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2 DE MARÇO DE 1973 4705

Diz De Roff, no seu livro Drugs and the Mind: "Serenidade, calma interior e harmonia têm sido exaltadas por todos os grandes sistemas religiosos - Cristianismo, Budismo, Taoísmo e Vedismo; ninguém necessita de ser santo ou filósofo para ansiar por esta tranquilidade interna. É natural desejar-se tal estado, pois sem ele nenhuma felicidade é possível."
Por seu turno, afirma King, em The Problem of Evil, que estas qualidades melhor se desenvolvem pelo culto da filosofia, pela disciplina interior e pela prática da virtude, sendo erróneo esperar de uma droga tais dádivas que santos e sábios procuraram obter através de elevados esforços espirituais. Filósofos têm condenado os estupefacientes por destruírem a realidade das relações naturais.
Reconhece-se a larga influência das últimas doutrinas filosóficas e religiosas na valoração social dos narcóticos, havendo graves questões de ordem moral ligadas ao consumo de estupefacientes com vista à aquisição do prazer ou tranquilidade artificial.
Não nos propomos, porém, discutir e apreciar estes assuntos, para os quais nos falece autoridade, mas, tão-somente, dar notícia dos efeitos mais frequentes do uso dos narcóticos e das suas causas.
É a toxicomania um estado de intoxicação periódica ou crónica produzido pelo consumo repetido de uma droga, natural ou sintética. Caracterizam-na:

1. Um profundo desejo ou necessidade de continuar a consumir a droga e de a possuir por qualquer meio;
2. Uma tendência para aumentar a dose;
3. Uma dependência psíquica e, por vezes, também física, do efeito da droga; e
4. Um efeito pernicioso ao indivíduo e à sociedade.

Por sua vez, individualizam a habituação, que se traduz numa condição resultante da repetida administração de uma droga:

1. Um desejo de, pelo consumo contínuo da droga, conseguir crescente bem-estar;
2. Pequena ou nenhuma tendência para aumentar a dose;
3. Certo grau de dependência psíquica em relação ao efeito da droga, mas ausência total de dependência física e, consequentemente, do síndroma de abstinência; e
4. Um possível efeito prejudicial, sobretudo para o indivíduo.

Os termos "supressão" e "síndroma de abstinência", aqui amiúde usados, são sinónimos de desconfortos físico e mental experimentados durante a privação de um estupefaciente: no começo, o desalento, a irritabilidade, o receio e a inquietação, seguidos de bocejo e espreguiçamento, e, mais tarde, os espirros e sintomas de constipação, como lacrimação e rinorreia; as mãos ficam trémulas e os músculos do corpo tensos; a par da repugnância pela comida, o indivíduo sente
uma forte indisposição e, a despeito de agasalhos, frio.
Também poderão verificar-se náusea e vómito, precedidos de sensações de fraqueza e tormento no estômago. Outros sintomas abarcarão possivelmente a febre, dores no abdómen e nas costas, diarreia, contraccõesõcs musculares, convulsões e dilatações pupilares.
Em casos graves, os sintomas mantêm-se em forma aguda durante dois ou três dias, diminuindo gradualmente de intensidade até ao seu desaparecimento após sete a dez dias, conforme cada caso concreto.
Finalmente, exprime a tolerância aquela condição que deriva do facto de os tecidos do corpo se acharem de tal modo habituados à droga que os efeitos iniciais desta só se mantêm mediante um acréscimo de dose.
Podemos dividir os narcóticos em:

1. Calmantes, quando tendem a provocar sono e diminuição de nervosismo; e
2. Estimulantes, quando causam insónia ou hiperirritabilidade.
Enfileiram nos últimos a cocaína, a marijuana, a anfetamina (benzedrina) e a messalina, enquanto os calmantes abrangem os opiáceos (morfina, heroína, dilaulida, codeína, diidrocodeína e matapon), os analgésicos sintéticos (metadona e meperidina ou demerol), os hipnóticos e os sedativos (cloral, paraldeído, brometos e barbitúricos).

Vejamos alguns deles e os seus efeitos:

A) Ópio:

Medicinalmente, este narcótico e seus derivados mitigam a dor, reduzem a tensão e provocam o sono. Os toxicómanos e consumidores servem-se deles para se sentirem agradável e sonhadoramente entorpecidos. A ingestão do ópio, pelo fumo ou como alimento, produz pronunciados efeitos doentios no corpo humano, mas, na maioria dos casos, a deterioração é lenta.
Geralmente, causará embotamento e estupor, começando como tranquilizante que alivia a dor e preocupação. Em grandes doses, pode advir o coma ou mesmo a morte. O consumidor, debaixo da sua influência, apresentará as pupilas muito mióticas, insensíveis à luz, ficando como que congeladas. Quando doente ou em fase de abstinência durante certo tempo, o opiómano sofre as consequências de supressão e as suas pupilas, dilatadas, reagem lentamente à luz. A despeito disto e da necessidade de permanente aumento de dose no seu consumo, este estupefaciente e seus componentes alcalóides continuam a revelar-se medicinalmente úteis, consistindo as suas preparações mais comuns no extracto de ópio, ipecacuanha e ópio, tintura de ópio ou láudano e elixir paregórico ou tintura canforada de ópio.

B) Morfina:

O resultado saliente de uma moderada dose é o decréscimo de dor. Este estupefaciente deprime o sistema nervoso, cujo índice baixa, o mesmo acontecendo com a permuta entre o oxigénio e o bióxido de carbono. A tosse torna-se menos frequente, enquanto o vómito ocorre com facilidade. Quando administrada a alguém sem experiência da droga, regista-se um geral afrouxamento muscular e o desaparecimento de ansiedade, medo e depressão, associados com o reconhecimento de conforto físico ou exagerada sensação, de bem-estar, a que se dá o nome de euforia. Após um curto período de tempo de consumo continuado, a elevação de disposição não persiste e, para quem não es-