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28 DE MARÇO DE 1973 4831

O Sr. Roboredo e Silva: - Muito obrigado.

O Sr. Castro Salazar: - V. Exa. dá-me licença?

A Oradora: - Faz favor.

O Sr. Castro Salazar: - É só para lembrar - aliás V. Exa. deve-se recordar disso - que Lourenço Marques já foi uma zona de jogo.

A Oradora: - Pois já.

O Sr. Castro Salazar: - E foi realmente um grande chamariz de turistas nos anos 30 ou até antes. Simplesmente, a partir de 1935 ou 1936, não me recordo bem, um decreto acabou com as zonas de jogo no ultramar, tanto em Macau como em Moçambique.
Era só esta achega que queria trazer.

A Oradora: - Em Macau creio que ainda existe.

O Sr. Castro Salazar: - Suponho que o decreto que acabou com as zonas de jogo no ultramar é extensivo também a Macau.

A Oradora: - Não sei, mas talvez o Sr. Deputado de Macau possa esclarecer.

O Sr. Delfino Ribeiro: - Creio haver uma certa confusão da parte do Sr. Deputado Castro Salazar. Desconheço o decreto de que fala, mas o que posso afirmar é que dispomos em Macau, não de um casino, mas de quatro.
Muito obrigado.

O Sr. Castro Salazar: - Macau é um caso especial.

O Sr. Delfino Ribeiro: - Graças a Deus!

A Oradora: - Continuando: O turismo desempenha relevante papel na aproximação e conhecimento mútuo entre as parcelas do todo nacional.
A realização de cruzeiros aéreos ou marítimos são de especial interesse para este objectivo.
Há que levar os portugueses da metrópole a conhecerem melhor o ultramar, através do contacto directo com as suas terras e gentes.
Tem havido dificuldades na realização de cruzeiros (charters) com Moçambique, o que não tem sucedido com Angola. Há que se estudar os melhores meios de aplaná-las ou superá-las, para que Moçambique possa desenvolver o seu intercâmbio turístico com a metrópole.
Urge também fomentar o turismo interno dentro da própria província, de modo que as suas populações a conheçam melhor e contactem entre si. Para tal, torna-se necessário criarem-se meios e facilidades através de toda a província, como fáceis e acessíveis transportes e uma rede hoteleira adaptada a todas as bolsas.
Não só as praias deverão merecer os cuidados turísticos, ainda que estas sejam as zonas mais procuradas, sobretudo pelos estrangeiros.
As regiões de altitude, e temos algumas delas não longe dos centros urbanos, necessitam também de ser aproveitadas. É o caso da Namaacha, situada nos montes Libombos, próximos de Lourenço Marques, com uma altitude de cerca de 600 m, estância de veraneio para a gente da cidade, que procura nela encontrar um pouco de tranquilidade e frescura, sobretudo no Verão, e que aguarda há muito que se lhe dê o impulso necessário para o desenvolvimento das suas potencialidades turísticas, que são muitas.
O Gurué, com as suas vastas plantações de chá, Milange e Vila Junqueiro, com agradáveis climas e paisagens, Vila Cabral, junto ao lago Niassa, e, como estas, tantas outras localidades através da província. A região de Vila Luísa, perto da capital e a ela ligada por uma boa estrada, banhada pelo remansoso rio Incomati, desfrutando de um belo panorama, mais não tem oferecido ao turista do que os passeios que permitem observar os abundantes e pachorrentos hipopótamos que pelo rio vagueiam.
Situada no concelho de Marracuene, esta vila, sem grandes possibilidades de desenvolvimento económico, permanece, pelos anos fora, triste a apagada, quando, pela sua proximidade e características turísticas, muito dela se poderia obter, transformando-a numa verdadeira zona de turismo.
Algumas realizações merecem, porém, ser salientadas no panorama turístico de Moçambique. Entre elas, o aproveitamento da ilha da Inhaca, não longe do continente e da capital, caracterizada pela sua riqueza biológica e pelas suas praias e pesca desportiva. Assegurada a ligação desta ilha a Lourenço Marques por meio de táxis aéreos, nela se instalou um bom hotel que já se vai tornando pequeno para a grande afluência de turistas que se faz sentir. Há que desenvolver mais amplamente os recursos turísticos desta e de outras ilhas.
Entre elas, o arquipélago de Bazaruto, constituído pelas chamadas "ilhas do Paraíso", a que já nos referimos, e onde um único hotel particular tem subsistido com muita persistência e improvisação.
O turismo, embora seja abundante fonte de receitas da província, tem vivido quase somente das iniciativas particulares e do amadorismo.
Ainda que as belezas naturais, o clima, o sol, o mar e as praias sejam elementos essenciais, eles não bastam para satisfazerem um turismo de classe.
E não se diga que há necessidade de se construírem hotéis dispendiosos e de grande luxo! Do que se necessita é de conforto, o que não significa propriamente luxo ou riqueza, mas sim bom gosto e asseio.
Há em Moçambique necessidade de uma boa rede de hotéis e de pousadas que, orientados pelos centros de turismo, tal como se tem feito na metrópole, permitam assegurar uma hospedagem confortável a quem viaje através da província. Os hotéis de luxo erguer-se-ão nas grandes cidades para os que, com maiores possibilidades monetárias, queiram usufruir de especiais comodidades. Há neste campo que coordenar as iniciativas e os esforços particulares com o auxílio e a orientação das entidades oficiais.
Embora exista desde 1959, pelo Decreto-Lei n.° 42 194, o Centro de Informação e Turismo, e o Fundo de Turismo, criado em 1967, tenha permitido