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2 DE MARÇO DE 1973 4707

O seu maior perigo reside porventura no efeito que exercem sobre os condutores de automóveis, que podem, repentinamente, perder a consciência, enquanto guiam a velocidade vertiginosa. Tomadas de um só vez ou durante um longo período sem repouso, podem causar alucinações.

H) Drogas alucinogénicas:

Vários termos têm sido empregados para descrevê-las, tais como "psicadélicas" e "pseudoalucinogénicas". Provocadoras de alucinações de diversa intensidade, elas parecem estimular o centro sensorial do cérebro e bloquear as áreas que criam a percepção do conhecimento. O resultado é um caleidoscópio de estímulos que assaltam a mente, obliterando, pelo menos temporariamente, a memória, a capacidade de raciocínio e a noção do tempo.
De entre estas drogas ressaltam:

1. L. S. D., também conhecida por L. S. D.-25 ou dietilamida do ácido lisérgico;
2. Psilocibina, descrita como um fungo que se desenvolve em certos cogumelos;
3. Grude, que se torna alucinatório pela adição do produto químico Toluol;
4. Mescal, que se extrai de um cacto mexicano;
5. D. M. T. (dimetiltriptamina);
6. Sementes de ipomeia (em inglês, Morning Glory Seeds); e
7. Marijuana.

Debrucemo-nos, com alguma minúcia, sobre a famosa L. S. D.
Em 1938, os laboratórios Sandoz, em Basileia, Suíça, empenharam-se em classificar um fungo infeccioso do centeio chamado ergot, que estava danificando as colheitas do continente europeu. Da sua ingestão advinha uma gangrena dos membros chamada "Fogo de Santo António", em que os dedos das mãos e dos pés ficavam como que chamuscados. Abortos, perturbações visuais e mentais, estas culminando em epidemias de loucura, também foram registados. No decurso da sua experiência com este fungo púrpuro, o Dr. Albert Hoffman fez uma série de compostos que incluíam a dietilamida do ácido lisérgico. Em 1943, quando tentava separar a dietilamida do ácido lisérgico do seu isómero, o citado investigador inalou uma porção desse novo produto químico, experimentando, com extraordinária vivacidade, um elevado grau de fantasia com cores caleidoscópicas. Ele "viu" o seu corpo deitado num sofá, com o seu alter ego gemendo e movendo-se dentro do quarto. A descoberta foi tão sensacional que receou ter perdido o juízo. Esta estranha impressão, pensou o Dr. Hoffman, dificilmente poderia ter sido provocada por uns miligramas de L. S. D.
Para tirar a prova real, resolveu ingerir 250 g desse produto. No período de 40 minutos, vieram-lhe tonturas, desassossego, inabilidade de concentração, estranhos efeitos visuais e riso involuntário. Acompanhado pelo seu assistente, o Dr. Hoffman, numa bicicleta, pedalou 4 milhas a caminho de casa. Durante o trajecto, as sensações ampliaram-se, a sua fala tornou-se incoerente e a visão imensamente deformada. Embora o companheiro lhe assegurasse de que andavam a considerável velocidade, sentiu que pouco se moviam. Em pouco tempo, a sua condição intensificou-se de tal forma que mal podia falar.
O assistente verificou que a pulsação estava fraca, parecendo-lhe normal a circulação. A condição regularizou-se bastante no prazo de seis horas a contar da ingestão, mas Hoffman continuava com distorções visuais. As formas oscilavam como reflexos em água agitada, as tonalidades de azul e verde tudo infundiam e fantásticas imagens multicoloridas e metamorfoseantes surgiam assim que fechava os olhos. Além disso, as sensações visuais resultavam de sons que golpeavam os seus ouvidos. A L. S. D. é inodora, incolor, insípida e, atento o seu grande poder, normalmente repartida em doses de 100 g a 250 g.
Afirma a Associação Internacional dos Chefes de Polícia, no seu relatório Training Key no. 60: "Geralmente, a droga não parece estimular ou diminuir a sexualidade. Contudo, uma vez sugerida a ideia do sexo, todas as peias se arredam e os consumidores envolvem-se em orgias, sem que o local e a presença de terceiros representem factores inibitórios. Praticam-se intimidades em campo aberto, num quarto cheio de gente ou em companhia de outros casais partilhando a mesma cama."
Uma das mais acreditadas sociedades farmacêuticas norte-americanas, a Smith, Kline & French, de Filadélfia, dá-nos uma análise dos efeitos da L. S. D., que actua fundamentalmente sobre o sistema nervoso central, afectando as emoções e comportamento individuais e produzindo alterações fisiológicas, tais como dilatação pupilar, aumento de pressão sanguínea e de temperatura, tremor e reflexos rápidos. Nota o referido laboratório que a L. S. D. imprime por vezes grande importância emocional a simples e vulgares percepções: os indivíduos sentirão porventura frio ou calor e terão a impressão de que os seus corpos flutuam ou se acham involuntariamente rígidos, podendo julgar-se perseguidos ou ameaçados pelos companheiros. Por outro lado, com frequência experimentam uma sensação introspectiva superior e êxtase religioso e porventura ainda uma tranquila felicidade ou grande ansiedade e tensão. Mais revela aquele laboratório ser a droga susceptível de levar a permanentes alterações fisiológicas, havendo certa evidência da sua responsabilidade pelas roturas e danos nos cromossomas, por outras conformações defeituosas e mesmo por partos de nados-mortos.
Alinhavados os efeitos do consumo, encaminhemo-nos agora para as suas causas.
Ensinam os Drs. David P. Ausubel e Harris Isbell, este último durante muito tempo director do Centro de Investigação da Toxicomania do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos da América do Norte, que o vício de narcóticos se situa no rol dos mais sérios e menos conhecidos problemas médico-sociais do nosso tempo. Reflectem em parte tal complexidade a carência de esclarecimentos ao público, a escassez de pesquisas positivas sobre os aspectos fisiológico, psicológico e social e as informações erróneas decorrentes de equívocos profissionais.
Grosso modo, a investigação tem sido dificultada pelo mesmo falso pensamento que atormenta a pesquisa das causas de enfermidades como o cancro, a tuberculose e a delinquência juvenil. Com efeito, parte-se do pressuposto de que, surgindo a doença da mesma forma em todos os indivíduos, a causa terá de ser única. Ora, há vários tipos de viciados, revelando-se as causas mais múltiplas e aditivas na sua concorrência que exclusivas.