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4830 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 239

as típicas touradas à portuguesa, que, pelo seu ineditismo em terras africanas, são muito apreciadas, sobretudo pelos estrangeiros. Não podemos também esquecer a necessidade de se organizar uma verdadeira indústria artesanal, pois que Moçambique é possuidora de um artesanato variado e rico que merece ser habilmente aproveitado.

O Sr. Alberto de Alarcâo: - Muito bem!

O Orador: - Mas tudo isto está ainda aquém do muito que há a fazer no sector turístico por toda a província.
É que não se pode confinar o turismo apenas às principais cidades de Lourenço Marques e Beira e às suas praias.
Há que estendê-lo a toda a província, onde não faltam os mais variados motivos, que vão desde o interesse histórico da formosa ilha de Moçambique, com as suas antigas fortalezas, vetustos monumentos, igrejas e palácios a recordarem todo um passado que importa conhecer e divulgar, até às terras do interior, onde os variados aspectos da flora e da fauna africanas seduzem e encantam o turista.
O Parque Nacional da Gorongoza, a 146 km da Beira e a 221 km da fronteira da Rodésia, por estrada, e onde abundam praticamente todos os animais da selva africana, é bem o exemplo de quanto as regiões do interior podem ser aproveitadas pelo turismo a nível internacional.
Também ao longo de toda a costa moçambicana existem zonas privilegiadas de grande interesse turístico que merecem ser mais bem aproveitadas e para as quais se torna necessário criar acessos. Praias há, como a da Maçaneta, Pomene Zavala e outras, de uma beleza extraordinária, mas pouco conhecidas ou frequentadas, por falta não só de hotéis, mas também de fáceis comunicações. Este é um dos pontos nevrálgicos na estrutura turística de Moçambique.
Embora ultimamente se tenha dado um grande impulso no sector das comunicações, quer aéreas, quer terrestres, o esforço que urge fazer-se, sobretudo na construção de estradas, é ainda enorme, pois nos deixámos atrasar neste campo. E sem boas estradas não pode haver turismo. Na verdade, ainda que o turista se decida a visitar alguma praia, aliciado pela propaganda das suas belezas, não raras vezes a dificuldade do acesso e a fraqueza das instalações hoteleiras decepcionam-no a tal ponto que não voltará lá mais. É o que tem acontecido mesmo em praias de certo nome, com más estradas e onde as instalações hoteleiras, geralmente fracas, estão entregues a particulares cheios de boa vontade, é certo, mas sem conhecimentos técnicos e administrativos dessa indústria.
O Estado de Moçambique tem hoje, porém, todas as capitais de distrito ligadas por avião. Como se sabe, é este actualmente o meio de transporte mais utilizado pelos turistas, pela sua rapidez, o que mais se compreende quando se trata de grandes distâncias e vastos territórios.
Julgo que será de se pensar a sério em organizações de turismo que estendessem a sua acção mais amplamente aos mercados internacionais, para além dos da África Austral, considerados, antes, regionais, de modo que, aproveitando-se a frota aérea da província com os seus confortáveis aviões, alguns deles
a jacto, se levassem os turistas a percorrer e visitar as zonas de maior interesse turístico.
Há não só que preparar as infra-estruturas para tal, mas também os meios para uma eficaz propaganda no exterior.
Entretanto, a companhia aérea interna de Moçambique, a DETA, iniciou já viagens especiais, a preço reduzido, circuitos IT, para quem pretenda viajar pela província.
Seria de desejar que em ligação com a TAP, e, sobretudo, agora que se prevêem carreiras de aviões de maior capacidade, se acentuasse o intercâmbio turístico com a metrópole, mas, para tal, torna-se necessário viagens a preço mais acessível.

O Sr. Roboredo e Silva: - V. Exa. dá-me licença?

A Oradora: - Faz favor.

O Sr. Roboredo e Silva: - Tenho seguido com muita atenção a magnífica exposição que V. Exa. está a fazer a respeito da evolução da indústria do turismo em Moçambique. Tenho, porém, presente que na Rodésia e na Suazilândia, pelo menos tanto quanto sei, há zonas oficiais de jogo que atraem imensos turistas, que, por virtude de não termos jogo na nossa província, não vão a Moçambique, Limitando-se a visitar a Rodésia e a Suazilândia. Considerará V. Exa. que, para dar um grande impulso ao turismo em Moçambique, aliás, como diz, já tradicional, a criação de zonas de jogo não estaria indicada?

A Oradora: - V. Exa. põe-me uma pergunta que eu tenho uma certa dificuldade em responder. Digo isto porque considero que o jogo é um vício e, realmente, nesse aspecto, não sou muito partidária do jogo. Mas, encarado sob o ponto de vista turístico, concordo plenamente com V. Exa., visto que, além de se evitar o jogo clandestino, que existe, levaria os turistas a deixarem na província as divisas que vão deixar, por exemplo, à Suazilândia, onde existe um casino com jogo. O que acho é que o jogo devia ser rigorosamente fiscalizado, adoptando-se o critério que existe aqui na metrópole para as zonas de jogo como o Estoril.

O Sr. Roboredo e Silva: - Mas necessariamente eu nunca poderia admitir a criação de uma zona de jogo se não fosse rigorosamente regulamentada, pelo menos da forma como o é aqui no continente e como é noutros países onde existe jogo. Levanto a questão porque seria fundamentalmente para atrair estrangeiros e homens ricos. V. Exa. considera o jogo um vício, eu também. Mas necessariamente só quem tem dinheiro é que pode ter vícios e quem não tem dinheiro não os pôde ter. Devida e severamente regulamentado, tal como aqui no continente, repito - para não ir mais longe -, penso que seria mais uma atracção para o turista.
É assim que eu ponho a questão, mas V. Exa. ajuizará.

A Oradora: - Eu já expressei a minha opinião de que realmente seria um motivo de atracção turística, pelas fortes razões que disse, visto que ali ao lado há a Suazilândia que tem realmente um casino integrado num hotel, o Hotel-Casino da Suazilândia, aonde acorrem muitos turistas.