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4728 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 234

Um médico especialista de Hamburgo disse que dois terços dos seus clientes eram alunos liceais. Num inquérito feito em dezenas de liceus alemães, um em cada dois alunos de mais de 15 anos tinha experimentado o haxixe ou o L. S. D.
Em Inglaterra, personalidades em evidência defenderam a venda livre da droga. Distribuindo livremente o fruto proibido, seria a maneira mais inteligente de evitar as tentações (esta ilusão foi responsável pela livre comercialização da pornografia na Dinamarca). Assim, solicitava-se que as farmácias vendessem livremente haxixe ou cocaína com a naturalidade com que se vendia aspirina ou pastilhas contra a tosse! Hoje, porém, já não se pensa da mesma forma.
Na Suécia também o uso da droga excede os 15 por cento nos liceus, enquanto na população a percentagem é incomparavelmente menor.
Mas o problema não é muito diferente noutros países, e não vale a pena mencionar mais casos. Lembra-se que há anos, nos Estados Unidos da América, foi feito um inquérito em que os hippies foram divididos em duas categorias: os falsos, que aderem ao movimento seduzidos pelas "viagens" proporcionadas pela droga e pelas perspectivas de amor livre, e os verdadeiros, revelados pela sinceridade do comportamento e, sobretudo, pela escravidão total à droga. O verdadeiro hippy - afirmou-se no inquérito - droga-se.
Li ultimamente um livro do Dr. Donalt Louria, especialista dos males da droga, a respeito da acção da heroína nos Estados Unidos da América. Traduzo esta passagem:
Neste período (desde a 2.ª Guerra Mundial), milhares de viciados no uso da heroína morreram por paragens respiratórias (respiratory arrest) ou congestões pulmonares devido a injectarem-se com doses demasiado elevadas da droga. Milhares de jovens mulheres foram forçadas a seguir vidas depravadas e a prostituição para arranjar dinheiro a fim de manter o vício. Dezenas de milhares de jovens sofreram de abcessos, hepatites, endocardites, malária e tétano por, ao injectarem-se com heroína, usarem agulhas contaminadas; e centenas de milhares tornaram-se criminosos, roubando mais de 1 bilião de dólares por ano, a fim de obter dinheiro para comprar heroína.

Do mesmo livro, a propósito do uso da marijuana transcrevo:

[...] durante as décadas de 40 e 50 houve um gradual mas persistente aumento de consumo entre os estudantes, mas nos últimos cinco anos o consumo entre jovens assumiu proporções epidémicas.

Um número: Na Califórnia são fumados diariamente um milhão de cigarros de marijuana. Seja qual for a verdade deste número, ele é impressionante e aterrador.
No livro a que me refiro faz-se uma análise das características e consumo das diferentes drogas com bastante síntese que pode interessar a quem se ocupa da matéria, sem o fazer em grande profundidade.
Na União Soviética e na China Continental o problema da droga não existe. E enquanto no Ocidente, sob a capa da libertação ou da contestação, a droga e outras maleitas mencionadas vão minando a sociedade, tornando-a cada vez mais decadente, na Rússia e nos domínios do Presidente Mao - aqui, todavia, muito mais acentuada - a austeridade dos costumes é directiva estatal rigorosamente seguida e fiscalizada. Ao passo que do nosso lado, e agora não faço excepções, quero dizer envolvo Portugal no todo, pois infelizmente não poderíamos deixar de ser apanhados por tão vasta engrenagem ainda que, graças a Deus, muito mais moderada e discretamente do que noutros países, certa mocidade progressivamente se diminui e estiola num crepúsculo prematuro e vive na promiscuidade e indigência, despresivelmente suja, alimentada a L. S. D. e embalada por doutrinas dissolventes, buscando na droga os estímulos de que necessita para o amor sem barreiras e para viver uma vida sem ideias nem ideais.
No mundo comunista, e designadamente na China, uma juventude bastante fanatizada noutro sentido, ainda observa uma vida espartana, robustece-se física e moralmente, norteada por princípios que condenamos por contrários ao sentido moral que temos da vida, mas aos quais muito apraz um Ocidente narcotizado por drogas e tendências desmoralizadoras, situação que de bom grado ajudará a manter e a expandir-se.
Poderia ou deveria talvez tirar conclusões, mas afigura-se-me que se torna desnecessário...
Todos lemos ou ouvimos dizer da acção da droga no Vietname sobre os militares americanos, utilizando os meios mais subtis e atraentes para minar o seu moral.
O problema teve grande acuidade, pois já vi escrito num livro americano que três quartas partes das tropas combatentes se drogavam, principalmente com marijuana. O célebre morticínio de My Lai não deixou de ser explorado como resultado da droga. Nos Estados Unidos da América, além da legislação federal cuja lei principal emanada do Congresso é de 1970, cada ramo das forças armadas tem a sua própria legislação, aplicável ao pessoal militar e da reserva e em parte aos funcionários civis que os servem. Além de testes periódicos, à responsabilidade nos vários níveis hierárquicos, a programas de educação e doutrinação até à retenção no serviço de pessoal envolvido no uso de drogas, reabilitação, etc., tudo é considerado. É este aspecto que, ao usar da palavra sobre a matéria do aviso prévio, me preocupa mais que nenhum outro.
Refiro-me às repercussões que a drogagem da juventude ou outros vícios e as desgraças do seu hábito resultantes podem ter sobre as instituições militares. Devemos considerá-las mesmo problema extremamente delicado, porque serão os militares que depois não estarão moralizados para enfrentar as viris lutas em que tenham de intervir para defender a Pátria, por melhores que sejam os planos de defesa e mais copiosos os meios materiais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No nosso caso, perante a situação que nos forçam a enfrentar em África, é lícito e humano estar inquieto. O homem foi, é, e será eternamente o elemento mais valioso para ganhar guerras, seja qual for o seu tipo, pelo que o seu moral terá de ser sempre muito elevado e mais vincados ainda os seus sentimentos patrióticos. O culto do de-