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4706 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 233

teja habituado ao seu uso, a sensação de bem-estar é breve e a curto prazo substituída por um sono profundo e despido de sonhos. Alguns indivíduos estimulados por moderadas doses experimentam um nervosismo muito desagradável, frequentemente acompanhado de náusea e vómito. Sob o domínio da droga, as pupilas tornam-se mióticas e indiferentes à luz.

C) Heroína:

Com uma toxicidade cerca de quatro vezes superior à da morfina, dotada de maior efeito desmoralizante e classificada como a mais perigosa das drogas, é o estupefaciente preferido pelos toxicómanos. Actua como reducente cerebral e espinhal. Uma sonolência segue-se à injecção, as pupilas contraem-se e o pulso e a respiração abrandam, podendo doses elevadas conduzir a sono comatoso. O risco de toxicomania é mais intenso que em outras drogas, dado que a tolerância cresce com rapidez, requerendo considerável aumento de doses para a conservação dos efeitos originais. O sofrimento doloroso surge quando não se injecta com regularidade e o relapso representa mais norma que excepção.
Debaixo da sua influência, o viciado não se revela perigoso, encontrando-se por regra em estado de tranquilidade e letargia, a que se liga vulgarmente a palavra "drogado". Porém, privado do regular abastecimento, torna-se temível e pronto para o cometimento de qualquer crime que lhe renda o necessário ao consumo.

D) Codeína:

Inodora, produtora de toxicomania e largamente incluída nos remédios antitússicos, deriva da morfina, sendo menores os seus poderes soporífero e analgésico. Os privados de heroína recorrem por vezes à codeína, fervendo-a para que fique mais concentrada.

E) Cocaína:

Dilata as pupilas, que ficam insensíveis à luz, produz uma contracção de nervos e cria uma tendência para friccionar o nariz e ranger os dentes.
As suas consequências abrangem o prazer, o desaparecimento de fadiga e a sensação de fortaleza e superioridade, em pouco tempo substituídos por depressão e apreensão nervosa, que se somem com nova ingestão da droga. As últimas fases do cocainismo terminam num estado de loucura.

F) Marijuana:

Também identificam esta droga a palavra amuck e a frase running amuck, que significa "correndo cegamente possuído de fúria homicida". São expressões quê vêm do termo amok, sinónimo de "matar" que os nativos da Malaia gritavam quando, enlouquecidos pela marijuana, golpeavam nas ruas da aldeia, num frenesi sanguinário.
Destrói ela o cérebro, corrompendo o espírito e induzindo ao crime e à degradação. Ataca o sistema nervoso central e afecta a mente e os sentidos. O tempo, o espaço e a distância obliteram-se e as alucinações pululam. Tal como a cocaína, a marijuana constitui a causa directa do crime. Servida com whisky, as suas agressivas propriedades aumentam. Cria uma sensação de exaltação e poder físico e conduz, com o seu uso continuado, a uma fúria delirante. Diferentemente do ópio, apenas gera um hábito mental, e não físico, pelo que o consumidor, quando dela privado, não passa pelos sintomas torturantes da supressão, sentindo mera ânsia idêntica à do fumador de tabaco ou adepto de álcool. As reacções físicas aparecem normalmente meia hora depois e incluem aceleração do pulso, estremeções seguidos de contracções musculares e dilatação das pupilas. O indivíduo pode ser violento, feliz, taciturno, estuporado, etc., e as suas pupilas mostram-se indiferentes à luz. O branco ocular fica avermelhado e debaixo dos olhos nota-se intumescência. Sendo muito perigosa a pessoa drogada, exigem-se precauções para a sua detenção. A grande ameaça da marijuana reside na geral libertação de inibições, com redução ou perda total do senso moral. Sem medo nem dor, o viciado não raro pratica crimes violentos. Muitos consumidores ascendem a heroinómanos.

G) Barbitúricos e anfetaminas:

Os barbitúricos conhecidos por pílulas soporíferas são sedativos provenientes do ácido barbitúrico. Embora valiosos para fins medicinais, podem revelar-se nocivos quando deles se faça mau uso. Sob o seu domínio, a pessoa age como se estivesse embriagada, dependendo a dosagem para produzir tal estado de intoxicação principalmente do hábito que o consumidor tem da droga. Assim, os viciados crónicos conseguem ingerir quantidades progressivas, susceptíveis de matarem quem não esteja a elas acostumado. O que se "embebeda" com os barbitúricos segue o mesmo curso que o alcoólico: uma pequena dose fá-lo sentir-se repousado, sociável, bem humorado, mas menos alerta e mais lento nas suas reacções; nova dose e preguiça, taciturnidade e, por vezes, irascibilidade. A língua engrossa, o drogado cambaleia por uns momentos e entra paulatinamente num sono profundo ou, caso o consumo tenha sido grande, cai em coma, correndo o risco de morrer. Sendo tudo absorvido sem uma lavagem gástrica, a sua perigosidade supera a do álcool. Os dependentes da droga, quando não a tomam, revelam-se temíveis, sofrendo ataques do tipo epiléptico.
Injectados hipodermicamente e, por norma, ingeridos por via oral, podem os barbitúricos ser consumidos com álcool, benzedrina ou dexedrina, com o objectivo de vencer os efeitos depressivos. Estas drogas provocam relaxação e sono e os toxicómanos que não conseguem abastecer-se do seu fornecimento normal usam-nas, recaindo a escolha nas mais fortes, v. g., pentobarbital (Nembutal), secobarbital (Seconal) e amobarbital (Amytal).
As anfetaminas também podem considerar-se nocivas quando impropriamente utilizadas. De efeitos precisamente opostos aos dos barbitúricos, delas abusam aqueles que pretendem desenvolver um esforço físico superior ao permitido pela sua capacidade normal e os que, à sua custa, se sentem mais vivos, faladores e autoconfiantes. O efeito estimulante é por vezes aproveitado por criminosos para aumentarem os seus "nervos". Ocasionalmente, as anfetaminas constituem a causa de comportamentos estouvados de adolescentes. Elas não criam vigor no corpo, mas afastam o cansaço e a necessidade de dormir. Porque diminuem o apetite, eliminam a energia que decorre de uma alimentação regular. Isto, acrescido da carência de sono e descanso, pode, a longo prazo, arruinar a saúde.