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4828 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 239

tema do turismo, circunscrevendo-o, porém, às províncias ultramarinas.
Como representante nesta Assembleia de uma província ultramarina onde a indústria do turismo tem longa tradição e é uma das principais fontes da sua economia, não quero deixar de dar o meu apoio a este debate, com algumas considerações que se me oferecem sobre o turismo, particularmente em Moçambique, começando por felicitar o Deputado avisante pelo seu bem elaborado trabalho.
Sr. Presidente: O turismo, considerado, modernamente, uma indústria, e das mais rentáveis, tem sobre as outras a vantagem de poder utilizar gratuita e livremente as belas dádivas da Natureza: o sol, o mar, as praias, as montanhas, os rios, os lagos, as florestas, &além da calma e do ar puro que o homem de hoje tão avidamente procura gozar e sorver, longe do bulício e da poluição das grandes cidades.
Por outro lado, baseia-se esta indústria, geralmente, em infra-estruturas que servem também outros fins, como é o caso das rodovias e dos transportes, ainda que, algumas vezes, seja o próprio turismo a estimular e a impulsionar a sua construção.
Quanto à mão-de-obra empregada, embora deva ser profissionalmente qualificada, ela é muito menos cara do que a utilizada pelas grandes indústrias que requerem técnicos especializados com longos e aturados estudos.
Por tudo isto, se pode considerar o turismo uma indústria que, mais do que qualquer outra, depende, e muito, da iniciativa dos homens, da sua perspicácia, do seu poder de concepção e administração, do seu gosto e entusiasmo.
Saber tirar o melhor proveito do que a Natureza pôs à disposição dos homens, conjugar a beleza natural com a arte e a obra humana, aproveitar um pequeno porto, uma barragem, um lago, uma cascata, extensas planuras ou altas montanhas, um monumento, um velho castelo, ou uma mata tropical com as suas típicas sanzalas, e a própria cultura ou tradição popular, para os transformar em centros de atracção turística, é um trabalho que requer, para além da indispensável parte material, muita sensibilidade e um forte poder de realização, qualidades que não deverão faltar a quem tenha de conceber e executar planos de desenvolvimento turístico.
Não quero com isto dizer que não se necessite de avultadas somas, sobretudo, de início, para o arranque, para se pôr em execução vastos e coordenados planos de um sério turismo, mas o que quero salientar é que, nesta particular indústria, os instrumentos materiais, em dinheiro ou técnica, perder-se-ão ou gastar-se-ão inutilmente se não houver o verdadeiro sentido de um cuidadoso e planificado aproveitamento das belezas naturais e também das que o homem concebeu com a sua inteligência e espírito criador.
Mas, para além disso, há toda uma série de factores que estão na base do desenvolvimento da indústria turística. Entre eles se contam as leis apropriadas e actualizadas, os estímulos em créditos ou subsídios a quem deseje lançar-se em empreendimentos turísticos, a rapidez das decisões, evitando-se burocracias emperrantes ou demoras escusadas, os quadros de pessoal adequado às múltiplas tarefas, em qualidade e quantidade, as redes hoteleiras extensas e bem apetrechadas, o conhecimento exacto da natureza do turismo mais necessário e apropriado ao país ou à região, e, ainda e sobretudo, a indispensável colaboração e coordenação dos vários sectores públicos e privados ligados ao turismo ou com ele relacionados.
O turismo é, na actual vida dos povos, um dos mais activos propulsores do seu desenvolvimento económico e social. Por isso, os governos dos países se interessam vivamente em desenvolvê-lo nas suas várias modalidades, em que o turismo externo, como fonte de divisas, ocupa lugar proeminente. Na verdade, este, como uma verdadeira indústria de exportação, é o que mais contribui para o rendimento nacional, e é por isso que para ele se dirigem as principais iniciativas, relegando-se muitas vezes para segundo plano o turismo interno, que, contudo, não deixa de ter o seu interesse, não só no aspecto económico, mas também no social.

O Sr. Alberto de Alarcão: - Muito bem!

O Orador: - É que o turismo não serve apenas objectivos materiais, ele abrange também aspectos humanos e sociais, que não podemos esquecer ou menosprezar.
Com efeito, contribui para que os diferentes povos e países se aproximem e se conheçam melhor, através do fluxo recíproco de turistas e do seu contacto com as variadas populações e culturas.
É o turismo não só fonte de aquisição de conhecimentos de vária natureza, mas também processo permanente de educação, e é através dele que se vai conhecendo e enriquecendo o património cultural da própria Humanidade.

O Sr. Ávila de Azevedo: - Muito bem!

O Orador: - Os meios de comunicação actuais, cada vez mais rápidos e aperfeiçoados, tornam o turismo aliciante e acessível.
Fazer turismo, viajar por outras regiões diferentes daquela onde vivemos, vai-se tornando, dia a dia, mais comum e fazendo parte dos hábitos e gostos do homem de hoje, que, de um momento para outro, pode decidir deslocar-se para demoradas viagens e visitas pelo Mundo.
A escolha das regiões a visitar depende não só dos interesses particulares dos indivíduos, mas também, e muito, da propaganda aliciante que lhes for oferecida, que tem de corresponder à realidade dos factos e ser autêntica, para captar um número sempre crescente de turistas.
Sr. Presidente: O turismo ocupa na economia do Estado Português de Moçambique primordial lugar na sua escala de valores. Sem estruturas eficazmente organizadas, antes bastante débeis, a indústria do turismo é, mesmo assim, uma das principais fontes de riqueza desta província ultramarina do Índico, que usufrui de mais de 500 000 turistas anuais, o que representa valor económico cimeiro na "vida do Estado, com bastantes centenas de milhares de contos em cambiais.
E, contudo, esta indústria não tem sido, até hoje, plena e eficazmente desenvolvida por falta de uma sólida estrutura e dos necessários meios materiais e humanos.
De larga tradição, o turismo em Moçambique está, porém, longe ainda de poder corresponder às exigências de um verdadeiro turismo de nível internacional,