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3 DE MARÇO DE 1973 4725

As informações que obtém transmite-as às polícias nacionais e fixa-se sobretudo na descoberta dos centros de abastecimento e revenda de drogas e no desvio de medicamentos para fins ilícitos. Fornece fundos aos serviços de repressão dos diversos países para retribuir os informadores. Mas é ainda enorme a diferença entre o que se apreende e o total que se vende.
Não quero terminar esta intervenção sem trazer-vos acerca da droga o testemunho da Igreja Mater et Magistra. Ao receber recentemente um grupo de pessoas que se ocupem da prevenção antidroga, em Itália, nas escolas das regiões de Lazio e de Campania, Paulo VI depois de lembrar que no âmbito da pesquisa científica já surgiu a hipótese de que algumas drogas possam deixar vestígios dolorosos até nos filhos, fez, entre outras, estas afirmações:

[...] se o fenómeno não for de qualquer modo detido, acabará bem cedo por ter funestas consequências na comunidade humana, quando as novas gerações, fatalmente perturbadas nos seus ideais e nas suas energias, se encontrarem, por sua vez, em lugares de responsabilidade.

Quanto às causas:

Parece que as causas mais verdadeiras se devem procurar no descontentamento e na falta de confiança dos jovens em relação à geração adulta, acusada de se permitir coisas que a eles proíbe (cf. "proibido aos menores") e de promover falsos valores, incoerências de vida, exclusivas preocupações de ganho, tolerância e insensibilidade perante o próprio hedonismo e perante as injustiças para com os outros. Nestas condições de aborrecimento, na impossibilidade de mudarem sozinhos o sistema, talvez depois de terem procurado o diálogo e respostas no âmbito familiar, escolheram a fuga e a evasão de tudo, procuraram grupos em que se pudessem reconhecer a si mesmos e aos quais pudessem pertencer. E é ali que facilmente se encontram com a droga, erigida como símbolo de recusa, usada como factor de compensação e instrumento de camaradagem. Este fenómeno de isolamento é acelerado por uma boa dose de curiosidade e de exibicionismo.
Talvez se tenha errado ao organizar o diálogo entre pais e filhos no período da adolescência. Talvez os pais não tenham sabido oferecer aos filhos a possibilidade de proporem perguntas com franca e serena liberdade, e não lhes tenham apresentado as suas propostas moralmente tonificantes, defendendo-se, algumas vezes, do colóquio moral, como se tivessem sido agredidos.

E referindo-se aos traficantes, acrescenta:

São eles os primeiros responsáveis das centenas de milhares de existências que se encontram irremediavelmente minadas.

Quanto aos jovens vítimas da droga, diz-nos Paulo VI:
Eles, em consequência da droga, estão-se a empobrecer cada vez mais, quanto a ideias e a energias; a sua atitude limita-se a uma crítica hostil e inerte, dirigida contra uma sociedade que, já por si mesma, deveria considerar-se doente; eles encontram-se na impossibilidade de propor alternativas e remédios. Trata-se, portanto, de uma desaprovação sórdida e quase cruel, de que, certamente, a comunidade não pode esperar nada de construtivo.
Nenhum destes jovens drogados, de facto, parece ter podido sair das suas experiências alucinantes fortificado nos ideiais de bem, enriquecido de programas como, por exemplo, contra a miséria e a fome. Nenhum deles partiu para o Terceiro Mundo a fim de se consagrar totalmente àqueles povos necessitados; nunca se encontraram jovens que usam a droga ao lado dos que sofrem de convulsões, dos atrasados físicos ou mentais, dos anciãos, em generosa oferta de assistência e de conforto.
A este propósito, é bastante significativo o confronto com outra categoria de jovens: a dos ricos em ideais espirituais e humanos, os quais, justamente porque desejam corrigir os erros e as injustiças da comunidade, na qual se encontram integrados como partes responsáveis, sentem a necessidade de possuir metas claras, ideais de compreensão e de empenho; a sua crítica é construtiva, feita de propostas e de esforços pessoais. Entre eles, a droga dificilmente consegue introduzir-se.

Sr. Presidente: Uma leve nota sobre o valor e o significado da arte psicadélica, tema curioso que outros poderão desenvolver.
Podem os alucinogénios em si próprios pelo amortecimento da consciência e a excitação patológica da imaginação ser origem de criação artística?
Parece que não. É o artista, e não o produto químico, que fornece a inteligência, a sensibilidade, a imaginação ou o talento. Não é a droga e o seu "miserável milagre" (Michaux) que lhes dá o génio, diz-nos Chuchard.
Quem não for artista pode tomar os alucinogéneos que quiser, porque continua a não sê-lo.
E a experiência não está isenta de todos os perigos que a droga oferece.
Por outro lado, como uma grande percentagem de drogados são psicopatas, haveria que estudar-se o parentesco da arte psicadélica com a arte dos esquizofrénicos e outros doentes mentais.
Chuchard diz-nos ainda que não deixa de haver uma diferença de natureza entre a pseudocriatividade da submissão ao inconsciente, e a verdadeira criatividade do domínio deste inconsciente.
E em Portugal?
Refiro-me exclusivamente à metrópole, por desconhecer as incidências que suponho variáveis de província para província ultramarina.
Na metrópole, felizmente, é limitado ainda o consumo de drogas. Como já disse, estamos a tempo de cuidar da profilaxia desta doença de civilização, sem uma propaganda muito generalizada que estimule a curiosidade. Há que dar meios em quadros de pessoal, de verbas e de actuação à Polícia Judiciária, a quem por lei compete o exclusivo na prevenção e repressão do uso de estupefacientes no nosso país.
Na fase actual, interessa o alargamento da rede policial preventiva, sobretudo aos centros de turismo, portos, aeroportos e locais de divertimento onde, a