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1354 I SÉRIE-NÚMERO 40

muito mais (desnecessariamente) agravada, e, nessa óptica, a culpa não pode ser imputada à maioria parlamentar que aqui tem continuado a dar provas de que está realmente a funcionar como maioria.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Deputado, dá-me licença que o interrompa?
O Orador: - Faça favor, Sr. Deputado.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Deputado, era só para acentuar o seguinte: V. Ex.ª afirmou que a coligação que existiu, se concorrer conjuntamente, se «arrisca». Será por isso que uma parte da coligação - pelo menos, uma parte do PSD, segundo ouvimos aqui na anterior reunião plenária - já prenuncia que não haverá um concurso conjunto? É para não correrem o risco?

O Orador: - O Sr. Deputado há-de concordar consigo mesmo, que fez a pergunta e deu a resposta. Quando eu disse «se arrisca» é uma expressão como outra qualquer, mas o que vai ou não vai acontecer à Aliança Democrática é um assunto que internamente os partidos que a integram hão-de discutir e oportunamente o País saberá se a Aliança Democrática vai ou não vai subsistir.
O facto de o Sr. Deputado e alguns outros senhores deputados terem invocado aqui o depoimento isolado de um colega meu de bancada, isso não significa que, primeiro, tenha de ser eu a responder por ele, e que, segundo, tenha de ser eu a responder, em nome do partido, por afirmações que qualquer deputado, que faz parte de um partido democrático, exprima livremente, por opiniões que muito bem entenda fazer sobre a conjuntura.

O Sr. Armando de Oliveira (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Relativamente à questão que o Sr. Deputado Magalhães Mota me colocou, devo dizer-lhe o seguinte: é evidente que as condições para enfrentarem as dificuldades económicas, designadamente em termos de crédito externo, são, natural e decisivamente, influenciadas pelo simples anúncio da dissolução da Assembleia. Certamente que concordará com isto!

O Sr. Vilhena de Carvalho (ASDI): - A pergunta é outra!

O Orador: - Quando eu falo em circuntanciais dirigentes, falo em todos os dirigentes políticos sem estar a pensar em ninguém em concreto. Se nós considerarmos os partidos como instituições - os tais partidos concretos, reais, efectivos-, qualquer dirigente, por muito incontestado que seja, por muito carismático que seja, é sempre, em qualquer órgão de soberania ou nos partidos que integram, por exemplo, este Parlamento, circunstancial. Acerca disso não tenho dúvidas e suponho que também nesta óptica esclareci completamente V. Ex.»
Se o Partido Social-Democrata tem ou não tem, acerca da subsistência da Aliança Democrática, concepções diferentes das nossas, isso é um direito que igualmente lhe assiste, porquanto os senhores integraram inicialmente uma coligação e tiveram nela e acerca dela as
ideias e as opiniões que muito bem acharam ter em cada momento. O mesmo se passará naturalmente em relação anos.
O Sr. Deputado Sousa Tavares pergunta-me se o facto de nós termos estado com outro partido no Governo não permite que agora possamos reassumir - se bem percebi - a nossa ideologia original. Com certeza que sim, Sr. Deputado, mas o que eu quis dizer na minha intervenção foi que, como é público e notório em várias entrevistas vindas a lume acerca do que será socialismo democrático e social-democracia (que, segundo percebi, parecem coincidir na opinião de um ilustre dirigente de um outro partido onde se nega o colectivismo e o estatismo), em vésperas de eleições, embora isso seja um pleno direito, alguns partidos estão a reformular a sua doutrina e a sua ideologia e nós, pelo contrário, mantemos a nossa ideologia e a nossa doutrina sem precisar de a «retocar» para o próximo acto eleitoral, quer tenhamos que ir sozinhos, quer tenhamos de ir em coligação.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - Quem sufocou a Aliança Democrática foi o brilho exuberante do Sr. Deputado António Vitorino.

Risos.

O Sr. António Vitorino (UEDS): - Não apoiado!

O Orador: - Não é disso, Sr. Deputado, que se trata. A Aliança Democrática, embora haja quem diga que morreu, ainda está viva, existe, neste momento está aqui.

Risos e protestos do PS.

Se é aquela que estava aqui inicialmente... bem, se nós a compararmos com a FRS creio que estamos mais vivos que os senhores.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Isso é verdade!

Aplausos do CDS, do PPM e de alguns deputados do PSD.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Presidente, peço a palavra para protestar.

O Sr. Presidente: - Faça favor, Sr. Deputado. Inscreveram-se, pelo mesmo motivo, os Srs. Deputados António Vitorino e Mário Tomé.

O Sr. Sousa Tavares (PSD): - Sr. Deputado Martins Canaverde, agradeço a gentileza da sua resposta e a forma como foi dada, mas, simplesmente, não respondeu a nada.
O Sr. Deputado insinuou na sua intervenção que um partido está a rever a sua ideologia. Ora um partido pode estar a rever a sua táctica, pode, inclusivamente, estar a rever a sua estratégia, sem rever a sua ideologia.
A ideologia do Partido Social-Democrata é sempre social-democrata e, portanto, ele pode neste momento buscar uma estratégia e uma táctica mais adequadas à sua própria ideologia, não sendo, por isso, de uma revisão de ideologia que se trata, mas sim de uma revisão de táctica, de uma revisão de direcção, de uma revisão de estratégia. Nunca será uma revisão de ideologia!