e o ópio, contendo aproximadamente 8 a 10 por cento de morfina, adquire solidez, flexibilidade e o aspecto de uma substância alcatroada que faz lembrar o melaço do sorgo. Esta massa amarga, viscosa e escura, de um tom acastanhado ou vermelho-acastanhado, é geralmente consumida em cachimbos. Alguns, todavia, quando viajam e encontram dificuldade no uso do cachimbo, ou quando temem que o cheiro do fumo os denuncie aos agentes de autoridade, preparam pílulas e mastigam-nas ou bebem-nas com chá, café, etc.
É que o ópio queimado possui um odor enjoativo e adocicado, semelhante ao de um eucalipto molhado em lenta combustão. Compõe-se o cachimbo de um suporte, de uma cabeça e de uma conduta, que actua como filtro e se situa entre aquelas duas peças. Depois de fumado, ao resíduo que fica na cabeça dá-se o nome de ün si, que, de mistura com ópio fresco, pode ser aproveitado para mais duas cachimbadas, após o que, sob a designação de sám tchá, se dilui em água ou outro líquido, dando lugar a uma solução bebível, que, conhecida por ün si soi, preserva o opiómano da doença resultante da supressão.
Quanto à morfina, a ministração faz-se hipodermicamente ou por via oral. Neste último caso, o efeito desejado requer maior dosagem e a sua acção decorre lenta, como na injecção subcutânea. Daí que o morfinómano prefira o meio intravenoso. Escolhem-se as veias próximas umas das outras, de forma que, utilizada uma área, se guarde o resto para usos futuros.
Estas injecções esclerosam as veias, sobre estas deixando uma zona cicatrizada.
No que se refere à heroína, os iniciados inalam-na, mas, em pouco tempo, derivam para a injecção, não só por virtude da inflamação proveniente da aspiração, como também pela necessidade de alcançarem efeitos intensificados. Alguns começam por injectar nas partes carnudas dos braços e do corpo, rapidamente mudando para o método intravenoso. À medida que as veias se ressentem das constantes picadas e as cicatrizes afloram, novas zonas são procuradas, até que todo o braço fica marcado pelo vício. O heroinómano de longa data chega a injectar entre os dedos, nas pernas, pescoço, no interior da boca e, por vezes, até nas tatuagens. Geralmente há uma completa falta de cuidado com a esterilização do equipamento, a que se seguem infecções epidérmicas.
2. Cocaína. - Durante mais de 400 anos os índios do Peru e da Bolívia mastigaram folhas do arbusto de coca, por causa das suas qualidades estimulantes. Em 1855, separou-se, para fins medicinais, a cocaína da folha da Coca eryitroxylan. Um dos primeiros anestésicos locais empregados pelos dentistas e cirurgiões, sobretudo em operações oftalmológicas, ao nariz e garganta, é ela inodora, branca, macia, e pó cristalino com aparência de neve, podendo revestir a forma de cristais, flocos, pó, comprimidos ou solução. Além dos países citados, encontramo-la, ao que parece, nas montanhas da Indonésia. Em alguns casos usada hipodermicamente, constitui a inalação o processo popular: o grau de absorção torna-se mais lento, os efeitos prolongam-se e a intensidade revela-se moderada. Os viciados em fase adiantada chegam a misturar cocaína com heroína.
3. Marijuana. - De nome botânico Cannabis sativa, é vulgarmente identificada por cânhamo, cânhamo indico, ganja, liamba, maconha, cangonha, kif e haxixe, termo este de que deriva a palavra "assassino". A variedade indiana designa-se por Cannabis indica e a americana por Cannabis americana, diferindo entre si quanto à quantidade e qualidade da resina cannabine. A cannabis, arbusto que medra em quase todo o Mundo, mas cujas qualidades toxicomanígenas apenas se detectam em determinadas condições de altitude e insolação, é normalmente cultivada em Maio e colhida em Agosto ou Setembro. A planta atinge uma altura de 90 cm a 4,50 m e as hastes servem para a manufactura de corda, esteira, cesto e certas espécies de papel grosso. No grupo dos grandes produtores incluem-se o Líbano, a Península Índica, a Indonésia, os territórios da África Central e o México.
Embora outras partes da planta possam conter vestígios da droga, é das extremidades floridas e das folhas que se recolhe a resina que encerra cannabine ou cannibol, que se pensa ser o narcótico provocador da intoxicação.
Colhidos os arbustos e secadas as folhas e extremidades floridas, os pequenos vendedores procedem à sua limpeza, de modo que aquelas partes, já esmagadas e pulverizadas, fiquem em condições de ser fumadas. Este tabaco possui, por regra, pequenos talos. Quando se acende a marijuana, o brilho é mais intenso que o de um cigarro vulgar, diferença que se verifica com clareza na escuridão. Há muitas maneiras de consumir a cannabis, verbi gratia, por inalação e por mastigação das folhas, que, quando maceradas, dão uma espécie de marmelada.